A GESTÃO DA EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA, OS PARADIGMAS E A EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE.

Os paradigmas arraigados à nossa sociedade desde a época da ditadura denotam à educação uma postura servil, voltada para a ordem e o controle social.

A quantidade de discentes na escola sempre sobrepôs-se à qualidade, visto que o importante era formar técnicos voltados para o trabalho técnico e obediente das fábricas advindas da Revolução Industrial. A Constituição de 1988 e a LDBEN em 1996 foram as grandes legislações responsáveis pelo começo da mudança de nossa educação rumo à uma maior autonomia e descentralização do poder.

Passa-se a discutir e estabelecer critérios para que a escola possa ser gerida pos gestores democráticos, que transformem sua prática em uma verdadeira revolução comunitária.

Mas para que efetive-se verdadeiramente a gestão democrática, o gestor precisa ser eleito, por meio de eleição direta, com a participação dos diversos atores da comunidade escolar. Precisa ser líder por natureza, apresentar grande conhecimento de suas funções, possuir flexibilidade, dinamismo e precisa ser um mediador de conflitos, um animador, coordenador dotado de competência, técnica pedagógica e percepção política.

A mudança vai além das estruturas organizacionais e exige mudanças de paradigmas. É necessário contagiar a todos para que efetive-se a mudança. O clima precisa ser de confiança, integração, diálogo, cooperação negociação e direito de intervenção nas decisões. O conceito de autonomia da escola, poder, participação e compromisso de seus atores precisa acontecer realmente.

Todos os participantes do processo educacional precisam reconhecer-se como autores do mesmo, entendendo assim a sua importância como participantes da “instituição escola”.

O envolvimento dos profissionais da educação na construção do Projeto Político Pedagógico e a participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes que sejam consultivos e deliberativos, denotam a autonomia da gestão democrática.

A escola cidadã é aquela que prepara o indivíduo para a vida real, partindo de sua realidade e transformando-a a partir de conhecimentos adquiridos. Para que ela exista, é necessário que o gestor modifique as práticas pedagógicas da instituição, de forma que aconteça uma transformação da qualidade no ensino público.

A qualidade do processo educativo está intimamente ligada ao seu entendimento: metodologia e finalidade. Quando a população entende e vê na escola possibilidades de mudanças sociais, passa a interessar-se e participar de suas ações.

A partir disso, o educando vê a escola com outros olhos, e passa a ser respeitado como indivíduo que precisa evoluir na perspectiva do aprender. Passa a ter desenvolvido seu raciocínio, sua capacidade de criação e inovação, através de um currículo vivo, que transforma-se de acordo com as necessidade da comunidade

Uma nova dimensão do currículo exige um novo perfil de educadores, que precisam incorporar à sua formação um novo modelo de educação: a participativa.

Na gestão democrática, o professor desce de seu pedestal de mestre que detém todo o conhecimento, para professor em constante aprendizado e fazendo parte de um processo de auto-avaliação e reconstrução de todo um sistema educacional. Todos passam a ter importância no processo, tornando-se atores e autores da realidade educacional, que em breve demonstrará essas modificações na realidade social do país.

A quebra de paradigmas é difícil, porém a necessidade da democracia verdadeira e do direito à cidadania faz-se presente e necessária. Temos todos que conscientizar-nos de que a mudança precisa acontecer e procurarmos fazer o possível para que ela efetive-se, de maneira a tornar a “lei do papel” uma realidade em nossas vidas, buscando a melhoria do ensino, da qualidade de vida e conseqüentemente do crescimento de toda uma nação carente de educação verdadeira e de princípios igualitários, sem distinção de direitos a quaisquer de seus cidadãos.

Cláudia Marques
Enviado por Cláudia Marques em 22/12/2009
Código do texto: T1990756
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