NATAL, FESTA LAICA
Então é natal!
Todo ano, a mesma coisa.
Gente correndo como louca atrás de coisas para comprar, gente que te odiou o ano inteiro te dando abraços, glutonarias e bebedeiras reiteradas, estradas entupidas de carros...
Isso é o natal.
Festa cristã?
Não, não. Não há nada de cristianismo no natal. O que há é uma festa bem humana, laica, quase uma festa da carne.
O vazio, o nada é o signo maior de nossos tempos.
Os próprios crentes estão tão imersos e cegos no niilismo do mundo moderno que não conseguem enxergar seu comportamento extremamente laico com embalagem religiosa.
É isso!
Embalagem religiosa.
A festa “cristã” tem Cristo somente no nome. O seu núcleo, a sua essência, foi perdido, assimilado pelas modernas tendências capitalistas modernas.
Tive uma boa conversa com um amigo, e ele me disse que havia escutado um filósofo a falar no programa Roda Viva, da TV Cultura. Perguntaram ao filósofo se ele acreditava que o capitalismo um dia acabaria, ele respondeu:
- “Acho muito difícil. Pois o capitalismo tem um poder muito grande de adaptação, ele se adapta a tudo. Até mesmo o comunismo é adaptado. Você pode ser um rebelde comprando uma camiseta do Che e lendo um livro do Marx, ambos comprados com seu cartão de crédito.”
Ou seja, tudo é destruído ou incorporado pelo capitalismo. O que ele não pode destruir ele incorpora.
Destrói o meio ambiente, por exemplo. Destrói as relações humanas, transformando em relações de negócio, de mercado. Incorporou o sexo, o comunismo e a religião, pois não conseguiu destruí-los completamente.
Você pode ser um capitalista cristão ou um rebelde que fatura milhões.
Você pode, dentro do capitalismo, comemorar o nascimento de Jesus Cristo com bebedeiras e comilança.
Reflexão sobre algum significado que seja...
Bem, diria um “amigo”,
- “Joaquim, não seja idiota. Aproveite, comemore”.
Este é o nosso natal 2009, aproveite o peru!
Uma festa já tradicionalmente laica, embora com uma embalagem hipocritamente religiosa.
Feliz Natal!