PENSAMENTO DE ADRIAN ROGERS (continuação)

Continuação...

Para um leigo, que nunca ouvira falar em direita e esquerda, querendo assim qualificar politicamente os ricos e os pobres, ou seja, capitalismo e socialismo, ao ler o pensamento em questão, há de concordar com seus termos em gênero e número. A gente mesmo, não lhe lendo nas entrelinhas as armadilhas e artimanhas inseridas, terá impressão parecida. Conforme diz um dito popular, não adianta desvestir um santo para vestir o outro. Conforme reza o texto, não é válido tirar o salário de um para sustentar a um segundo. Realmente, atendo-se pura e simplesmente ao que está escrito, chega-se à conclusão de que é escuso bancar o Robin Hood, tal qual o pintam no filme, isto é, tirar dos ricos para dar aos pobres. Isto, em última análise, seria realizar um feito tão depravado e mentecapto quanto o é o pensamento e a ação dos que o trouxeram à baila para confundir mentes bucólicas e mal politizadas.

Examinado à luz da razão, quem sabe, em seu país de origem seja realmente a prática em voga. A discriminação nos EEUU não fica somente por conta das pessoas de pele negra de todas as classes sociais, mas se estende, também, aos brancos pobres. Uma prova disso está no fato de, somente agora, certamente sob pressão, com a eleição do presidente Obama está sendo feito algum arremedo de seguridade com vistas à saúde, extensiva a todas as classes sociais. No Brasil, porém, o sentido humanitário da pessoa humana é outro. Desde o tempo de Getúlio Vargas, que, sendo ditador, instituiu as “caixinhas de previdência”, inicialmente para cada classe trabalhadora, evidenciando, assim, sua preocupação com as classes menos favorecidas, no que foi seguido pelos demais presidentes. Como tudo evolui em solo brasileiro, as tendências foram se evidenciando e foram criados órgãos próprios para cuidar de cada setor desse espírito humanitário, cuja semente foi plantada pelo referido político Getúlio Vargas, um Estadista que, com seus erros e acertos (maiores estes do que aqueles) tornou-se o homem/referência, jamais esquecido por brasileiro algum.

Se a tendência é a evolução, esta tem que ser homogênea. Não há evolução possível se o caráter das pessoas que a produzem não evolui junto com o capital. Pois para haver progresso, este não parte somente do capital. Há de ter braços fortes que construam os empreendimentos financiados. E é nesse ponto que entram os detentores dos valores que financiam o próprio capital. Pois vejamos: os Governos não são donos do PIB. Quem o produz é o próprio capital empregado, através das mãos e braços que o manipulam, pois, parado, nada produz. Por favor, se estiver errado, alertem-me, pois nada li – nadica de nada mesmo – nem sequer lhes sei os nomes, mas sei que os há muitos, de outros pensadores e/ou filósofos que tratam e trataram do assunto. O que escrevo é aquilo que me dita a razão. Continuando no desenvolvimento do meu pensamento, tenho certeza absoluta que poderia se ter maior harmonia, segurança e fé na vida nos lares brasileiros, quanto à sobrevivência e seu crescimento. Para isso os detentores dos grandes capitais e, consequentemente, de maiores e mais altas contas bancárias – os ricos – deveriam usar parte dos seus exorbitantes lucros para ampliar seus ramos de negócio, dando guarida a braços ociosos e estômagos famintos. Ao contrário das expectativas de menores lucros, numa lógica aceitável, esses cresceriam porque os negócios ampliariam o leque de expansão do produto auferido e abrir-se-ia sempre maior espaço para novos empregos, equilibrando a absorção do crescimento demográfico do país.

O pensamento de Adrian Rogers faz também alusão à inércia dos trabalhadores que, vendo-se amparados pelo Governo, logo metade da população ficaria atirada nas cordas, esperando que a outra metade a sustente. A grande imbecilidade dessa lógica está exatamente na falta de interesse do capitalismo, em sobrecarregando uns poucos, a quem pagam minguados salários, deixam larga fatia dos laborativamente ativos de fora do mercado. Como consequência, o lucro do capital empregado aumenta em relação direta com os operários que deixaram de conseguir seu emprego e com ele sustentar a família e mandar seus filhos à escola. Novamente a usura e o orgulho do “ter mais” está impelindo os já ricos às grandes fortunas, em detrimento aos pobres, que nem têm o que comer.

Isto sugere a ação do Governo. Fala-se tanto e é por tantos criticado a doação que o Lula dá em forma de “Bolsa Família”. Isto é a pura e simples redistribuição da renda, que os empresários deveriam fazer em forma de abertura de novos empregos. Isto é a ação social que o Governo se obriga a executar, enquanto não são abertas as vagas no trabalho, oficializando para esse chefe de família um serviço digno e amparado pela lei. Quem prestou atenção no que foi veiculado pelos canais da mídia dias atrás, sabe que as bolsas “família” serão extintas ao passo que o chefe dessa família conseguir emprego fixo.

Não tenho partido político e, se fosse pelo que eu penso, ninguém estaria filiado a algum deles. Não me sentiria bem com minha vontade presa a uma ideologia que nem sempre cumpre o que reza sua cartilha e, necessariamente, instala o fanatismo nos seus filiados... e fanatismo é igualzinha ao dinheiro: sempre quem tem mais é o melhor, na opinião de cada um, deixe-se claro. Por isso nunca me filiei a partido algum. Posso, portanto, opinar livremente sobre todos, sem preferir nenhum. Já perdi emprego em 1964 porque não assinei ficha com a arena. Mas isso não impediu que eu trabalhasse e ganhasse o precioso pão nosso de cada dia. Portanto sinto-me livre para opinar contra ou a favor de quem eu entender que deva e quando o deva fazer.

Outra coisa que não me desce no gorgomilo é a demora que vai se arrastando por mais de século na realização da reforma agrária. Um romance da minha lavra e que recebeu o título de “A Favela Encantada”, mas, que era para chamar-se “Reforma Agrária feita por Governo algum”, trata do assunto. Aliás, gera em seu bojo um protótipo de uma reforma agrária que deu certo. Há necessidade premente que ela seja efetivada. Em larga escala ela está relacionada diretamente com todas as causas e efeitos que se criam em torno da falta de vagas para o trabalho. No campo, porque há leis específicas que deturpam a atividade e o Brasil, tomado pelos latifúndios, por estes não são empregam os que só sabem trabalhar a terra. Nas cidades, porque o minifúndio perde espaço para aqueles, gera o êxodo rural e não há emprego para os que só aprenderam ser mestres na roça. Novamente a ganância dos capitalistas entrava o progresso de um país que por seu tamanho continental, deveria ser um dos maiores fornecedores de produtos agrícolas, enquanto minifundiários produzindo o alimento do povo da cidade. Divisas para a Nação são necessárias e bem-vindas, mas, quando essa é a intenção primeira de alguns latifundiários e nunca o “ter” como monopólio dos bens de raiz.

Por isso condeno a não firmeza da mão do atual Governo; a precaução ou medo de enfrentar os políticos oposicionistas, que sempre têm alguns apadrinhados que são latifundiários, lícitos ou não, para votar uma reforma agrária radical no Brasil, sanando esse problema.

Quem se preocupa com o social é socialista, não comunista, como erroneamente foi afirmado e visto nos tempos da ditadura. O mal dos capitalistas é o fato de que ainda usam os argumentos do regime militar, seja por maldade, pirraça ou medo de perder as eleições, para espalhar milhares de mentirosas ofensas e desclassificadas insinuações sobre os governantes, principalmente o Presidente Lula e a candidata Dilma Roussef. Querem com essas injúrias e maledicências lançar a dúvida nas mentes menos avisados e que, historicamente, têm memória curta. Sabe-se que essas injúrias são lançadas nos ventiladores da internet para espalhar fezes de língua aos quatro ventos. Depois desses ataques à moral e à política de boa vizinhança dos atuais governantes, certamente vêm os “convencimentos” concretos, corpo a corpo, parecidos com os que os portugueses usaram para tornar-se “amigos” dos povos indígenas que encontraram nesta rica terra “descoberta”.

Os olhos do mundo estão sobre o Brasil. Por quê? Porque pela primeira vez um homem saído do povão está liderando no Brasil – e com 84% de aprovação – e sua liderança se estende sobre o mundo inteiro. E não é gratuita essa liderança. Ela se dá, haja vista suas falas nos palcos dos países de liderança mundial do G-7, adquirida pelo poder do dinheiro, com altos quilates de convencimento dos mesmos no sentido da ajuda aos países emergentes. Pode o Sr. Luis Inácio Lula da Silva não ter grandes estudos, mas, existem sabedorias que não se aprende com os estudos acadêmicos. São as sabedorias de que a alma já vem impregnada ao nascer, trazidas de outras vidas.

Pode o leitor comprovar em todos os sentidos que, quanto à ação social exercida, esta foi justa e necessária no momento atual, enquanto não se acordarem os detentores dos grandes capitais para corrigir seus erros; erros esses que vêm sendo cometidos mandato após mandato. Por mais estudados que tenham sido os Presidentes anteriores, nenhum – mas nenhum mesmo – seja de direita ou de esquerda, foi tão eficiente em prol da pobreza quanto este. Sua ação social empolgou os experts do mundo; sua preocupação em prol da educação em todos os níveis e em todo o país tem destaque estatístico no Brasil e no exterior.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 15/02/2010
Código do texto: T2088243
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