TEORIZANDO O CONHECIMENTO

Sem a filosofia não poderíamos pensar sobre a estrutura do conhecimento. O fenômeno do saber não seria estudado e todo o esforço humano com o fim de apreender um dado objeto não teria uma adequação sistemática no tempo e espaço. Ela se apresenta em três vertentes: a concepção do universo, metafísica; dos valores, ética e religião e teoria da ciência que, por sua vez, bifurca-se em lógica e teoria do conhecimento.

Esta é o próprio estudo do fenômeno de compreensão consciente de dado objeto. Revela como o conhecimento se apresenta, a maneira com que ele se faz “um” com o sujeito que o deseja. Assim, teoriza sobre o encontro da verdade, sendo esta, o conhecimento comprovado. Essa certeza de validade do objeto a fim de validá-lo como verdadeiro teve o seu estopim com Déscartes.

Ao longo da história foram estabelecidas diversas teorias com o fim de definir qual seria a forma ideal para compreender dado objeto. São eles: o dogmatismo, o ceticismo, o criticismo, o idealismo, o realismo... Grandes influenciadores também foram Locke, Hume e, Kant, com sua teoria crítica.

Todos os estudiosos da teoria do conhecimento, agregaram a essa ciência também chamada de epistemologia estudos sobre a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento.

Quando da Antiguidade, contribuíram para a teorização do conhecimento. Os Pré-socráticos, nos mostraram que deveria haver o desligamento da filosofia e mitologia. O pirronismo nasceu como uma filosofia de indiferença absoluta em relação à tudo. E os Pós-socráticos com o Estoicismo apregoaram a rigidez formal e o elogio às virtudes.

Na Idade Média, durante a decadência do Império Romano, emerge a “Patrística”, filosofia dos padres que agregou a fé e a razão. A concepção mística criada para a compreensão do mundo real, só veio a declinar no século XIII com São Tomás de Aquino, retomando o pensamento de Aristóteles de que as idéias são fundadas na realidade e concebidas no espírito, dando origem à Escolástica. Em contrapartida a essa concepção a figura ilustre de Montaigne partiu do pressuposto de que o conhecimento adquirido sofre a influencia de fatores pessoais, sociais e culturais, originando o Ceticismo. Os céticos moderados apregoam que ainda que existam interferências pessoais e sociaisara a apreensão do conhecimento, ele deve ser perseguido.

O ser humano como indivíduo racional que pode intelectualizar o conhecimento, indagá-lo, compreendê-lo, aprimorá-lo, foi grandemente enfatizado na Idade Moderna e Contemporânea, iniciando-se por Locke. No século XVII, Déscartes formulou uma maneira inovadora de construir o conhecimento, a destruição das pré-concepções e a apreensão daquilo que se tem por evidente. Como o conhecimento é uma maneira eficaz de se utilizar dos recursos naturais, a melhor maneira de garanti-lo seria com um novo método, mais metódico, o empírico. Tal foi observado nos estudos de Francis Bacon. O criticismo Kantiano abarca essas duas concepções, une o racionalismo e o empirismo e afirma que só é possível o conhecimento do real em aparência e não em verdade.

O positivismo de Comte alude que o conhecimento científico válido só pode se dar com a observância dos métodos das ciências da natureza. Contrapondo-se a essa ideia, observamos o idealismo hegeliano, entendendo que o mundo cognoscível é fruto das idéias do espírito. Já o materialismo marxista aduz o contrario, que é o espírito que deriva da matéria. Esta teoria divide-se em mecanicista - determinismo, reduzindo o homem à animal - e dialético - a consciência determina e é determinada pelo real; a ação do homem sobre o mundo o liberta. A crise desta teoria veio com as idéias de Nietzsche, Kierkegaard e Freud, com a psicanálise.

Com a Escola de Frankfurt há uma compreensão mais humana do saber, afirmando que com as técnicas absolutamente empíricas e materialistas haveria uma supressão das emoções humanas, o que fragilizaria o conhecimento, tornando-o inadequado à intelecção humana.