PELA DIGNIDADE DA MAGISTRATURA. COMO, SE EU MESMA COMO JUÍZA SOU DESRESPEITADA POR ALGUNS DOS MEUS PRÓPRIOS COLEGAS DE TOGA?

PELA DIGNIDADE DA MAGISTRATURA. COMO, SE EU MESMA COMO JUÍZA SOU DESRESPEITADA POR ALGUNS DOS MEUS PRÓPRIOS COLEGAS DE TOGA?

Essa pergunta que tenho feito a mim mesma, quando desde criança, meu saudoso pai, um homem que chegou ao posto de Coronel da Polícia Militar, comandando o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e, quando faleceu deixou-nos de herança material um apartamento que financiara do antigo BNH, porém, como herança moral seu legado é e sempre será um tesouro precioso que pautei toda a minha vida, a dignidade, o respeito pelo semelhantes sem distinção alguma, a honestidade ímpar, a honra. Há um bem maior que esse como exemplo a ser deixado, também, por mim, a meus filhos?

O Poder Judiciário me "arrancou" a toga aos 46 anos de idade, exatamente, por ser e seguir o exemplo do Alcione Pinheiro de Castro, um homem que, por onde passava era saudado com alegria, visível nos olhares das pessoas, em qualquer local, em qualquer situação, justamente por jamais ceder às tentações do poder, sem nunca haver "tomado" um centavo de ninguém por esse ou aquele favor (sei de muitos que o fizeram em nome dele, mas a Justiça Divina é implacável e esses mesmos já os ví "pagar" muito caro por usarem o nome de um oficial honesto que acreditava na raça humana).

Hoje, com tristeza acompanho juízes homenageando movimentos ilegais, impondo dogmas ou crenças, criticando nomeações constitucionais, opções sexuais como se gays ou lésbicas fossem doenças, falar com desdém de determinados votos de ministros de Tribunais Superiores, pior, quando alguma "voz se levanta" como tenho feito, assim como outros para defender ou mesmo lembrar que há uma Lei, a Constituição Federal, a LOMAN que nos impede de fazer determinadas coisas, sou humilhada, tratada com ironia e descaso por meus colegas, esses mesmos que deveriam me apoiar na busca pela Justiça para anular essa aposentadoria forjada que me foi imposta com um laudo mentiroso "comprado" pelas autoridades para que um psiquiatra que nunca me viu atestasse que sou insana. Quem pagou por isso? E o dinheiro veio de quem para um médico esquecer seu juramento, Hipócrates e todos os manuais de ética para mentir, com isso acabar com a vida profissional de uma pessoa que jamais deixou uma mácula sequer em qualquer decisão ou julgamento que proferiu?

Dizem que sou louca mesmo por ser a única ou único ser humano nesse Brasil a lutar para voltar a trabalhar, quando todos, inclusive de outras profissões fazem, exatamente o contrário, ou seja, querem ser taxados de portadores de doenças mentais para usufruírem de uma aposentadoria precoce, com vencimentos integrais. Eu não, enquanto viver, lutarei sozinha para que a verdade venha à tona, provando ao Brasil inteiro que a magistratura paulista mentiu ao declarar uma juíza portadora de transtorno bipolar com sintomas maníacos psicóticos (lindo nome, não é para uma doença mental?) só para livrarem-se da Roseane Pinheiro de Castro, juíza vitalícia que ousou desafiar o "Sistema" condenando coronéis, principalmente, corruptos, ladrões, assediadores sexuais que, nesse último caso, por não ter previsão no Código Penal Militar, usava de todas as outras opções que as leis me davam para colocá-los na cadeia.

Por tudo isso, também por falar o que sinto e penso, sou ignorada pelos meus colegas, esses juízes que se consideram acima de tudo e todos com gargalhadas, ironias vindo desses semi-deuses da toga para comigo. Com muita tristeza afirmo, ainda me desrespeitam para terem o gostinho de ser mais um a tripudiar sobre essa juíza. É brincadeira alguém ser destratado pelos seus próprios pares para me fazer calar?

Ledo engano o deles. Podem continuar a fazer o mal que quiserem a mim ou pensar que o fazem, porém, tenho DEUS a me proteger e amparar. ELE não me deixa "cair", esmorecer, tampouco me permite abater cada vez que sou "atacada" por colegas-magistrados. Pelo contrário, quanto mais me ironizam, ignoram, mais forças adquiro para seguir adiante a minha batalha para reaver minha toga e, em consequência, retornar a trabalhar, cumprir meu dever de ser juíza na atividade porque sei que a sociedade precisa de mim, pois há tempos a vaidade do cargo deixou de existir por ter vivenciado o que muitos sequer imaginam o que é ser execrada, publicamente, tratada como louca quando, nos Tribunais de Justiça do Estado de São Paulo são sabedores que tudo não passa de um engôdo para se livrarem de um magistrado que não temia nada e ninguém, somente sua consciência, cumprindo seu mister com humildade, seriedade e honradez.

Um recado a muitos juízes: para ser respeitado, dignificado como ser humano ou magistrado, respeite primeiro, seja você o mais digno de todos e não o contrário como tenho visto por esse Brasil quando esses mesmos juízes que deveriam honrar sua toga a usam para benefícios pessoais ou, repito, tripudiar seus próprios colegas são ou mais juízes como eles porque possuem a coragem que a maioria não têm, lutar pela Verdade até vê-la prevalecer. É o que farei, enquanto, ainda existir em mim um sopro de vida!

“Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu.” Fernando Pessoa

São Paulo, 13 de dezembro de 2009

Roseane (Zane)

Juíza de Direito Militar

PS: a palavra "juízes" e outras foram usadas várias vezes, propositadamente. Ademais, quem não gostou da redação por nada ter conferido ou corrija-a ou não leiam. É um favor que me fazem...

www.roseanepinheiro.blogspot.com

www.massacredasminorias.com

Zane
Enviado por Zane em 10/01/2010
Código do texto: T2020870