O RISCO DO LUCRO FÁCIL
Nós estamos vivendo a era do imediatismo, onde se
busca tirar vantagem em tudo. O homem de negócio, movido pela ganância, pela incessante busca do poder,
procura desesperadamente, aumentar o seu capital, a sua riqueza em detrimento da pobreza e da exclusão da classe trabalhadora. Digo isso baseado no que vejo acontecer com as empresas do ramo da radiodifusão na Brasil. As emissoras de rádios são submetidas ao sistema de arrendamento, para que seus proprietários tenham lucro fácil, sem ter que gastar com salários de funcionários e encargos sociais. Mas, é aí que o feitiço vira-se contra o feiticeiro. as emissoras são arrendadas por uma quantia fixa por mês, isso parece ser muito cômodo para seus respectivos donos, mas em contrapartida, as emissoras perdem suas identidades, seus profissionais de peso e, o pior, perdem o de mais essencial, perdem a audiência, que nunca mais será recuperada.
Dito isso, vale lembrar, que em cerca de 60% (estou chutando), dos contratos de arrendamentos não são cumpridos pelos arrendatários. Diante de tais fatos, os donos das emissoras têm o dissabor de receber, de volta, o comando de suas emissoras, dilapidadas, sucateadas e em petição de miséria. Tive a oportunidade de fazer uma visita a uma emissora do interior de São Paulo, e, o proprietário de tal emissora, lamentoso, mostrou-me o que sobrou de sua emissora depois de um desses malfadados arrendamentos: microfones quebrados, mesas de som queimadas e, transmissores sucateados. Conheço caso, em que o proprietário da emissora, além de não receber o numerário conforme o combinado com o locatário, teve de volta sua emissora, fora do ar, pois o transmissor e os radiais da torre de transmissão haviam sido roubados.
Outra coisa lamentável e inconcebível, é os diretores das emissoras comerciais mandarem embora profissionais capacitados, credenciados pela DRT (delegacia regional do trabalho), e colocar em seus lugares, pessoas que ainda não estão habilitadas e credenciadas para exercerem tais funções. Tudo isso, no intuito de facilitar a exploração (no trabalho), daqueles que estão se iniciando na carreira de radialista. Pois estes ganham salários baixíssimos e trabalham sem registro em carteira. Enquanto que profissionais, que dedicaram metade, ou mais, de suas vidas ao trabalho de radialistas, estão desempregados, ou fazendo coisas que não são inerentes às suas profissões. Assim, conclui-se que todos saem perdendo desse jogo de explorador e explorado.
Vicente Reinaldo é radialista na função de locutor/apresentador/animador.