O ACONCHEGO DA CAMA DA MÃE
O cheiro da mãe
Até pouco tempo
Meus filhos brigavam por minha cama
O cheiro da mãe, o ventre da mãe
Ficava tão feliz, pois sentia-os, de novo,
Amadurecendo no ventre, no ventre da mãe
Hoje, cada qual nos seus próprios cheiros ou nos de outrem
Como um, no calor, no suor, no perfume de seu par
E o outro, no seu próprio suor e odor de macho adulto
Como me faz falta!
Na cama da mãe, à procura de aconchego
A se esconder do medo, anseios, incertezas
Ou, apenas, a se sentir, de novo, no colo da mãe
Criança da mãe
De colo sincero, quentinho e gostoso
Mas o mundo agora, quem os protege e aninha
Não mais o colo da mãe, o ventre da mãe
O travesseiro em que repousam meus ais
Preocupações, tantos sonhos, como todo o mais
Não mais traz o cheiro de leite
Minha cama, com um quê, antes, encantado
Não mais os encanta e mais e mais os espanta
Eis que agora, apressados, urgentes
Vivem seus pesadelos, sonhos e quanto mais
Corajosos e seguros, curiosos e poderosos
Eis que todos os jovens, um pouco ou muito
Se sentem seus próprios heróis
E, quem sabe, de todo o mundo.
Porém, adultos-crianças
Por que, para mim, eternas crianças
Miinha cama e travesseiro esperam
Sempre serão deles, eu, meu cheiro, meu ventre, meu colo!