ARAPONGAS E CARCARÁS
ARAPONGAS E CARCARÁS
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) aposenta ‘araponga’ e adota ‘carcará’. Para os menos esclarecidos saem “os arapongas”, entra o carcará. O novo diretor-geral, Márcio Paulo Buzanelli, pretende mudar inteiramente a linguagem usada atualmente na agência, e com isso imprimir no órgão, uma linguagem edificante. Buzanelli, paulista 55, também instituiu um hino, cuja letra é de sua autoria. O novo símbolo da Abin já está por toda parte, desde a sede até o centro de Brasília, a partir do chão da entrada principal da organização. Arapongas são aves pequenas, simpáticas, mas têm nome que não possui som agradável. Já no carcará acontece o contrário. Gavião do cerrado, popularidade como “pássaro de visão aguda, altivez, nacionalismo e controle do território onde habita”.
O carcará é uma ave valente, sagaz, e segundo os compositores José Cândido e João do Vale na letra de sua música eles “pegam, matam e comem”. Fica uma indagação plasmada no ar: será que a Abin quer pegar, matar e comer alguém? Márcio Paulo Buzanelli está com fome felina? O hino de Buzanelli começa assim: “A Abin é a luz forte que dissipa a escuridão/ Desfaz as incertezas e desvenda o sorrateiro/ Nós somos da inteligência brasileira/Anônimos heróis na busca da verdade. A autoria da música é do general Paulo Roberto Uchoa, secretário nacional antidrogas, no cargo desde o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), é cantado na abertura e no encerramento de cursos e em datas especiais: o Dia do Veterano, 29 de novembro, e na posse do novo secretário. Alerta: a data visa manter o vínculo dos aposentados com a órgão e o segredo das informações que obtiveram quando na ativa: “não quero que saiam por aí falando indevidamente”. Afirmação de Paulo Buzanelli.
A Abin tem uma nova bandeira azul e branca, também idealizada pelo próprio Buzanelli, uma outra para sinalizar que o diretor-geral está na casa, uma revista quadrimestral e um slogan novo: “Orgulho de ser brasileiro” criado pelo governo de presidente Lula da Silva. Queremos desmistificar a Abin como sucedânea do SNI (Serviço Nacional de Informação), da ditadura militar e fortalecer á lealdade e as relações afetivas entre os servidores e o órgão. Desde 1978, é funcionário da Abin no setor da segurança, substitui na direção-geral o polêmico delegado Mauro Marcelo. Buzanelli foi escolhido pelo general Jorge Amado Feliz, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, enquanto Mauro Marcelo foi nomeado diretamente por Lula.
Fez uma varredura geral, mudando os nomes das funções. Sua função agora é “comandante da inteligência” e os analistas passaram a ser: “oficiais de inteligência”. Isenta-se de militarismo e considera a função de comandante a aquela autoridade que comanda junto com os demais. Os funcionários novos e antigos tiveram que jurar fidelidade “à bandeira, à Constituição e à honra”. Com as novas medidas duplicaram os escritórios da Abin passando dos 29 para os 54, antes chamadas de agências, hoje superintendências. Manteve a proposta de seu antecessor Mauro Marcelo, de instalar escritórios na Venezuela, na Colômbia e na Bolívia, já possui representações Na Argentina e nos EUA (Estados Unidos da América), Buzanelli, foi “oficial de ligação” na Flórida (EUA), por dois anos e meio. Na tentativa de popularizar o órgão de informação, ele abriu a agência a visitas de estudantes de várias especialidades e afirma está de olho bem arregalado nas faculdades de jornalismo. É aí que a porca vai torcer o rabo. Um megalômano é um homem que pensa que se ele não tivesse nascido, o mundo precisaria saber por quê.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ESTUDANTE DE JORNALISMO DA FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA (FGF)-GESTOR DE EMPRESAS E MEMBRO DA ACI (ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA).