As dualidades deste Mundo: o niilismo sobre outro prisma
Pensando, não individualmente, mas coletivamente, de fora, imparcialmente: não existe bem nem mal, bom ou mau, certo ou errado, mais certo ou mais errado, não existe justo e injusto, anormal e normal, sucesso e fracasso. O que existe é uma Constituição, feita pelos homens, que determina onde você tem que parar. O que existe são valores morais, baseados na tradição, que dizem o que é bom e o que é ruim. O que existe é uma mídia manipuladora que impinge preconceitos e conceitos de sucesso e fracasso.
O que é certo para alguém no Brasil é errado para outro na Austrália. Se no Brasil é “errado” se prostituir, na Holanda é profissão.
“Droga tô fora!” aqui, droga legal lá. Na Índia é mau comer carne bovina, no Brasil é praxe e tem até rodízio. Estes e mais centenas de outros conceitos díspares entre culturas distintas e épocas distintas podem ser encontrados sem qualquer dificuldade. Todas determinadas não por uma escolha original,. Tampouco livre, mas por criação, cultura.
Oras, se o certo e o errado são determinados culturalmente, perguntamos: quem determinou? Seus pais, sua Igreja, sua televisão? É claro que sim, mas eu retomo: eles são confiáveis? A meu ver, nenhum deles é, de forma alguma. Analise e aniquile a sua cultura. Concorde só com o que concorda com a razão e o bom senso, de resto, é tudo filosofia barata.
Jamais diga a alguém: “Eu esperava melhor de você”. De que direito você se vale para esperar algo de alguém? Por acaso as pessoas são espelhos para refletir o que você espera delas?
Jamais diga: “isto é certo” ou “isto é errado”, salvo se você estiver falando sobre caso isolado analisado claramente sob seu individual ponto de vista; pois não existe certo e errado unânime sob sufrágio universal. De que toga você se vale para julgar o certo e o errado nos outros?Mas sempre preceda dizendo “a meu ver”, “se fosse comigo” ou “do meu ponto de vista”.
De alguns dos confrontos diretos da briga religião versus filosofia. O niilismo em si, conseqüências, problemas do cotidiano, contradições, dilemas, futuro, passado, felicidades, esperança, etc.; são assuntos que discorrerei melhor nas minhas próximas obras.
Entretanto, ainda que eu tentasse falar sobre tudo que está relacionado ao niilismo, em todas as suas facetas e em todas as suas conseqüências, ainda assim, eu estaria fatalmente omitindo alguma coisa. E mesmo que este trabalho fosse de décadas ininterruptas quando, por fim, eu concluiria que acabei, na verdade, acabaria descobrindo que no dia que falei sobre o último assunto, o primeiro já está antiquado. Por isso eu voz digo, o niilismo não vem dar respostas finais, não vem dar arremates fatais, não vem fechar sistemas, nem elaborá-los. O niilismo não é uma resposta; não é uma escolha, é o nome que damos para a dúvida que somos.
E pelo mesmo motivo este livro não tem epílogo, não tem palavras finais, não tem conclusão, não vem substituir sistemas positivos, não tem alternativas... NÃO TEM CONCLUSÃO.
Porém, frente a estas palavras, você poderá, ao menos aparentemente, escolher: finge que não leu nada disso, finge que é tudo uma fraude minha muito bem elaborada, ou aceita que há sérios motivos para duvidar de sua própria crença.
Você tem poucos momentos para tomar decisões que realmente valem à pena. Você tem alguns momentos para escolher entre a razão e a fé. Mas talvez esta seja sua última chance de se libertar e disseminar estas palavras que vieram de graça e que podem libertar outros também [Já está mais do que na hora de pararmos de tratar o cristianismo com uma cordialidade que ele nunca teve! Mas falo da palavra. Pois ela é a única arma justa que possuímos]... Ou morra escondido dentro deste barril de mentiras.
Goethe escreveu: “Um único momento é decisivo. Determina a existência do homem e estabelece seu destino.” “Esse momento” é o instante em que os senhores decidem do fundo do seu coração:“Hei de me levantar agora e lutar!” É a partir desse instante que o destino começa a mudar, a vida começa a se desenvolver e a história tem início."
Confesso entretanto, que gostaria que fosse diferente. Se existe alguma verdade, estou ansioso para reconhecê-la, desvendá-la, perscrutá-la. Gostaria, e como gostaria, que um Deus me abençoasse por eu ter fé nele, ou me recompensasse pelas minhas obras em vida.
Gostaria, e como gostaria, de ir morar num paraíso, com ou sem 70 virgens, ou de rever meus amigos numa próxima encarnação aqui na Terra. Gostaria profundamente que um Jesus, um Buda ou um Prometeu tivesse mesmo vindo para salvar a humanidade. Gostaria verdadeiramente que um Krishna tivesse mesmo vindo desvendar os mistérios da vida. Gostaria de ter passado incólume pelo deserto do ateísmo. “Viver: eis um mistério supremo, um enigma sem paralelo, um drama sem par” (Daisaku Ikeda). Portanto, repito, se existe alguma verdade, estou ansioso para reconhecê-la, desvendá-la, perscrutá-la. Eis por que eu estudo contínuo e profundamente tanto as religiões. Procuro inquestionavelmente uma única coisa: a Verdade. “But I’m still haven’t found what I’m looking for” (U2) Em inglês, no original: “Mas eu ainda não tenho encontrado o que estou procurando”.