As porteiras abertas
No final dos anos 80 e início dos 90 que foi chamada de era Collor através do então presidente, Fernando Collor de Melo. Ele foi o “caçador de marajás” (no sentido brasileiro, marajá significava o grupo de pessoas que tinham altíssimos salários prestando serviços ao governo do Estado de Alagoas e que continuavam recebendo mesmo após o término dos serviços, ou seja, como ex-funcionários de governo, segundo explicação dada na época), então governador de Alagoas. Com este auto-título, se popularizou no Brasil alcançando grandes proporções, pois era apresentado no programa Globo Repórter por Hélio Costa, hoje ministro de Estado das Comunicações.
A popularidade do programa e a facilidade de comunicação e sua integridade de homem público o levaram à presidência da República. O povo brasileiro estava sedento de um nome desta estirpe para canalizar o País que vinha a pouco de um regime de exceção.
Fernando Collor de Melo foi um presidente astuto, porém idealista e esportista, deixando também suas marcas no governo. Principalmente quando falamos da abertura das fronteiras para uma gama de produtos que era carente no Brasil, em especial a tecnologia dos produtos de informática que eram caríssimos. E o País já entrara na era da informatização em massa.
Certa vez, em entrevista, declarou em rede nacional que “os carros brasileiros não passavam de carroça”. Ele se referia à qualidade das máquinas frente aos importados dentro do conforto, da robustez, da economia, da durabilidade e da funcionalidade.
Foi um grande alerta à indústria nacional que imediatamente, não sei se devido ao aviso do presidente ou porque já tinham em mente a mudança, passaram a produzir automóveis com injeção computadorizada, com mais performance e economia, design mais arrojado, com motores para rodar mais de 400000 quilômetros, sendo que dantes não passava de cem mil quilômetros rodados. Foi uma reviravolta total no mercado, especialmente o de reposição de peças, nesta nova era. Os vendedores antigos tiveram que se desdobrar em novos treinamentos. Os clientes estavam muito mais satisfeitos e o País em nova era.
A seguir, passo ao leitor artigo do jornal Folha de São Paulo retratando a modernidade do mercado, especialmente o carro chinês, dentro do tema de abertura das fronteiras:
Lojas oferecem de hímen artificial a anão gigante
O governo chinês – oficialmente comunista e ateu – construiu há cinco anos uma mesquita para que os comerciantes muçulmanos “sintam-se em casa”, como diz uma das propagandas da cidade de Yiwu, no leste da China.
Placas em inglês e árabe são vistas pela cidade inteira. Restaurantes com kebab e comida muçulmana se espalharam. Chineses da minoria muçulmana hui, que falam árabe, foram contratados pelas maiores lojas para atender os clientes do Oriente Médio.
Vendedoras perguntam ao repórter da Folha: “Você é muçulmano?”, enquanto distribuem propaganda sobre o “hímen industrial”, vendido por uma loja de Yiwu às mulheres muçulmanas que precisam aparentar virgindade.
O panfleto do produto, que mostra uma mulher de braços abertos cercada por pombas brancas e girassóis, anuncia uma “membrana transparente e vermelha escura, que se dissolve facilmente, antialérgica e sem contra indicações, testada por médicos”.
Lojas vizinhas oferecem diversos tipos de narguilés, o tradicional cachimbo d´água dos países árabes, tapetes persas “made in China”, alguns com imagem de Meca bordada e o áudiobook do Alcorão.
Yiwu tenta atender a todos os mercados possíveis com uma variedade de produtos customizados.
Nas 300 lojas de artigos de Natal há árvores de todos os tipos e tamanhos, Papais Nóeis infláveis que tocam saxofone ou que cantam.
Várias lojinhas vendem crucifixos e imagens de Cristo também adaptadas aos destinos finais – umas têm a imagem da mexicana Virgem de Guadalupe ao fundo, outras, da portuguesa Fátima.
Há 20 lojas especializadas em artigos de Carnaval, de máscaras e colares de flores artificiais a confetes coloridos e serpentinas.
Anões de jardim gigantes com placas de “bem-vindo” em vários idiomas e que, provavelmente, serão colocados como objetos de decoração em restaurantes, lojas e hotéis de todo o mundo estão em alta – custando o equivalente a R$ 400.
Pirataria
Skates e scooters utilizam personagens de mangás japoneses como marcas. “Os compradores brasileiros começaram a aparecer muito no último semestre”, diz a vendedora Ma Guilin. “Eles adoram esses desenhos japoneses”, afirma a moça. As marcas são pirateadas. “Há muita pirataria aqui, então o comprador deve ter bastante cuidado, senão a compra é apreendida no Brasil”, afirma o paulistano João Sena.
Com exceção de algumas empresas coreanas que vendem produtos para bebê - carrinhos, cadeirinha para carro, berços -, a maioria das fábricas representadas no centro atacadista é da própria região, da Província de Zhejiang.
“No futuro queremos ser plataforma para empresas estrangeiras que queiram mostrar seus produtos aqui, vendendo para a China ou para outros mercados”, diz o gerente do Centro, Hu Yanhu.
Cerca de 400 mil comerciantes estrangeiros visitaram Yiwu em 2009, 20% a mais que no ano anterior. “Em tempos de crise, nossa vantagem de preços baixos é imbatível”, afirma o gerente.
Apesar dos cursos gratuitos de inglês, espanhol e árabe ministrados pela manhã aos vendedores, poucos conseguem falar inglês – os compradores andam com intérpretes.
José Pedroso