PSICOLOGIA PARA ESPÍRITOS LIVRES II

Não sei se o meu leitor(a) já ouviu falar sobre niilismo.

Já?

Se já ouviu, tenha paciência com os outros, pois vou explicar para quem não sabe.

Niilismo é o sentimento que homem moderno possui por querer o nada. Niilismo vem do latim nihil, nada.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) disse que quem não sentiu ou percebeu o niilismo da nossa sociedade moderna a conhece muito pouco.

A sociedade moderna sofre de um niilismo terrível, pois as estimativas absolutas de valor não são mais válidas para os nossos dias. Nós mesmos matamos essas estimativas de valor absoluto.

Não percebemos isso conscientemente. É nas profundezas de nosso inconsciente que o niilismo instala-se sorrateiramente.

Hoje não é mais possível trocar nossos potentes medicamentos por uma oração. Você não leva seu filho ao padre ou ao pastor se ele de fato estiver doente. Não se cura uma pneumonia com ervas de alquimistas ou benzedeiras.

Onde estarão os santos? Onde estarão os espíritos? Onde estará Deus? Será que nós os matamos todos?

Não é possível viver uma vida separada das facilidades tecnológicas. A modernidade, com sua técnica, sua indústria de massificação de tudo, de comercialização de todas as coisas, massificou até mesmo o sagrado. A igreja hoje é como uma vitrine de ofertas num supermercado. Inclusive as mais tradicionais.

Contudo, o homem continua a buscar o divino, isso é inerente à condição humana, demasiadamente humana.

Quando o homem percebe que as estimativas de valor absolutas já não fazem mais sentido, “Se Deus não existe tudo é permitido”, então cai em profundo niilismo. Sua busca por um sentido último, um valor absoluto, uma finalidade para humanidade, para história, um fim para o universo tudo é tornado uma busca vã.

O resultado é a perda de sentido da vida, tristeza e sofrimento.

O homem agora aspira ao nada, aspira à morte, está cansado da vida. Sócrates disse certa vez: “Viver é estar enfermo durante um longo tempo”. Sócrates desvalorizava a vida. Ele aspirava à morte, ansiava pelo nada.

O problema do niilismo é a desvalorização da vida.

Se não existe um sentido último, se não existe um fim para o homem, vamos então valorizar aquilo que temos de maior valor, a nossa VIDA.

Se não há um sentido último, então que cada um CRIE, ele mesmo, seus próprios sentidos, suas próprias finalidades, seus próprios valores.

Que afirme a vida da maneira que ela é.

A receita da felicidade é aceitação.

Não, não quero dizer aceitar tudo o que acontece, ser acomodado, resignado em tudo, mas aceitar as coisas que sabemos serem naturalmente imutáveis.

Por exemplo: É de grande valor fazer as pazes com a morte. Com a nossa, principalmente, e com a dos outros também. Aceitar a finitude, o aniquilamento total.

Duro, não?

É também de grande utilidade aceitar o mundo como ele é. Sem além-túmulo, sem post mortem, sem anjos, sem demônios, sem santos, sem sacerdotes, sem deuses...

Uma fórmula para a vida?

ACEITAÇÃO DA VIDA E DO MUNDO!!!

Isso mesmo, com todas as suas desgraças, guerras, mortes de inocentes, assassinatos, injustiças, roubos, falta de solidariedade - ora - desde o início dos tempos as coisas não foram sempre assim?

Nossos sentimentos e pesares mudarão o mundo?

NÃO!

São sentimentos inúteis.

O homem não será melhorado. Mais uma vez, o homem não será melhorado.

Se o homem tivesse que ser melhor esse objetivo já teria sido alcançado. Não somos cercados de religiões e “melhoradores” da humanidade por todos os lados?

Jesus não cumpriu seu papel? Serão ele e seu “pai” dois enormes fracassados?

Quanta moral há no mundo? Será ela eficaz?

É só ler os livros de história.

Há coisas que podemos e devemos mudar, mudar efetivamente, pois são mutáveis.

Por exemplo: Nossa carreira profissional, nosso nível cultural, nossa educação, podemos mudar de casa, trocar de namorado(a), trocar de marido, esposa, podemos nos curar de muitas doenças, viajar, aprender a viver melhor com nós mesmos, podemos utilizar nossa criatividade para solucionar nossos problemas ou criar obras de arte na música, na pintura, na literatura, na cultura...

Li num livro do Dalai Lama:

“Se uma coisa pode ser mudada você não deve se preocupar. E se ela não pode ser mudada você vai se preocupar por quê?”

A vida humana é isso mesmo, fatalidade e tragédia.

Alguns românticos querem edulcorá-la com lindos sentimentos. Sentimentos que nem sequer são bem definidos.

Portanto, é bom que tomemos as rédeas de nossa vida. Que não esperemos uma melhora do homem ou uma sociedade perfeita, pois isso, a história já mostrou, é IMPOSSÍVEL.

Escolheremos nossos próprios valores e viveremos uma vida de inocência. Sem carregar as culpas do mundo nem querer que este seja diferente do que é.

Quando queremos isso, o resultado é SOMENTE dor e sofrimento.

Meus irmãos e irmãs venham até mim, venham até mim! Eu lhes darei lábios, manjares e bebidas. E tudo o que as suas bem humanas insaciabilidades tanto almejam.

Venham até mim!

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 11/01/2010
Reeditado em 12/01/2010
Código do texto: T2023972
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