Educação Parte IV
Artigos sobre Educação / Profª Augusta Schimidt
Fevereiro/2007
Arte terapia infantil
Desde o século 5 a.C., há registros na Grécia de emprego da Arte, como um meio de tratamento e cura. Desde épocas remotas, as expressões artísticas correspondem à expressão psíquica da comunidade e, particularmente, de cada indivíduo. Com isso, a arte passou a ser utilizada como instrumento de expressão cooperadora e transformadora na edificação de seres mais inventivos, criadores, fortes e saudáveis.
Segundo Philippini (1994), a arte como ferramenta terapêutica, no Brasil, é vista por segmentos mais conservadores, com reservas. Contudo, dentro do universo Junguiano, ela sempre esteve presente entre as estratégias terapêuticas dos que trabalham com esta abordagem. Parte-se da premissa que os indivíduos, em seu processo de autoconhecimento e transformação, são orientados por símbolos. Estes emanam do self, centro de saúde, equilíbrio e harmonia, representando o pleno potencial da psique e a sua essência. Na vida, o self, através de seus símbolos, precisa ser reconhecido, compreendido e respeitado.
O objetivo da arte terapia, na visão junguiana, é o de apoiar e o de gerar instrumentos apropriados, para que a energia psíquica forme símbolos em variadas produções, o que ativa a comunicação entre o inconsciente e o consciente. (Philippini, 2000)
A arte terapia auxilia neste processo, oferecendo inúmeros materiais para que o indivíduo sinta-se livre na escolha daquele que mais lhe for apropriado. Isso atende a sua singularidade, funciona como ferramenta para despertar e ativar a criatividade e, também, para desbloquear e transmitir à consciência instruções e informações oriundas do inconsciente. Essas informações normalmente são ignoradas, contidas e disfarçadas, encobertas e principalmente ocultas. Na psique humana, e, as informações colaboram para o desenvolvimento de toda a dinâmica intra-psíquica, ao serem transportadas à consciência por meio do processo arte terapêutico
Este processo é facilitado pelas modalidades e materiais expressivos diversos, tais como tintas, papéis, colagens, modelagem, construção, confecção de máscaras, criação de personagens e outras infinitas possibilidades criativas. Todos propiciam o surgimento de símbolos indispensáveis para que cada indivíduo entre em contato com aspectos a serem entendidos, assimilados e alterados.
As modalidades expressivas devem ser criativas e variadas para o alcance da compreensão simbólica, e também da função organizadora específica de cada símbolo. Por isso, é muito importante que o setting terapêutico seja munido de instrumentos indispensáveis à viabilização desse processo, vez que o símbolo contém por meio da linguagem metafórica, o sentido de todos os enigmas psíquicos. (Philippini, 2000)
Dentre estas modalidades expressivas, destaca-se a construção, que é também um modo de informação lógica, sendo imprescindível, sobretudo para o adolescente. É através da construção que o adolescente transmite o seu sentimento, pensamento e o modo como vivencia e entende o mundo, fazendo-o de acordo com o seu próprio desenvolvimento emocional, mental, psíquico e biossocial.
A construção proporciona, em síntese, a reprodução do conhecimento e a estruturação, constituição e reconstituição do nosso universo interior. Segundo Rubin Apud Coll et al (1995), todo processo criativo, após o momento de se deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como uma necessidade de organizar, de colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho final.
Devido ao fato de adolescentes se caracterizarem geralmente pela ansiedade, contradição, idealização e questionamento, podem e devem ser favorecidos por modalidades expressivas que lhes permitam analisar, inventar e compreender. Dentre estas, destacamos a construção no processo arte terapêutico, que auxilia no autoconhecimento e na edificação de benefícios específicos das técnicas construtivas.
A criança com dificuldades de aprendizagem tem muitas vezes, problemas de comunicação verbal, causados por dificuldades de recepção, de compreensão da informação recebida ou de emissão.
A arte é um meio de comunicação não verbal e através dela, a criança pode se expressar por este meio alternativo. Mesmo a criança que não apresente comprometimento na linguagem tem muitos sentimentos profundos para expressar que são mais fáceis de mostrar visualmente do que através de conversa. Numa situação onde ela se sinta aceita ela pode mostrar sua visão do mundo, sem medo de critica.