ENSEADA DO BANANAL – 2010 JÁ COMEÇA COM UMA TRAGÉDIA

Infelizmente, essa tragédia ocorrida na noite da virada, numa ilha paradisíaca de Angra dos Reis, que vitimou todo tipo de gente, inclusive pessoas ricas, tornando-as tão pobres, indefesas e sem nenhuma chance escape, quanto qualquer outro mortal, acabou se tornando o assunto do momento. A pousada Sankay, uma das construções que foi parcialmente soterrada na madrugada desta sexta-feira (1º de janeiro de 2010), em decorrência das fortes chuvas que nos últimos dias tem atingido o Rio de Janeiro, estava localizada na enseada do Bananal, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. Segundo informações de agências de viagens, um pacote para uma família com 3 pessoas, nessa época do ano, chegava a custar mais de R$ 5.000,00. O site da própria pousada informa que suas estalagens contavam com cinco estilos de suítes com varanda de frente para o mar, além de oferecer atividades recreativas para os hóspedes, decks e restaurante panorâmicos, além de uma praia exclusiva, duas piscinas, salas de ginástica e musculação, biblioteca, salas de TV e de karaokê. Coisa pra gente grande mesmo! Contudo, mesmo sendo um ambiente tão chique assim, não foi possível se evitar a tragédia, que é lógico, ninguém esperava. Junto com parte da pousada, foram soterradas também 7 outras casas de famílias ilhéus, que serviam para hospedar informalmente, visitantes ricos neste época do ano. Mas a Bíblia afirma em Eclesiastes 8:8 que “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte”. E agora, quem é culpado por tudo isso? Não podemos julgar nem apontar, mas podemos recorrer a fatos que nos farão refletir. Por exemplo, sabemos que todo o território da Ilha Grande é preservado pela Área de Proteção Ambiental estadual de Tamoios. Lá, as construções só são permitidas em algumas zonas, contudo a exploração desordenada tem crescido assustadoramente, com ocupações irregulares em encostas, terrenos acima de 40 metros, costões rochosos e praias, todas áreas protegidas. Um levantamento da prefeitura de Angra dos Reis revelou que 64% da ocupação da ilha são ilegais, mas que fique claro! Em nenhum lugar há se quer uma citação a esta pousada. Os técnicos dizem que varias construções foram erguidas em encostas inseridas em Área de Proteção Ambiental (APA), o que, segundo eles, configura crime ambiental. Acontece que antes das tragédias, ninguém faz nada pra mudar esse quadro, uma vez que aquele pedaço de paraíso se tornou o destino preferido e “exclusivo” dos ricos e poderosos. Está tudo errado, pois a lei 7.661/88 Art. 10, diz que as praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, por qualquer cidadão comum. Segundo essa lei, não é permitia urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado de todos a estes locais. Mas aos políticos, autoridades, poderosos e ricos, não vale a pena fazer valer essa lei, pois se o fizerem, estarão prejudicando a si mesmos. Na verdade, eu até que gostaria de também poder passar um réveillon numa dessas ilhas de Angra, mas minha grana não dá pra pagar essas “humildes” diárias. Algo interessante que descobri é que a palavra “sankay” em japonês significa: “entre a montanha e o mar”, ou seja, justamente num lugar onde as construções se tornam mais arriscadas, só que até ontem, este pequeno detalhe havia passado despercebido. Numa reportagem da Veja Rio de novembro de 1995, essa pousada foi citada como sendo “um porto seguro para vários tipos de viajante”. Pode parecer irônico, mas o texto dizia isso e dizia ainda que “lá o visitante Poderia pescar, mergulhar, navegar e explorar trilhas, além de “curtir o sossego” de águas claras e calmas, em meio a muito verde”, verde este que acabou desbarrancando em cima de parte de seus hospedes. E a revista terminava sua nota informando que para o Réveillon, não havia mais vagas. Infelizmente, às vítimas fatais da enseada do Bananal, moradores e hóspedes da pousada Sankay, não há mais nada que possamos fazer, mas aos outros ocupantes daquela ilha, fica aqui uma oportunidade de reflexão. Será que vocês estão agindo corretamente quando desmatam e constroem seus palácios de veraneio sem pensar nos estragos causados a natureza? É hora de refletir! Pensem no que disse Salomão, pois nem todo dinheiro deste mundo dá ao homem o domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco o poder sobre o dia da morte. Uma coisa é certa, todos nós vamos morrer um dia, ricos e pobres, brancos e negros, turistas e trabalhadores, mas será que estamos preparados para isso? Pense nisso!

No amor de Cristo,

Pr. Antônio Ramos