Havia uma cobra gigante debaixo das madeiras ...

Éramos crianças de uma prole numerosa de treze irmãos. Porém estávamos no início dos anos 50 quando ainda éramos seis ou sete. Não me lembro bem. Nosso pai era muito chegado ao trabalho e nós, os mais velhos, já éramos obrigados a acompanhá-lo nas tarefas do dia a dia, como colheita de café, tratos culturais dos cafeeiros, no engenho de fabricação de rapadura e outras coisas mais.

Ele costumava, aos domingos, arranjar algum servicinho extra, dizendo “enquanto sua mãe prepara o almoço nós vamos fazer tal tarefa”. Em um dos domingos que havia chovido muito durante a madrugada, o Sol despontou muito lindo. “Hoje, até a hora do almoço, vamos limpar a cerca de proteção do cafezal na parte de cima, às margens de um corredor boiadeiro”, ele disse. Na cerca havia muito cipó e alguns arbustos e capins. Começamos cada um fazendo a sua parte, cortando os cipós e arbustos, além de montes de madeira que também eram retirados. Dois peões nos ajudavam enquanto era preparado o almoço. Em determinado momento, meu pai avistou uma enorme cobra cascavel que dormia tranquilamente em forma de rodinha embaixo do monte de madeira. Ele pediu para todos fazerem silêncio, correu em casa para buscar um revólver calibre 32 dando um tiro certeiro na cabeça do réptil que estrebuchou pelo capinzal. Colocamos a enorme cobra em cima da cerca e continuamos nossa tarefa até o final.

Embora o esforço fosse muito com trabalhos constantes até nos dias de descanso, os fazíamos contentes. A alegria era de todos, pois era comum estarmos cantarolando acompanhados pelos peões e, muitas vezes, também por meu pai. Nossa idade devia ser, em média, de nove a dez anos e veja quão importante para as crianças fazerem alguma atividade para o próprio bem e para a saúde. Vale a pena de os pais fazerem o hábito de realizar alguma atividade com os filhos dentro das possibilidades de cada um. Já acostumando a ter noção de valores, já ir se interessando pelas finanças, praticar algum esporte, conversar, brincar junto e fazer planos.

A seguir, um artigo correlato da Revista Seleções, de novembro de 2009 à página 40:

Crianças: TV demais é igual a pressão alta

Para as crianças, o tempo diante da tela da TV pode ser pior do que pensavam os pediatras. De acordo com novas pesquisas, quando este tempo é excessivo pode elevar a pressão arterial, mesmo das crianças que não estão gordas.

No estudo feito com 111 meninos e meninas, a pressão sistólica (a pressão máxima nas artérias) foi seis a sete décimos mais alta nas crianças que assistiam à TV a 10 minutos por dia. E isso é suficiente para afetar a saúde a longo prazo, explica o pesquisador Joe Eisenmann, da Universidade do Estado de Michigan, Estados Unidos.

Ele recomenda que, para proteger a saúde cardíaca das crianças, o tempo diante da TV se limite a duas horas, e que os pais programem uma hora de atividade que faça o coração da criança trabalhar bem longe do sofá.

José Pedroso