FREVO NO CORAÇÃO E NO PÉ
Publicado no Site Jangada Brasil, em 01 de marco de 2001
Após um período em que esteve hibernado, refazendo suas forças, o frevo ressurge com o vigor daqueles que não desistem, e sempre saem vitoriosos. Já nos últimos anos, nosso ritmo maior dava mostras de que nascera para reinar e que ocupa o coração do povo pernambucano.
Nesse ressurgimento, sempre altivo e brilhante, retoma o espaço nobre e único em nossa cena musical que a ele sempre pertenceu. É gratificante vermos inúmeras crianças, inclusive, de tenra idade, fazendo passo e sorrindo ao som do frevo, muitas delas, ainda no descompasso, mas demonstrando um raro ar de felicidade. Esses pequeninos anônimos representam a semente do frevo, que irá brilhar no futuro.
Nada obstante o respeito que temos com os compositores de nossa antologia carnavalesca, protagonistas que foram - da época de ouro do frevo - , temos que estimular os novos talentos, que darão continuidade ao trabalho deixado pelos gênios de outrora.
Contudo, essa responsabilidade é de todos nós, do povo, do poder público e principalmente das emissoras de rádio,(excetuando a Rádio Universitária, que sempre prestigiou o frevo), que já estão ajudando na sua valorização.
Mesmo existindo várias edições em CD com novas composições, insistem em levar ao ar gravações históricas e que já tiveram sua época de glória. Não esquecemos que todo e qualquer trabalho que se faça nos dias de hoje, foi espelhado no exemplo e qualidade das obras do passado.
O legado de Nelson Ferreira, Capiba, Levino Ferreira, Carnera, Luiz Bandeira, Edgard Moraes, Lourival Oliveira, entre tantos outros, são o estímulo para que nova safra de compositores apareça e quem sabe, venham a fazer nossa história no futuro.
A divulgação dos novos compositores é mais do que necessária. Precisamos renovar a forma poética, melódica e harmônica nos gêneros de frevo que temos.
Um outro fato que merece ser repensado, é a renovação dos arranjadores. A experiência vivida por Duda, José Menezes, Clóvis Pereira, Edson Rodrigues, Ademir Araújo - para citar somente esses -, à frente de suas orquestras, ou mesmo trabalhando em outras, não foi oportunizada ultimamente na dimensão devida. Tanto é verdade, que muitas delas foram desativadas, por falta de espaço para tocar o frevo nos Clubes e nas ruas.
Desponta neste cenário, isoladamente, Spock, que já deu provas de seu talento e versatilidade nos arranjos que realizou. Contudo, o frevo merece e precisa de muito mais. Já é hora de termos cursos da espécie, para que se promova a renovação desse quadro.
A composição de frevo ou de qualquer outra música, se completa em sua qualidade, através da orquestração. Se não temos profissionais qualificadas para esse exercício, certamente o resultado não será o melhor. Acredito que esse é um dos fatores que poderá viabilizar o frevo do futuro, que certamente contribuirá para o futuro do frevo...
Recife, 01 de março de 2001