O DESTINO DO HOMEM E O DESATINO DAS FRUTAS.

O DESTINO DO HOMEM E O DESATINO DAS FRUTAS.

Um dia tudo chega ao seu destino. Para algumas frutas, seu destino é virar suco. Para outras, ser semente e fecundar a terra. Para algumas outras, apenas madurecer, cair do pé e nunca serem deglutidas já lhe aprazem.

Um dia o homem, tal como as frutas, chega ao seu destino. Destino de gente é diferente daquele das frutas. Talvez não na finalidade, mas na essência, tudo seja muito igual, ou seja, a finitude do que existe sempre acontecerá. Com o ser humano, os caminhos são mais específicos, posto que a razão lhe cobra atitudes na lógica do livre arbítrio que combina, provavelmente, destino e vontade. O destino das pessoas perpassa por todo um conjunto de limitações que a sua natureza concede ao nascer. Também lhe permite a liberdade, alçando vôos pela consciência e com base na navegação interior pelos mares por cada um navegados.

O destino do homem sempre será posto a prova, considerando que o pensamento livre muitas vezes escraviza. Por sua vez, cada indivíduo se diz convicto do que quer e sente e, em algumas ocasiões ele se engana e precisa retroceder. Talvez uma das características humanas de maior significado seja a prática do erro com o acerto e vice versa. Isto evidencia o que sempre dizemos e ouvimos desde crianças: errar é humano! A prática das nossas atitudes no limite da vida é o acerto, pois a todos é dada essa prerrogativa e em função disto buscamos ser felizes. Eis aqui o importante tempero da existência, pois todos desejams a felicidade a cada momento, mesmo que algumas vezes ela não aconteça dentro da ética social e cristã almejada.

Somos o senhor do nosso destino. Somos caminheiros, como tanto ouvimos nos exercícios de convivência social e religiosa, mas pecamos em busca dessa tão almejada “santificação” advinda dos nossos próprios pecados. Conviver com o outro sem querer mudar-lhe a natureza é tarefa complexa demais para nossos padrões de existência atrelados aos bens materiais. A construção das relações sociais efetivas requer de cada um muita sabedoria e paciência. Talvez mais paciência do que sabedoria, pois esta se liga mais a valores que independem de nós, embora devamos buscar sempre essa paridade.

O relógio da vida nem sempre marca o nosso tempo. O relógio da parede e o do nosso pulso estabelece nossos limites físicos e comportamentais. Talvez o destino das pessoas dependa mais dessa concepção de limites entre o tempo de dentro e o de fora. O tempo que o rosto mostra geralmente dá desgosto com o desgaste, mas ele é implacável. A despeito da evolução da medicina estética, um dia o limite também chega e haverá uma parada obrigatória sob pena de mudança de identidade estética. Internamente, tudo parece novo e a gente dificilmente acha que o tempo passou embora lá fora todos nos rotulem de idosos, velhos, “terceiridadistas” – coisas que a modernidade inventa para alimentar seu falso moralismo. Mas devem-se compreender tudo isto como forma, não como conteúdo.

O tempo sempre atormentou a humanidade e a história nos mostra bem isto através, dentre outros, dos faraós, romanos, gregos, egípcios, etc.. O desejo de eternidade estava embutido nisto e até hoje, de alguma forma, buscamos também por outros métodos o elixir da vida eterna. Contudo, ETERNO permanece apenas o desejo, pois o destino dos humanos sempre estará do domínio do CRIADOR, sob as mais variadas concepções e crenças.

O destino do homem não é o destino das frutas, mas o é no “modus operandi”. A fruta vira suco, o homem também vira. A fruta fecunda, o homem também. A fruta se reproduz, o homem também. Há frutas que sequer são deglutidas, há homens que sequer foram amados. As frutas morrem, transformam-se, chegam ao seu destino; o homem também morre e se transforma; as frutas não amam, o homem ama. O destino do homem é amar, o das frutas frutificarem, alimentar-nos, adoçar nossa boca que foi feita pra beijar...