OS BABACAS DE PLANTÃO
Jornalista: Paulo Saab
Gentileza de Antoni BigCuore*
(sp.sp.27.01.2010)
Repasso a meus leitores do Recanto das Letras, artigo do jornalista do Diário do Comércio de São Paulo, 25 de Janeiro de 2010.
Esta matéria serve de subsídio a nós eleitores, em vista da próxima eleição para Presidente da República, em outuro de 2010.
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Opinião
Os babacas de plantão
O incidente reflete a previsão que fiz aqui, no final do ano passado, de que a campanha eleitoral de 2010 seria de baixo nível.
Paulo Saab - 25/1/2010 - 19h11
O presidente Lula, durante reunião ministerial, semana passada, chamou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, de "babaca". O termo deselegante é apenas um reflexo do comportamento sem limites de um governante que se julga acima do bem e do mal. As normas não existem para ele, para os integrantes de seu governo nem para seus aliados políticos.
O incidente reflete também, lamentavelmente, a previsão que fiz aqui, ainda no final do ano passado, de que a campanha eleitoral de 2010 deveria ser muito suja, de baixo nível.
A corrida eleitoral, nos termos da lei, vai começar somente no mês de junho. Mas para o presidente Lula, pairando acima da Constituição e das regras internas do País, a campanha começou desde que "inventou" o nome de Dilma Rousseff para tentar a sucessão presidencial. É uma campanha aberta, ostensiva, fundada no erário e apoiada pelo gasto dos recursos públicos em favor da sua candidata.
Nada disso é babaquice para ele. Babaca é quem tem o atrevimento de criticar ou, simplesmente, não apoiar a genialidade criativa do presidente por força de seu elevado índice de popularidade. Popularidade adquirida graças a um contingente enorme da população, notadamente das regiões mais pobres do País, que recebe a chamada bolsa família, de onde tira o pouco que a mantém – e, ao mesmo tempo, que a escraviza pela dependência não percebida, gerando simpatia pelo governante.
Considerando a realidade política brasileira, é preciso dizer, em nome da verdade, que raros são os militantes que escapam de se enquadrar na pecha de "babaca". Imagine-se que o presidente tenha querido dar ao terno o significado de "fora da realidade". Seria avançar demais supor que o emprego do termo fosse na conotação de "imbecil", "idiota", ou outra interpretação que se queira dar. O enquadramento poderia ser generalizado, o que implicaria numa enorme injustiça com dois ou três de nossos gloriosos políticos que ficam de fora, que não são "babacas".
Até como forma de consolo, e apesar da amizade íntima demais de Lula com o "Chapolin Colorado" Chávez, é preciso admitir que as coisas por aqui poderiam ser pior se o nosso grande líder levasse a sério o tal do bolivarianismo, seja lá o que isso queira dizer. Mas é covardia comparar o que acontece na Venezuela com o Brasil.
Chávez vai cair de podre a qualquer hora (segundo ele, o terremoto no Haiti foi provocado por uma bomba subterrânea explodida pelos Estados Unidos).
Sem dúvida, Chávez é o babacão-mór. Mas voltemos aos assuntos tupiniquins.
A campanha eleitoral deste ano, posta na rua de forma ilegal e gastando dinheiro público – como se alguém se importasse, e por isso Lula o faz – será, repito, uma baixaria só, polarizada entre o presidente, querendo provar que é melhor do que Deus (aliás, é Deus, carregando no colo a simpaticíssima candidata que inventou) e o PSDB do outro lado, com tudo o que não sabe fazer de oposição.
Isso vai se refletir nas disputas pelos governos estaduais e pelas cadeiras legislativas em jogo.
Sorte nossa – e acredito nisso – que as instituições democráticas estão fortalecidas e sobreviverão, com mais músculos e cérebro, ao final do embate – ainda que os radicais anacrônicos do governo estejam buscando eliminar mecanismos da sadia liberdade constitucional brasileira.
A caminhada para a maturidade total do Brasil – política, econômica, social, educacional – é longa, árdua, penosa, por causa de todos os babacas, mas é irreversível.
A camada pensante da população, a que paga as contas dos babacas, via impostos recolhidos, a que sustenta as bolsas-demagogia, a que mantém o País produzindo e crescendo, precisa estar consciente de seu efetivo papel nesse quadro e deixar de lado os imediatismos para investir, entendendo o presente, na consolidação sustentável desse nosso Brasil, por conta de sua própria grandeza e não pelos passes de mágica dos babacas de plantão.
Paulo Saab é jornalista e escritor
Jornalista: Paulo Saab
Gentileza de Antoni BigCuore*
(sp.sp.27.01.2010)
Repasso a meus leitores do Recanto das Letras, artigo do jornalista do Diário do Comércio de São Paulo, 25 de Janeiro de 2010.
Esta matéria serve de subsídio a nós eleitores, em vista da próxima eleição para Presidente da República, em outuro de 2010.
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Opinião
Os babacas de plantão
O incidente reflete a previsão que fiz aqui, no final do ano passado, de que a campanha eleitoral de 2010 seria de baixo nível.
Paulo Saab - 25/1/2010 - 19h11
O presidente Lula, durante reunião ministerial, semana passada, chamou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, de "babaca". O termo deselegante é apenas um reflexo do comportamento sem limites de um governante que se julga acima do bem e do mal. As normas não existem para ele, para os integrantes de seu governo nem para seus aliados políticos.
O incidente reflete também, lamentavelmente, a previsão que fiz aqui, ainda no final do ano passado, de que a campanha eleitoral de 2010 deveria ser muito suja, de baixo nível.
A corrida eleitoral, nos termos da lei, vai começar somente no mês de junho. Mas para o presidente Lula, pairando acima da Constituição e das regras internas do País, a campanha começou desde que "inventou" o nome de Dilma Rousseff para tentar a sucessão presidencial. É uma campanha aberta, ostensiva, fundada no erário e apoiada pelo gasto dos recursos públicos em favor da sua candidata.
Nada disso é babaquice para ele. Babaca é quem tem o atrevimento de criticar ou, simplesmente, não apoiar a genialidade criativa do presidente por força de seu elevado índice de popularidade. Popularidade adquirida graças a um contingente enorme da população, notadamente das regiões mais pobres do País, que recebe a chamada bolsa família, de onde tira o pouco que a mantém – e, ao mesmo tempo, que a escraviza pela dependência não percebida, gerando simpatia pelo governante.
Considerando a realidade política brasileira, é preciso dizer, em nome da verdade, que raros são os militantes que escapam de se enquadrar na pecha de "babaca". Imagine-se que o presidente tenha querido dar ao terno o significado de "fora da realidade". Seria avançar demais supor que o emprego do termo fosse na conotação de "imbecil", "idiota", ou outra interpretação que se queira dar. O enquadramento poderia ser generalizado, o que implicaria numa enorme injustiça com dois ou três de nossos gloriosos políticos que ficam de fora, que não são "babacas".
Até como forma de consolo, e apesar da amizade íntima demais de Lula com o "Chapolin Colorado" Chávez, é preciso admitir que as coisas por aqui poderiam ser pior se o nosso grande líder levasse a sério o tal do bolivarianismo, seja lá o que isso queira dizer. Mas é covardia comparar o que acontece na Venezuela com o Brasil.
Chávez vai cair de podre a qualquer hora (segundo ele, o terremoto no Haiti foi provocado por uma bomba subterrânea explodida pelos Estados Unidos).
Sem dúvida, Chávez é o babacão-mór. Mas voltemos aos assuntos tupiniquins.
A campanha eleitoral deste ano, posta na rua de forma ilegal e gastando dinheiro público – como se alguém se importasse, e por isso Lula o faz – será, repito, uma baixaria só, polarizada entre o presidente, querendo provar que é melhor do que Deus (aliás, é Deus, carregando no colo a simpaticíssima candidata que inventou) e o PSDB do outro lado, com tudo o que não sabe fazer de oposição.
Isso vai se refletir nas disputas pelos governos estaduais e pelas cadeiras legislativas em jogo.
Sorte nossa – e acredito nisso – que as instituições democráticas estão fortalecidas e sobreviverão, com mais músculos e cérebro, ao final do embate – ainda que os radicais anacrônicos do governo estejam buscando eliminar mecanismos da sadia liberdade constitucional brasileira.
A caminhada para a maturidade total do Brasil – política, econômica, social, educacional – é longa, árdua, penosa, por causa de todos os babacas, mas é irreversível.
A camada pensante da população, a que paga as contas dos babacas, via impostos recolhidos, a que sustenta as bolsas-demagogia, a que mantém o País produzindo e crescendo, precisa estar consciente de seu efetivo papel nesse quadro e deixar de lado os imediatismos para investir, entendendo o presente, na consolidação sustentável desse nosso Brasil, por conta de sua própria grandeza e não pelos passes de mágica dos babacas de plantão.
Paulo Saab é jornalista e escritor