Planejamentos
2009 acabou, e você, certamente deve ter feito o seu planejamento para o ano que se inicia. Perder aqueles quilinhos, mudar de emprego, fazer aquele curso, visitar mais os amigos, ter mais tempo para si mesma...
Já notou como eles são parecidos? Não pretendo bancar a pessimista, mas os planejamentos de ano novo parecem sempre uma cópia do que escrevemos no ano passado.
Por que será que quase nunca cumprimos as metas estabelecidas no ano que se finda e invariavelmente acabamos por repeti-las no que está começando? Talvez seja culpa de nossa memória curta, da falta de tempo, dos imprevistos financeiros... é, talvez.
Não escrevo planejamentos de ano novo, até tentei algumas vezes, mas nunca consegui. Não sei se por conseqüência da correria característica desse período de transição de ano, da falta de inspiração, da preguiça... No fundo, acho que tenho medo, de ter que encarar minha listinha quando o ano estiver acabando novamente e me sentir frustrada por não ter cumprido a maior parte das minhas promessas.
Prefiro os balanços, talvez sejam menos empolgantes, mas ainda acho que são mais verdadeiros e funcionais. Gosto de refletir sobre como terminei o ano passado e como estou terminando o atual. Isso sempre me revigora, me traz um sentimento de ter evoluído, de talvez não ser ainda aquela mulher que eu teria colocado no planejamento do ano passado, mas de ter dado alguns passos a mais na direção da que eu pretendo ser.
Quero deixar claro que não sou totalmente avessa à planejamentos, penso que eles funcionam muito bem, em escolas, empresas e instituições em geral, mas creio que nossas vidas pessoais merecem um pouco mais de flexibilidade e leveza.
Desde que começamos a conquistar o mercado de trabalho, nós mulheres, adquirimos o péssimo hábito de achar que as mesmas regras que funcionam em nosso ambiente profissional devem ser aplicadas em todos os departamentos de nossas vidas. Mas a experiência tem demonstrado que isso não funciona.
Outro dia, li num artigo do jornalista Tião Martins que, se conselhos valessem alguma coisa, não seriam distribuídos com tanta fartura e tão escandalosa gratuidade, achei ótima essa paráfrase, e talvez esse ditado esteja mesmo certo. Mas perdoem-me a petulância e, se acharem conveniente, aceitem o meu de bom coração.
Rasguem suas listas de promessas para 2010, cá entre nós, sabemos que não irão colocá-las em prática mesmo! Desistam de ter o corpo igual ao da Juliana Paes, de serem tão bem sucedidas quanto a Michelle Bachelet, de se culparem por não terem suas paredes cobertas por diplomas, por nem sempre poderem visitar todos os seus amigos, ou por não terem conseguido tirar para si mesmas aquele tempo para um banho longo, fazer os cabelos e as unhas!
Em vez disso, aproveite a meia hora que te sobra depois do almoço para comer um belo chocolate ou tomar um sorvete e se lembrar de tudo que você já conquistou. De que mesmo com seus quilinhos a mais, você irradia uma beleza que ninguém mais possui (e não encare isso como conselho de auto-ajuda, você sabe que é verdade), de que apesar de não ser tão poderosa quanto a Michelle Bachelet, você conseguiu o milagre de sobreviver com o salário que ganha, de que apesar de não ter visitado todos os seus amigos, aqueles que realmente importam, ainda estão aí, mesmo que vocês passem muito tempo sem se verem.
Dê uma salva de palmas para si mesma por todas as suas conquistas, perdoe-se pelos seus erros, comemore as vitórias, aprenda com os fracassos, desista de planos grandiosos para o futuro, apenas faça com amor e excelência tudo que vier às suas mãos, e finalmente, viva intensamente cada minuto do tempo presente. Garanto que isso trará maiores resultados do que qualquer planejamento, por melhor elaborado que ele seja.