SEM PASSADO NÃO HÁ HISTORIA
A nossa riqueza histórica esta longe de ser conhecida. Pergunto-me sempre, por que será que mantemos os olhos fechados, quando a realidade está adiante de nós para ser desvendada? Nem sempre encontro respostas. Uma, porém, me vem clara. Somos hoje um povo que perdeu o caminho da consciência da coletividade. Isolamos-nos nas redomas do mundo pessoal desde o advento do progresso “econômico”. Cada um zela por si, sua família e seus amigos mais íntimos. Não observamos o rosto do vizinho, baixamos a cabeça para não saudarmos o transeunte, não abraçamos o colega de trabalho, deixamos de elogiar o sucesso do outro, pouco apoiamos a luta da comunidade. Perdemos o equilíbrio.
Precisamos partilhar. O bem-comum será alcançado quando as mãos se unirem, as vozes se tornarem uníssonas, os corações abrandados, os sonhos compartilhados, as conquistas socializadas. É preciso um novo olhar para as coisas consideradas pequenas: o afago, o sorriso, o abraço, a palavra de conforto, a sensibilidade para perceber o outro. Sem isso não há como congregar a família, o vizinho, o companheiro de lida, nem trazê-los para fortalecer a própria cidade. Respeito, confiança, solidariedade e amor nos tornarão responsáveis na luta pela garantia dos direitos sociais e políticos de todos.
Não há vitória sem luta. Não há vida sem amor. “Quem ama sua terra, trabalha por ela”, escreveu meu filho Nilson Ricardo. Aí reside o ponto da retomada do processo de valorização da cultura e da história. Somente por laços afetivos é que nos tornaremos co-responsáveis pela formação do cidadão e da cidadã camaçarienses.
Ninguém existe neste mundo sem passado.
Você não é uma página em branco...
Esse texto faz parte do meu Livro História é Pra Contar, que trata das minhas memórias sobre o meu município: CAMAÇARI
(Imagem: primeira Igreja Matriz São Thomaz de Cantuária - Camaçari- sede/ Bahia/Brasil)