POR UM MUNDO MELHOR

“- Viva o Padre João Botelhôôô ! ...”

“- Vivaaa ! ...” – repetiram em coro uníssono os estudantes.

Foi assim que chegamos à praça do comício. Muita gente lá estava, aglomerada, a ouvir os diversos oradores, cada qual mais eloqüente.

E nós, estudantes do Colégio Municipal de Belo Horizonte, também lá estávamos, unidos, sentindo conjuntamente a ofensa, a injúria e a calúnia dirigidas a um legítimo representante da Igreja Católica, um ministro de Deus.

Um jornalista cretino, um, apenas, dos muitos indivíduos materialistas dos nossos dias, caiu no ridículo, na imbecilidade de criticar um sacerdote pelo seu trabalho de defender a moral (POR UM MUNDO MELHOR), insurgindo-se contra a patifaria reinante nos concursos de beleza.

Já era sabida de todos a degradação, a sujeira e as maroteiras praticadas sob o título de “Concurso de Beleza”. Já era conhecida de todos a pouca vergonha que impera nesses certames, promovidos apenas com o intuito de dar vasão aos ignominiosos e infames instintos dos grandes, dos “gentleman” do nosso “society”, em seus bastidores.

No entanto, quando um padre, uma pessoa totalmente credenciada para discutir o assunto, pronunciou-se contra tais fatos, contra esse costume que vai se tornando comum em nossos dias, foi injustamente caluniado e ofendido em sua moral por um indivíduo, um partidário do materialismo, um dos seguidores da filosofia de Epícuro, ainda muito influente em nossa época.

E, naturalmente, a reação não se fez esperar. Nós, católicos, sentindo inimigos atentarem contra a nossa cidadela, tentando corromper os baluartes da nossa moral cristã, unidos em público, protestamos ao ataque, ao sórdido ataque.

E também nós, estudantes, futuro de um Brasil melhor, lá estávamos, juntos, a prestar o nosso modesto mas sincero apoio ao trabalho do Padre João Botelho.

Manifestamo-nos após o comício, aliás transcorrido dentro de um clima ameno, numa passeata organizada às pressas, com um rústico cartaz em letras garrafais clamando um brado de “VIVA O PADRE JOÃO BOTELHO!”.

Seguimos pela Avenida Afonso Pena, dirigindo-nos para a fachada dos “Diários Associados”, sempre dando “vivas” contagiantes ao defensor da moral conspurcada.

Entretanto, chegando defronte ao Cine Metrópole, fomos obstados por uma corja de incógnitos, os quais se diziam “tiras” da Polícia, o que todavia não nos parecia. Provavelmente, queremos crer, seriam “capachos” dos causadores das injúrias.

Final do espetáculo:- o cartaz foi tomado, destruído e massacrado pelos indivíduos, na ânsia de abafar a voz do direito, da moral e dos bons costumes tão duramente maculados.

Sem mais delongas, descemos então a Rua da Bahia, morrendo aos poucos em nossas gargantas, já roucas, os gritos de “VIVA O PADRE JOÃO BOTELHO”, “VIVA A MORAL”, etc., etc. .

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B.Hte., 1958 (Bons tempos de estudante ginasiano. Quanta saudade! ...)

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 06/01/2010
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