RETRô: Os guilherminos.

Fim de ano é tempo de retrospectivas; de recordações. De avaliar e fazer promessas que jamais serão cumpridas; é tempo também de saudações e de desejar coisas impossíveis e subjetivas, e que por isso nunca serão conseguidas; a paz é uma delas. A outra pode ser o desejo de justiça, que muitas vezes quer dizer vingança. Além disso, é a época das festas, dos presentes, das comilanças e das beberanças; das festanças que só vão acabar depois do carnaval. Como se sabe é a partir dessa data que começa o ano.

Olhando pra trás, lá pro início do ano que recém se foi, podemos ver que apontar dois ou três graves casos de corrupção no Governo é impossível, pois são dezenas, centenas talvez. Não se sabe.

Veremos também que nada mudou, nem ninguém deseja mudar, quanto aos absurdos legais e que só por serem assim vão se perpetuando nos jeitos de ser e de fazer dessa nossa sociedade brasilina. Um governador, ou um prefeito, acusado julgado e provado ter usado de meios ilícitos para eleger-se é afastado pomposamente do cargo. Aí assume o adversário político dele que ficou em segundo lugar; com menos votos, sem maioria, indesejado e que também pode ter usado e abusado do caixa dois. Balela; em política ninguém fica em segundo lugar. Perde-se ou se ganha e ponto final.

Torcedor, quando substantivo masculino, é para nós brasileiros quem é fanático aficionado por determinado clube de futebol; e a torcida são todos eles, assim organizados. É o nome que se dá a eles aqui no Brasil. Porém há um núcleo que reúne bandidos e malfeitores amadores por prazer e opção com estranhos nomes: fúria verde, garra vermelha, oligofrênicos alvinegros. Esses, detestados pela grande maioria dos torcedores, são os que promovem as mais deprimentes cenas de selvageria dentro e fora dos estádios de futebol. E existem com a permissão dos dirigentes; e são eles que destroem o patrimônio dos associados. É muito estranho isso.

O suplente é alguém que substitui o titular na ausência dele, como se sabe. Porém suplente de quem foi eleito pelo voto proporcional não tem voto; ninguém votou nele e ninguém sabe de quem se trata, pra que é que serve. Assim, quando um senador, por exemplo, deixa o cargo, assume o suplente, sem voto, sem eleitor, sem legitimidade representativa. Um terço de nosso atual Senado é composto por esses estranhos seres republicanos.

O ano terminou e continuamos com vices. Presidente, governadores e prefeitos têm vices que são eleitos a reboque sem muito conhecimento do eleitorado; mas, são eleitos. Já a serventia é discutível. Os países do G8, exceto os EEUU, não tem vices e são republicas. Outros também. Porém a concentração de vices está nas Américas. Todos os países, estados, ou províncias, municípios, têm vices. Sob a inspiração dos EEUU todas as Repúblicas americanas têm vices nas suas organizações políticas mais ou menos semelhantes. Aqui, o vice assume e governa, na ausência do titular, enquanto o dono do posto trata das questões pelas quais teve que ausentar-se. Assim temos dois Presidentes; um aqui, com todos os poderes, e outro lá fora com idênticos poderes. E assim ocorre nos estados e nos municípios. Estranho isso.

Quem sempre tem uma explicação para qualquer coisa que faz ou que deixa de fazer, provavelmente estará errado. Na maioria das vezes explicações não justificam as atitudes. Desconfie de quem sempre encontra um motivo para justificar suas atitudes. Sou bem radical nessa questão; o que está certo não se explica. Isso porque há uma lógica nas ações acertadas, nas decisões corretas. Longe de ser maniqueísta não creio na simplicidade da divisão por dois, seja lá do que for. É claro que uma boa explicação tira dúvidas, desfaz mal entendidos e, muitas vezes, conserta o que parecia irremediavelmente perdido; desfeito ou com defeito. Os guilherminos são peculiares seres desprovidos da lógica já que não seguem as leis do raciocínio. Esses seres estranhos, os guilherminos, estão por todas as partes do planeta e nesse ano de 2009 estiveram mais ativos do que se imaginava ser possível. São vistos em qualquer cidade de todos os países, exercem várias profissões, são comumente encontrados em repartições públicas, nas câmaras e assembléias legislativas e, em grande quantidade, nos judiciários. Alguns ocupam cargos nos executivos como se isso fosse uma profissão.

Outras atividades, ofícios e profissões, também são exercidas por guilherminos, esses, porém, com outras características. Os primeiros estão nas atividades públicas, como se vê; já esses os das atividades privadas, apresentam características especificas. A profissão molda cada um. Assim, encontramos guilherminos médicos; “o que o senhor tem?” perguntam como se não soubessem o que fazer com o paciente. E muitos não sabem. O guilhermino jornalista é óbvio, previsível e geralmente mal informado; às vezes, muito estranho.

O ônibus tombado na estrada, dezenas de corpos mutilados pelo chão, uma mulher agarrada ao que sobrou do corpo do filho, chora desesperada. O repórter guilhermino pergunta: “como a senhora está se sentindo?”

Guilhermino não é sinônimo de nada, guilhermino é um jeito de ser; é estatus do mal acabado com relativo sucesso; ou influência passageira. Entre as quatro principais características deles, uma delas destaca-se e lhe dá forma e aparência. É sorridente, elogia, promete e depois que se fez acreditar, escafede-se por falta de tempo, de oportunidade, e não atende nenhum chamado; sejam eles por telefone, e-mail ou por outros meios modernos disponíveis. Há sempre um motivo, uma razão e um por que para justificar toda e qualquer atitude, digamos assim.

A desfaçatez é o fluido vital que sustenta o guilhermino.

Neste ano que se foi, alguns guilherminos cruzaram meu caminho, como, certamente, de tantas outras pessoas. Entretanto, assim como as aves que aqui gorjeiam não o fazem como as de lá, meus guilherminos não gorjeiam como os dos outros. Um certo Rossir Berny, dito poeta e editor, e talvez até seja mesmo isso tudo, descobriu meu endereço eletrônico e ofereceu-se para publicar livros meus incluindo a participação em feiras de livros, as mais importantes e muitas outras vantagens que na verdade não passam de obrigação e rotina de editoras. Qualquer um que queira edita seus livros sabe, como sabemos nós, como, quando, onde e a que preço isso pode ser feito. Sabemos também quais editoras oferecem seus serviços, e a que custo, e aquelas que ignoram autores que não sejam os já consagrados no exterior; basta traduzir e editar. Fora disso dá muito trabalho e custa um bom investimento. Pois não sei por que cargas d’água um certo Rossir Berny me convenceu quando solicitou que lhe envia-se o texto de um livro para editar. Como hoje em dia não existem mais “originais”, mandei-lhe uma cópia e trocamos alguns e-mails até que não mais me respondeu. Não sei o que ele vai fazer com esse meu livro. Não sei se ele considera o livro bom ou péssimo; mesmo que isso seja uma avaliação subjetiva. Não sei que diabos é essa tal de “avaliação técnica”, que ele diz ter que fazer, nem sei quem faz e nem mesmo pra que é que ela serve. Há meses desisti de tentar falar com ele, apesar dos sempre gentis e-mails que me mandou; uma espécie de ”enrolação”, de “empuração-com-a-barriga” desnecessária já que não pedi nada e nem preciso dele. Pois esse guilhermino pode estar fazendo das suas por aí com outros escritores mais ingênuos do que eu, mais jovens do que eu e que ainda acreditam que os guilherminos não existem.

Contrário ao sufixo de comunismo, cristianismo, cubismo e outros que significam doutrina, sistema ou princípio entre outros formadores desses substantivos, o quilhermismo trata apenas de questões relativas ao caráter. Especificamente ao mau caráter. Praticantes ou apenas simpatizantes do quilhermismo buscam apenas a negação do que é de direito liquido e certo; negam até a morte. Não sua existência, mas qualquer outra coisa até a morte que não seja para justificar e explicar.

Lá se foi o ano; de vereda e de supetão e sem nenhuma novidade que valha a pena. Como a primeira década do Terceiro Milênio acabou com ele, vale lembrar e recomendar certas atitudes necessárias para enfrentar a tormenta que será ter que agüentar o principal assunto dos próximos anos: AGA -Aquecimento Global Antropogênico.

Os fortes inventaram as leis para governar os fracos. Os fracos inventaram a ética para limitar os poder dos fortes.

Não se deixem enganar pelos Al Gores da vida, (lembrem-se dos guilherminos) esse moderno pagão, pregador do catastrófico aquecimento global produzido pelo homem. É o culto a Gaia: que gera mais impostos e poder, para políticos e governos, mais verbas e prestígio para cientistas e Ongs, mais assunto e faturamento para a mídia. A AGA é a nova Religião Política.

Aos criacionistas cristãos, portanto, recordo que: “E disse o Senhor em seu coração (de Noé): não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde sua meninice: nem tornarei mais a ferir todo o vivente,como fiz.Enquanto a terra durar,sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão.” (Gn 8: 21,22)

E aos céticos como eu que o Co2 não é poluente, é um gás que a natureza produz em quantidade maior do que a que o homem seja capaz de fazer. O AGA é uma farsa, se não uma pilantragem. Nada, coisa nenhuma, nesse nosso sistema solar, é mais quente do que o sol. E no universo nada é igual e nem existe para sempre. Nosso planeta não foi sempre assim tão belo como nos parece; sob essa nossa estética de hoje. Tudo na natureza que achamos lindo é resultado de uma tragédia; cachoeiras, cascatas, cânions, vales, montanhas, ilhas. Vivemos arriscados sob uma bola com o miolo incandescente, envolta em ventos e correntes oceânicas e marítimas que se comportam segundo um sistema independente do homem. Nós não somos sujeitos da ação; somos figurantes nesse palco esférico que, sabe-se, existe a aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Os homens sábios apareceram há 200 mil anos apenas e a Terra ainda não era como é hoje. Há 6 mil anos formamos as primeiras civilizações; há 3 mil anos formávamos os Estados; há mil anos, as idéias e as tecnologias, a ciência; há 500 anos fomos exploradores e colonizadores entre nós mesmos; a democracia e os direitos humanos não completaram sequer 100 anos. O que nós, os humanos, seríamos capazes de fazer para esquentar a Terra e com isso destruí-la? E a ciência, pararia assim de repente? Nada mais será criado, inventado para melhorar nossa vida? Não surgirão remédios, técnicas cirúrgicas e equipamentos capazes de curar, de substituir órgãos, ossos, partes do corpo? Não seremos capazes de encontrar novas formas de energia, novos tipos de combustível, novos motores, novas formas de locomoção, de comunicação?

Nada é pra sempre e da mesma maneira. No segundo milênio dessa nossa contagem ninguém imaginaria possível encontrar terra além do mar tenebroso. Mas alguém, movido pela curiosidade, que é o motor da ciência, descobriu que a Terra é redonda e que ela é um planeta girando em torno do Sol. E depois, que outros mais também são redondos, uns maiores outros menores, mais próximos mais distantes. Vamos visitar a Via Láctea. Vamos fazer um “tour” pela nossa, digamos, ainda que mal comparando, cidade. Idade: 13 bilhões e 800 milhões de anos.Numero de casas, digo de estrelas: 200 bilhões. Uma delas é o Sol, nosso bairro, um planeta girando em torno dele é a Terra, nossa casa. Que capacidade nós temos de destruí-la? Não sou especialista no assunto, mas não confundo aquecimento global com efeito estufa, pois não! Também não sou um climatologista, assim como o Al Gore também não é. O que comprova o aquecimento global não prova que os gases do efeito estufa causem esse aquecimento. Consenso não é evidência e a ciência não é nada democrática; é observação, experiência, comprovação. O AGA é apenas uma teoria, portanto, ele deve ser questionado. Crer não é nada científico e não proporciona nenhuma forma que evidencie que uma idéia possa ser provada falsa. Portanto, tranquilizemo-nos já que o mar não vai subir por que o gelo está derretendo; Al Gore acha que sim. Isso é baralhar causa com efeito. Cuidado! Ele pode ser um eco-guilhermino.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 09/01/2010
Código do texto: T2020180
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