Erre

Chico Piancó

Erre

Na vida passamos por situações que, se pudessem ser antevistas, seriam evitadas. Assim é a vida. É assim que a vida é. Realidade nua e crua. Sem artefatos mirabolantes ou truques fantásticos. Simplesmente, vida.

Falo isso com a convicção de quem já errou bastante, e continua errando. Sem querer, propositadamente, sob várias formas. Mas quem foi que escreveu a lei onde se lê que não se pode errar? Eu nunca vi.

Tem erros que são deliciosos de se cometer. Uma maravilha mesmo, que delícia! Como do quando você tinha certeza que no outro dia ia tomar esporro, mas mesmo assim dá uma escapadinha, daquelas inocentes, mas cheias de malícia.

Ou daquela chuva que você insistiu em tomar, se molhando da cabeça aos pés, numa sem pressa de se abrigar, já contando com o princípio de pneumonia do dia seguinte. Mas sem toda essa situação, o beijo não teria sido tão gostoso.

Portanto, amigo, erre. Erre com vontade, sem piedade, com convicção, na certeza de que evoluiu, ou que pelo menos foi muito feliz, cometendo o mais sublime dos erros. Por você, sem dor na consciência. Afinal o ser humano aqui é você.

Erre, na esperança de acertar. Ou não. Erre por amor. Ou a procura de um amor. Erre por você, erre por errar. O erro conduz ao acerto, e não deixa de ser valioso. Deixe os outros com raiva de seus erros. Afinal, a raiva é uma benção. Indiretamente, você estará trazendo mais vida para eles. Sentir alguma coisa além dessa mesmice em que vivemos. Sempre é bom, faz bem pro coração. Erre.