Peça NEKROPOLIS da Escola Livre de Teatro de Santo Andre

Geração vem, geração vai e o teatro “engajado" parece não mudar.

Nekrópole, montagem da turma de formação 2009 da ELT Santo Andre, traz o tema, tantas vezes abordado nas artes, da rebelião dos cidadãos da polis contra o líder déspota.

Montada na forma de julgamento em algumas audiências de integrantes de

uma milícia, a tal ESTIRPE, por órgão de um suposto estado

ditatorial , ela tenta fazer um paralelo das ações do grupo acusado de

terrorista com o ato da personagem grega que, sob pena de morte

enterra o irmão punido pelo tirano rei, passando por cima da proibição

e sendo presa no momento do ato.

A peça é alternada por números de dança e canto, e tem toda pinta de

musical , nesse sentido não faz feio.

Com boas performances e ótimas representações pelo numeroso grupo,

mais ou menos vinte integrantes, o espetáculo enche os olhos. e faz

notar um grande cuidado nas marcações cênicas, além de coreografias

bem elaboradas.

Entre algumas das ações da milícia está o ato de desenterrar pessoas

que foram mortas pelo estado por pertencerem ao grupo e exibi-las em

um Shopping Center. Mesmo corpos de cidadãos comuns são violados

expostos em praça - publica , como do caso de uma senhora de idade

avançada que trabalhou por muitos anos em uma fabrica e morreu

soterrada.

Referencias criticas ao governo Lula e até diretamente as ex-

secretaria de cultura do estado, Claudia Costin são feitas em tom

arrogante de cobrança por terem “ traído” seus idéias socialistas e

militantes.

Sendo assim, como analisar “Necrópoles”, uma peça que tenta trazer

hoje a discussão do papel da população frente as injustiças do

Estado.?

.

Por centenas de anos, indivíduos privados de erudição, ou que

simplesmente não sabiam ler, tinham a oportunidade de ver toda a

podridão do “cosmos” político representado no palco. Como temos visto

muitas vezes, das tragédias gregas ao teatro Brechtiano, o tema da

Polis desvirtuada tem tido uma grande importância estética e, é claro,

social

Ninguém há de negar que essa foi uma das maiores contribuições do

teatro e da arte ao que chamamos hoje de cidadania, termo um pouco

gasto pelos populistas de plantão

Mas Necrópole peca justamente por essa ânsia de pedagogia militante

que, em muitos momentos, parece chamar o publica de ignorante e

desinformado.

A todo o momento somos lembrados de quem são os mocinhos e como eles

vêm de profissões e atividades nobres como trabalho em projetos

sociais. Suas falas sempre são fortes e diretas,como a verdade deve

ser, enquanto isso, os representantes do estado e os juristas que

acusam a Estirpe de terrorismo parecem candidatos eleitorais,

empolados e ocos.

Não parece haver duvida de que a milícia esteja fazendo a coisa certa,

mesmo que isso choque outros cidadãos e a opinião publica. Em nenhum

momento o grupo questiona suas convicções ideológicas.

Se esquecem de falar dos governos antidemocráticos e dos regimes

totalitários como das ditaduras Latino Americanas no qual o grupo

claramente se inspira e que ainda fazem a cabeça de muito jovem

“alienado”.

Por Jimmy Avila

estantedojimmy.blogspot.com