O MANGAL DAS GARÇAS E O FAROL DE BELÉM
Sérgio Martins Pandolfo*
“Belém, a metrópole das águas à foz do rio-mar plantada”. SerPan
Belém, o encanto das águas, a morena sestrosa que cheira a patchuli, nossa “Santa Maria de Belém do Grão-Pará, cidade que recende a aromas de mato e a sortilégios de puçanga” (a redizer seu historiador Leandro Tocantins) completou, no dia 12 deste janeiro, 394 anos de fundação, fato que garantiu a posse da Amazônia para a Coroa Portuguesa e, consequentemente, para os brasileiros.
Juntamente com a cidade também comemorou aniversário, na mesma data, um ponto de atração turística e lazer que Belém ganhou há exatos cinco anos, entre outros mimos, como um régio presente: o Mangal das Garças. Trata-se de um parque naturalístico de 40.000 m2, às margens do Rio Guamá, no entorno do Centro Histórico belenense, revivificando uma área que jazia em estado de abandono e degradação, à ilharga do Arsenal de Marinha.
Entre lagos, vegetação típica, equipamentos de cultura e lazer, juntamente com a inusitada paisagem do aningal nativo existente foram erguidos elementos arquitetônicos de recreação e serviços, dentre os quais salientam-se: uma cascata em pedras que inclui, às proximidades, emergindo das águas, uma escultura de sereia em bronze; lagos com vitórias-régias e um outro que dá guarida a aves pernaltas, marrecos e quelônios, com ornamentação típica para o descanso dos mesmos; viveiro de pássaros telado, de grandes proporções, no qual o visitante percorre seu interior, apreciando diretamente as aves, em sintonia homem-animal, sem agredi-las, maioria delas características da Amazônia; viveiro de borboletas e beija-flores (Borboletário), com características parecidas, a possibilitar, também, a visitação interna, como se fora um zoológico aberto.
Em harmonia com essa paisagem foram introduzidas algumas edificações adventícias, tais: pórtico e administração, restaurante, mirante, quiosques, lanches e um antigo e precioso chalé de ferro em estilo francês, secular (que pertenceu à Companhia de Navegação da Amazônia e estava abandonado), ora servindo para exposição e venda de plantas, artesanato, livros e um café.
O pavilhão central, que abriga em dois pavimentos, confortavelmente, o Memorial Amazônico da Navegação (um museu da história naval nacional e regional) no térreo e o restaurante (internacional) “Manjar das Garças”, nos altos, situa-se num promontório que avança sobre o aningal e possibilita vista deslumbrante da Baía do Guajará, com seus barcos típicos e a silhueta do Centro Histórico de Belém. Passarelas sobre a várzea permitem a observação do aningal e vegetação ribeirinha autóctone.
Próximo aos viveiros, uma torre-mirante em estrutura metálica com 47 m de altura e dois estágios de observação permite visão privilegiada de todo o parque e grande parte da cidade, inclusive da nova orla – “Portal da Amazônia” - que está a ser construída para sanear essa margem molhada da periferia e já está com apreciável extensão acabada. No topo foi instalado um farol de sinalização, inscrito nas cartas náuticas brasileiras, o Farol de Belém.
Eis aí, meu caro aspirante a “pegar um Ita 'pro' Norte”, o que o espera em sua próxima visita a estes pagos parauaras, que já foram à atalaia do Norte, hoje guindados a Metrópole da Amazônia, urbe cabocla amada e cantada por seus ufanos cidadãos, dentre os quais se inscreve este escriba de modestos atributos propagandístico-literários.
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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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