Vasco de Castro Lima (soneto clássico) X Augusto Frederico Schimidt (soneto moderno)

Vou expor uma importante discussão em torno da Poesia de hoje: a presença concomitante do SONETO CLÁSSICO (fiel à Poesia Clássica) e do SONETO MODERNO (aquele que incorpora elementos da Poesia Moderna) através de dois Poetas, um eminente defensor da Poesia Clássica: Vasco de Castro Lima e outro adepto da poesia moderna: Augusto Frederico Schimidt.

Para começar, colocarei uma opinião de Vasco de Castro Lima que escreveu o Livro: O Mundo Maravilhoso do Soneto (uma Bíblia para o soneto com inúmeros poetas brasileiros e estrangeiros presentes com seus sonetos). No seu livro não consta nenhum SONETO do grande Poeta Modernista: Augusto Frederico Schimidt porque, segundo o autor, nenhum de seus sonetos podem ser chamados de Sonetos.

No ano da morte do poeta modernista: 1965 foi lançada uma publicação pela Rio Gráfica e Editora intitulada de Sonetos - reunião de todos os SONETOS (mais de 250) do poeta modernista. Lendo os chamados sonetos, observo que em parte dos poemas existem: a métrica e o ritmo, porém, não há preocupação com a rima, quando ela aparece, em pouquíssimos casos, não existe regularidade e sem explicação ele abandona a rima no mesmo soneto. Mesmo quando o metro e o ritmo estão presentes, o poeta, não se preocupa em ser fiel com estas duas presenças, novamente, sem nenhuma explicação, ele entremeia um verso livre. Nenhum soneto do poeta é puramente clássico, apenas, apresenta alguns traços do abecedário do soneto clássico.

Minha análise: estamos diante de dois autores com posições distintas do que venha a ser um SONETO! Vasco de Castro Lima, também poeta: trabalha com o respeito pleno à Poesia Clássica e não aceita a ausência de RIMA, RITMO, MÉTRICA, etc. no soneto e Augusto Frederico Schimidt incorpora aos seus sonetos o verso livre, o verso branco, coloca no mesmo quarteto ou no mesmo terceto diferentes métricas, ora utiliza o ritmo clássico, ora faz verso sem ritmo clássico, mistura versos bárbaros e versos de seis sílabas, oito sílabas com ou sem ritmo, etc. Somente numa coisa os dois concordam: soneto possui 14 versos divididos em 4 estrofes. E nisto, Augusto Frederico Schimidt, é radical: todos os sonetos que fez possuem a divisão: 4 - 4 - 3 - 3 do soneto italiano, talvez, como justificativa para intitular de sonetos a liberdade que impôs aos seus sonetos modernos.

Prefiro, separar o soneto em duas vertentes: o soneto clássico e o soneto moderno. Importante é não deixarmos, em prol da modernidade, que se perca a História e a tradição do SONETO, no seu modelo clássico, marcada por quase 8 Séculos, pelo motivo que parte dos poetas de hoje acredita que a maior liberdade poética dos poetas Modernos é importante, já as formas fixas são “camisas de força”; o que é uma enorme besteira. Todo poema é válido! Desde que realizado com sentimentos e amor pela Poesia... Seja, soneto clássico ou soneto moderno o mais valioso será, penso eu, a busca pela qualidade do poema realizado e o respeito às diferenças de escolha e opinião na confecção de um soneto. A Poesia é para convergir as pessoas e não para separa-las...

Abraços,

Alexandre!