Os professores podem mais do que imaginam
“O professor sozinho, bem como a lousa, ou o giz, ou a carteira, ou o prédio,
não serão capazes de romper o círculo maldito de um sistema de escolha eleitoral
que só permite o retorno dos mesmos representantes de sempre,
para quem cultura e escolaridade simplesmente não interessam.”
Markut
A subestimação da capacidade dos professores - e também da escola pública -, como expressa em um pensamento tão pequeno a epígrafe acima, principalmente vindo de eleitores, é que impede de romper esse “círculo maldito” de nosso sistema eleitoral. Desunidos como categoria e desacreditados que são pela sociedade, os professores não conseguem vislumbrar nem de longe a potência que são, a força que têm, não somente como formadores de opinião, mas também, entre outros, como eleitores e parentes de eleitores – cerca de 2 milhões, somente da educação básica, no Brasil.
Muito me entristece quando leio comentários como o transcrito acima, quando acesso comunidades de professores no Orkut, quando visito escolas. O negativismo tomou conta da mente – do consciente coletivo – da maioria de nossos educadores, especialmente de escolas públicas. Em parte não lhes tiro a razão, em virtude do que vivem na sala de aula, com baixos salários, excesso de trabalho, numa luta constante contra a indisciplina, a violência, a falta de material, de gestores competentes e de políticas públicas eficazes.
Enquanto os professores não tirarem os olhos dos governantes, e voltarem os olhos para si mesmos, para seus alunos e para a comunidade na qual suas escolas estão inseridas, realmente não conseguirão romper esse negativismo, essa acomodação, essa falta de vontade e de coragem de ir à luta, não com greves por melhores salários, seguindo pelegos de sindicatos, mas com uma postura de verdadeiros educadores, pessoas inteligentes que são, fortes além de sua tímida autoestima.
Eu acredito na educação, acredito que uma escola pode impactar uma comunidade, acredito que os professores são mais fortes do que aparentam. A partir do momento em que eles mesmos tirarem o véu do “reclamismo” dos olhos, e se conscientizarem que todos os profissionais do país passam por suas mãos, enxergarem que são uma força de quase 4 milhões de braços fortes, intelectuais de respeito e de direito, as coisas começarão a mudar. Primeiramente na sala de aula, depois na escola, na educação, na sociedade, na política.
O que nossos políticos gostam mesmo de ouvir, de ler e de ver são comentários como o da epígrafe, professores desacreditados da educação e do próprio trabalho, uma sociedade que não se importa muito com a educação, numa cultura do diploma, e não do saber. É necessário que paremos de alimentar esse gostinho dessa gente.
Portanto, mais do que de pensamentos pessimistas, o que nossos professores precisam é ir à luta, pois são fortes suficiente para vencer tudo isso apenas utilizando a inteligência.