SÃO LUIZ DO PARAITINGA

Quando te vi submersa pelas águas do rio Paraitinga, custei a acreditar no que meus olhos viam e, confesso, não contive as lágrimas. Seus casarões de pau-a-pique, bi-centenários, enfeitados para as festas de fim de ano, pareciam castelos de areia frente à forte correnteza do rio, que tudo arrastou. Sua outrora majestosa igreja matriz, com suas torres e suas grossas paredes de taipa de pilão e adobe (enormes tijolos de barro da época), não resistiu. Sucumbiu à força impiedosa das águas, juntamente com seus altares de mármore de carrara . Tudo veio ao chão, transformado num amontoado de entulho, que mais parecia um cenário surrealista ou um filme de guerra. Uma imensa tristeza invadiu meu coração.

São Luiz do Paraitinga, encravada no Vale do Paraíba, entre as cidades de Taubaté e Ubatuba, às margens da Rodovia que homenageia seu filho mais ilustre, o grande médico, cientista e sanitarista Osvaldo Cruz, sempre foi uma cidade aconchegante e o seu povo irradia uma simpatia contagiante. Além de seu imenso casario, com mais de 430 imóveis tombados pelo Condephaat - infelizmente, quase uma centena deles agora tombado pelas águas, São Luiz também tem uma grande atração turística: Seu tradicional Carnaval de Marchinhas, que teve início com os filhos de outro ilustre cidadão; Elpídio dos Santos, poeta e compositor, que eternizou suas canções nos antigos filmes de Mazzaropi. E agora ? O que será de ti, São Luiz ? De seus coloridos casarões? De seu belo e único carnaval de marchinhas ? És forte, São Luiz ! Num breve tempo, sua rica arquitetura dos séculos XVIII e XIX, será totalmente restaurada, os sinos da igreja matriz voltarão a chamar os fiéis para as missas matinais, seu carnaval sem igual promete um retorno triunfal para o próximo ano e seu povo manso e hospitaleiro voltará a sorrir para todos nós, que não a deixaremos a sós.