Os emotivos e a volta à escola...
Na volta às aulas fiquei sabendo que minha neta, ao chegar ao colégio, disparou a chorar. Talvez pela mudança do estabelecimento escolar, diferente do anterior, e também por não ter a presença dos colegas que a acompanharam por vários anos, pois desde a pré-escola sempre estudou no mesmo lugar.
Ela também me contou que, depois de ser atendida pela recepção do colégio e ter conhecido suas dependências, ficou deslumbrada por achar muito bem cuidado e tudo muito bonito. Disse ainda que já começara a fazer novos coleguinhas. Mas a emoção momentânea passou e ela pôde seguir normalmente o curso das aulas.
Eu também me lembrei, momentaneamente, que me emocionei pelo acontecimento, principalmente porque, no início da década de 80, ao levar meu filho mais velho ao mesmo colégio, ele já foi se encaminhando e procurando onde era sua sala. Como faço de costume, cumprimentei os professores e a diretoria que me mostraram o todo o estabelecimento, a secretaria, as salas de aula e a quadra de esportes. No item dos equipamentos das salas de aula, como as carteiras, os vitrôs, as janelas e a conservação, já reprovei direto. Havia sinais de escorrimento de água nas paredes de algumas salas, as carteiras estavam todas riscadas e com nomes gravados e os sinais de má conservação eram evidentes, também com a iluminação a desejar. Confesso que também voltei chorando e emocionado.
Não sei se meu filho também não fez como minha neta nas emoções iniciais. Ele havia estudado em uma escola de alto padrão no centro da cidade desde a pré-infância. A escolha por aquele colégio havia sido dele próprio o que vinha coadunar com nossos parâmetros financeiros devido à família numerosa e também à qualidade do ensino daquela escola com professores de alto padrão. Comecei então a escrever alguns textos sobre a qualidade das instalações daquele colégio. Falar em instituições que frequento e, por fim, “botar a boca no trombone”.
Não sei se minha inquietação valeu ou contribuiu em parte, mas só sei que logo começaram a surgir movimentos pela reforma do colégio. Políticos candidatos ao legislativo estadual em viagens a Belo Horizonte conseguiram verbas e o colégio hoje é de alto padrão.
Quiçá minha insistência tenha sido um grão de areia no universo das reivindicações da comunidade pela melhoria do colégio.
José Pedroso
14/02/2010