Entrevista...

“ENTREVISTA”

Semana passada, quando achava que tudo estava dando errado pra mim, já desanimado, sem emprego, afogado na bebida e às voltas com problemas de relacionamento, percebi que não tinha mais como piorar, logo precisava tomar uma atitude.

Sentado em frente a um computador, navegando pela Internet, na tentativa de encontrar um consolo e solução, recebi uma mensagem.

No momento fiquei sem entender, mas após identificar o assunto e vendo que havia a assinatura de um remetente, S.E., aceitei-a. Afinal havia conversado anteriormente com muitas pessoas e distribuídos vários currículos, buscando melhorar aquela situação. Observei que a mensagem era para uma entrevista urgente, a qual não poderia faltar, sendo aquela, uma ótima oportunidade. Naquela ansiosa expectativa, me recolhi ao quarto para meditar, na preparação de como me apresentar para a entrevista e cansado acabei dormindo.

Posteriormente, vestindo com humildade e modéstia sai ao encontro de quem me chamara.

Na sala de visita, fui recebido por uma senhora recepcionista, que já me aguardava, se identificando por Saudade.

- Interessante seu nome, indaguei.

Simplesmente me respondeu:

- Tem gente que não acha, mas tudo bem, não me incomodo, estou aqui para acompanhar a todos.

Solicitando que eu aguardasse um pouco, foi me anunciar a alguém em outro ambiente. Ao retornar me explicou:

-Já estão lhe esperando no salão central dizendo ainda:

-Quando entrar notará uma mesa grande, onde estarão duas cadeiras altas na outra extremidade com uma luz verde entre elas, assente na sua cadeira e em silêncio observe.

Procedendo como indicara a recepcionista assim o fiz. Sentei na cadeira no inicio daquela grande mesa, percebendo que nas duas cadeiras, ainda vazias, havia uma inscrição em cada uma delas, não sendo possível lê-las devido a distancia que me encontrava. Aos poucos aquela luz verde foi mudando de cor passando para um tom amarelado e por fim vermelho. Neste momento consegui ver o que estava a minha frente. Eram apenas duas cadeiras. A do lado direito com a inscrição Amor e a do lado esquerdo Ódio, percebendo então, que a entrevista era eu comigo mesmo.

Depois de algum tempo ali naquele diálogo interior, em silêncio, pensando em tudo em todos me apareceu uma outra senhora que se prontificou a me ajudar, perguntei lhe o nome, o qual ela me disse em tom baixo:

- Socorro

Ela então chamou por sua mãe, que veio também ao meu encontro.

E chegou uma jovem linda, o que me fez estranhar, pois era mais jovem e mais bonita que a senhora que acabara de chamá-la por mãe. Percebendo minha estranheza, ela sorriu e disse:

- Todos reagem assim, mas quando eu era ainda criança, recebi uma graça e desde então tenho me conservado desta forma eternamente. O senhor nunca ouviu falar que a Esperança é a última que morre? Pois é, muito prazer sou eu!

E me estendendo a mão pediu que eu levantasse, pois iria me conduzir sendo aquele o momento que teria de decidir em qual das cadeiras deveria assentar.

Segurou minha mão com firmeza e antes que me decidisse por qual cadeira tomar, me apresentou uma outra jovem, que também veio ao meu amparo.

- Esta é minha companheira de caminhada e estaremos sempre juntas com você onde e quando quiser, é só nos chamar. Ela se chama Fé.

E amparado pelas duas, tomei o meu assento, com a luz retornando a tonalidade verde, entendendo que a assinatura S.E. da mensagem significava:

“Sua Escolha”.

E na mesa estava escrito:

“Todas as vozes do mundo não serão maiores nem melhores do que a voz interior, pois as primeiras chegam aos ouvidos e a segunda ao coração”.

Antônio de Pádua Elias de Sousa

paduadesousa@yahoo.com.br

Formiga – MG - 20/10/09

Antônio de Pádua
Enviado por Antônio de Pádua em 19/01/2010
Reeditado em 22/01/2010
Código do texto: T2038134
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