Alunos e delinquência: qual o papel da escola?
Recentemente, participando como palestrante em um evento no estado do Pará, um diretor de escola pública estadual enfatizou, em sua fala, que “escola não é lugar de delinquente”. A meu ver, uma colocação muito infeliz, muito aquém da verdadeira educação e do papel da escola na sociedade. Senão vejamos.
Um jovem geralmente se torna delinquente devido a algum tipo de exclusão. Não sendo aceito pela escola, está sendo excluído mais uma vez, com maior probabilidade de continuar na delinquência. Lembrei-me do filme “Ao mestre com carinho”, em que um professor novato aceitou o desafio de trabalhar com uma turma de alunos difíceis, envolvidos com drogas, com vários tipos de delitos e de um texto bíblico em que Jesus afirma que os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. O diretor eximiu a escola de responsabilidades em relação a esse tipo de jovens, empurrando o problema para o governo e outras entidades de recuperação de delinquentes juvenis. E a escola, não pode fazer nada em benefício desses jovens? Não pode estabelecer parcerias no desenvolvimento de projetos? Por que não trabalhar com teatro, jogo de xadrez, prática de esportes, artes, entre tanto outros?
Não é fácil trabalhar com esses alunos, principalmente para os professores; e pior ainda quando não se tem o apoio da direção da escola – afirmo isso por experiência própria.
A visão desse diretor é, portanto, excluir os já excluídos. Direito de recuperação zero por parte da escola. E a meu, ele é quem deveria excluir-se da educação.