NOVELA E POESIA
NOVELA & POESIA
Cada qual gosta ou deixa de gostar de novelas. Cada qual gosta – os aficionados – de certo enredo e de determinado estilo que o autor imprime em seus enredos novelísticos. Depende muito da alma romântica ou aventureira de quem se toma o tempo para deleitar-se com elas. É prazeroso avaliar os atores de ponta que despontam de geração em geração. No Brasil tem-nos ótimos, os já consagrados como Tarcisio Meira, Francisco Cuocco, Suzana Vieira e muitos mais que trazem do passado sua experiência e seu talento. Os novos atores e atrizes mostram muita personalidade e talento, como tem os recém saídos da “forma” que têm exemplos a seguir e trazem a representação teatral nas veias, mostrando ao tele-novelista que a safra brasileira de atores é contínua. É muito bom também que se renove a safra de escritores competentes e criativos. Pena é que, na realidade atual, nem sempre agradam e vão de encontro a todos os gostos.
Embora pense que as duas últimas – A Lua Me Disse e América – não são do meu gosto pessoal visto achar nelas maus exemplos que seduzem as mentes tacanhas, embora haja nelas pontos relevantes que, em sendo seguidos e/ou analisados, são “veramente” instrutivos. Geralmente a abertura, os interstícios e o fechamento deixam a desejar, apresentando motivos fúteis que não coadunam com os parâmetros artísticos a que se propõe, isso visto pelos penitentes expectadores. Nestes, os que têm tino voltado às letras, surgem sempre novas ideias que não ocorreram ao autor e ao diretor de tais espetáculos; ou que não foram possíveis reproduzir. Assim como para a execução de uma partida de futebol da seleção há milhões de técnicos que “sabem” o ofício melhor do que o Parreira/Zagallo/Dunga, assim também existem milhões de aficionados das tele-novelas que as apresentariam melhor do que ela está em seu vídeo. Mas deixemos isso por conta da matéria que sempre está em contraposição do espírito.
Há, porém, uma novela recente – ALMA GÊMEA – cujos motivos de apresentação da imagem gráfica enche os olhos de qualquer amante da boa poesia. O enredo é comum a todos os temas já por milhares de vezes apresentados na literatura e na tela, com suas vontades casamenteiras; com suas intrigas para conseguir “conquistar” a atenção da pessoa, objeto desse desejo e todo um aparato de conquistas e de esquivos pertinente. O que me prende e me deleita é o pujante viço da abertura e dos intervalos, em que a natureza e a ciência reproduzem o desabrochar de duas rosas que se fundem em uma única flor em frações de segundos. Esse artifício traduz com eloqüência poética a “gemilidade” das duas almas que se procuram através dos tempos. Quem assim o entender, preste a devida atenção. Isto é a poesia mais pura que encontramos em cada flor da natureza, representada em gráficos que dispensam que o poeta a escreva.