Envelhecimento com qualidade é possível?!
Envelhecimento
O envelhecimento talvez seja um dos fenômenos naturais mais difíceis de aceitar. Todavia, a juventude eterna é um sonho que por mais atraente que possa parecer, ainda assim é muito difícil de crer que qualquer pessoa sensata venha realmente de fato a desejá-la, pois o envelhecimento tem seus sabores próprios. A sabedoria, a paciência e o domínio sobre os impulsos das paixões são qualidades que dificilmente pode ser encontradas em uma pessoa jovem demais.
Por outro lado, o que todo mundo não aceita é a debilidade que por muitas vezes acomete a grande maioria das pessoas idosas. E esse é um grande problema. Mais do que um problema individual, também hoje já pode ser considerado um problema de ordem pública, uma vez que já se vislumbra num futuro próximo a retangularidade da pirâmide populacional. Este fenômeno com certeza terá que modificar a postura das autoridades políticas em relação a forma de organização política e produtiva das atuais sociedades desenvolvidas. Sob o risco do sistema de previdência social entrar em colapso e toda atividade produtiva sucumbir de exaustão, uma vez que a força de trabalho não será capaz de dar sustentabilidade ao progresso desenvolvimentista. Não dar para imaginar, por exemplo, nenhuma sociedade moderna produtiva sustentando um número cada vez maior de aposentados. Pois cada vez mais o avanço cientifico e tecnológico vêm dando suporte a uma vida mais longeva. Então, não basta viver muito. Aliás, nem isso mesmo é importante. O que importa mesmo é a qualidade de vida. Chegar bem à terceira idade com qualidade de vida é determinante para o equacionamento do problema existencial socioeconômico. Na verdade, o que se deseja é que uma pessoa octogenária possa ser capaz de realizar normalmente suas atividades laborativas. Ninguém por mais paciente que seja, quererá ser atendido por alguém que esteja sofrendo de mal de Parkinson ou de Alzheimer dentro de uma repartição pública. Aliás, uns dos princípios constitucionais que rege a atividade pública é a máxima eficiência, portanto, qualquer coisa que não se aproxime desta eficiência não é constitucional.
A ciência vem desbravando este campo, dando luz ao suporte do envelhecimento com qualidade de vida, a tecnologia, que vem atrelada ao avanço científico, torna possível esta realização. Hoje alguns profissionais da área médica já podem, de forma concreta, orientar e conduzir o retardamento do envelhecimento. E, ao contrário do que muitos imaginavam, a genética é importante sim, mas não é o fator determinante para uma vida mais longeva, sendo cerca de 18% apenas a sua influência neste processo. Na verdade, o segredo é um conjunto de muitos fatores que quando combinados na proporção certa podem resultar no retardamento do envelhecimento. Quais sejam: alimentação, atividade física, repouso adequado, controle do estresse, comer pouco com mais frequência e reposição hormonal, tanto para mulheres como para homens.
Segundo um dos mais atuantes profissionais desta área médica, o médico Ítalo Rachid, que assiste a mais de 18 mil pacientes há aproximadamente durante 18 anos, explica como funciona este processo – diz ele: “Podemos, para efeito de analise, comparar o envelhecimento como uma conta poupança. Onde até aos vinte anos os depósitos superam em muitos os saques. Porém, a partir dos vinte anos a relação entre saques e depósitos começa a ficar equilibrada e, depois dos trinta, por mais econômicos que sejamos, não adianta, seremos sempre devedores. Estaremos descendo a ladeira de uma forma ou de outra. Resta apenas saber o com veloz é essa descida.
Curiosamente, a natureza nos prepara para sermos reprodutores fortes. Nosso ápice é atingido por volta dos 20 anos. E, lamentavelmente, após os trinta a natureza começa a desligar os botões de ativação. Pois na natureza o velho não tem espaço. O leão se não for jovem, forte e vigoroso ele não consegue sobreviver. Então, tão logo cumprido a missão de procriar não existe mais função biológica que justifique a nossa sobrevivência. Tudo na natureza é duma robusteza colossal. As árvores que não tiverem boas raízes de sustentação serão arrancadas na primeira tempestade. A expectativa de vida no império romano era de vinte anos, na idade média 25 anos, ou seja, à medida que avançamos no campo científico, também aumentamos a nossa expectativa de vida. Acredita-se que uma criança nascida hoje poderá viver bem e com qualidade de vida até aos cem anos.
Veja que com tudo isso estamos alterando a ordem natural das coisas. A ciência nos mostra as portas, porém ao abri-las descobrimos outras tantas portas sequer imaginadas. Qualquer profissional da área médica, por mais afamado que seja, não pode hoje se intitular o papa do saber. Pois com os meios que dispomos atualmente para armazenar e transmitir informações, conseguimos em apenas dez anos condensar dez mil anos de medicina. Então, aquilo que num passado ainda próximo era veiculado como verdade, no instante seguinte pode não ser mais, tamanha é a velocidade com que as informações chegam para contradizer paradigmas e estabelecer novos conceitos de compreensão, ou seja, não existem verdades absolutas dentro da medicina. E, o profissional que não conseguir ficar antenado à vanguarda da discussão acadêmica do avanço científico médico, com certeza estará ultrapassado e correndo risco de erros gravíssimo em relação à saúde de seus pacientes.
Para Rachid a reposição do equilíbrio hormonal é um dos componentes de maior grandeza na equação deste problema. Pois hormônios são os mensageiros do organismo, entram nas células trazendo as informações de como o metabolismo individual de cada uma deve funcionar, para suprir as necessidades do organismo como um todo. Isto vai fazer com que os interruptores das células sejam ligados para ativarem as proteínas reparadoras dos danos que ocorrem frequentemente dentro de seus interiores. Uma vez que os radicais livres, frutos da parcela de Oxigênio não utilizada pela célula, ficam no seu interior rodopiando e colidindo ao acaso com as paredes celulares, provocando estragos no edifício da estrutura cromossômica, pois são como projéteis de revolveres atingindo a estrutura de um prédio o tempo todo. Normalmente, as células têm uma proteção contra esse tipo de dano, são enzimas que além de reparar o estrago também funcionam como escudo protetor. Quando o estrago consegue ser maior do que o reparo ocorre o envelhecimento e o risco de se contrair doenças, isso porque, normalmente, ocorre a reposição celular através do meio de clonagem, porém a cópia se dar no atual momento de conservação da célula. O que implica dizer que a informação do estrago também é copiada para célula nova, ou seja, aquela ruga que existia no cantinho do olho também é copiada para o sistema de reposição celular. É por isso que envelhecemos, pois, provavelmente, fora as células do tecido nervoso, que não se renovam nunca, as células mais antigas do nosso corpo têm aproximadamente uns cinco anos. Por outro lado, diante de um estrago muito grande, quando não se é mais possível nenhum reparo a célula se autodestrói. O que chamamos de suicídio celular, provocando, então buracos nos diversos tecidos onde a célula fazia parte integrante. Também podemos chamar este fenômeno de a perda de tecido que ocorre no interior das estruturas ósseas, musculares, epitelial e neurológico.
O sistema hormonal, geralmente, está envolvido, sobretudo com o controle das funções metabólicas corporais, controlando a velocidade das reações químicas nas células, o transporte de substâncias através das membranas celulares ou outros aspectos do metabolismo celular, como o crescimento e a secreção. Alguns efeitos hormonais ocorrem quase que de forma instantânea, outros porém requerem vários dias para então ter inicio, continuando por semana ou mesmo meses.
Existem muitas inter-relações entre os sistemas hormonais e o nervoso. Pelo menos duas glândulas, as supra-renais e a pituitária, só secretam seus hormônios em função de respostas a estímulos nervosos.
Assim, muitos cientistas chegaram à conclusão de que os nossos sentimentos, pensamentos, a forma como interagimos no dia a dia, o vigor físico, nossa aparência e a aparência externa do próprio aparelho sexual depende, basicamente, dos níveis hormonais secretados nos líquidos corporais.
Se são os hormônios que regulam o ritmo de nossas atividades cotidianas e a intensidade de nossas sensações, então é natural que numa pessoa mais jovem entre 18 a 25 anos, esses níveis hormonais devam se encontrar em situação próxima do ideal. Conseqüentemente, partindo dessa premissa, os cientistas começaram a fazer experimentos a partir da reposição constante desses níveis hormonais nos líquidos corporais. Assim, segundo a teoria, poderia se retardar os ponteiros do relógio do envelhecimento natural, “o telômero” - que consiste em seqüências repetidas de seis nucleotídeos, situado no fim do cromossomo, e que tem como função garantir que cada replicação do DNA tenha sido completada, sendo que, a cada divisão de uma célula, algumas seqüências do telômero são descartadas. O telômero é quem determina a quantidade de vezes que uma célula pode se dividir, destarte, quando é completamente descartado após sucessivas divisões chega então ao seu final, não existindo mais a possibilidade de divisão a célula acaba morrendo, ou seja, ele é, em última análise. o marcador do tempo da vida, e ao nascermos já o trazemos impresso no nosso código genético. Conseqüentemente, se a reposição hormonal atuar de forma incisiva na reconstituição da parte do telômero descartada, no processo de divisão celular, acredita-se, então, que se poderá criar o "Elixir da longa vida"
Porém, na prática não é isso que ocorre. O telômero não pode ainda se reconstruído a partir do reequilíbrio hormonal. Todavia, o reequilíbrio hormonal vai fazer com que esse descarte do telômero não ocorra de maneira tão amiúde, uma vez que consegue dar uma maior longevidade à célula, fazendo com que essa funcione de forma mais eficiente e exercendo de maneira mais econômica as suas funções, consequentemente, a vida da célula torna-se mais longa e saudável.
Segundo ainda o Dr. Rachid, um dos pilares mais importantes dessa equação contra o envelhecimento é a alimentação. Portanto, ele propõe aos seus pacientes uma mudança nos hábitos alimentares, sem fazer grandes alterações em suas dietas. Preconiza que os moldes do arranjo alimentar hoje praticado no país é nefasto. Porque combina carboidratos na proporção de 70%, proteínas em 15% e gorduras em 15%. Isso provoca um excesso de energia elevando em muito o nível de glucagon no sangue, obrigando o corpo a produzir níveis elevados de insulina, fazendo com que o organismo armazene esta energia sob forma de gordura no tecido adiposo. Todavia, fazendo uma alteração na composição da fórmula dessa dieta para 40%, 30% e 30%, respectivamente, os níveis glicêmicos tornam-se mais apropriados as reais necessidades do corpo. E, ainda, continua Rachid, não se pode queimar gordura do tecido adiposo sem acrescer mais gordura à dieta. Mas, que tipo de gorduras? As gorduras monoinsaturadas, existentes no azeite de oliva, nas azeitonas, nas nozes, na castanha de caju, abacate, amendoim, pois este tipo de gordura proporciona aumento do HDL (colesterol bom), abaixando o colesterol total, que vai funcionar metabolicamente na escovação do tecido adiposo.
Rachid, completa dizendo, ao contrário da mulher, o homem quando tem baixa nos níveis de testosterona, ocorre simultaneamente, um aumento nos níveis de hormônio feminino e isso é nefasto para homem. Até porque esses males são, corriqueiramente, confundidos como um processo normal relacionado ao envelhecimento. Todavia, todos esses males são de natureza mentais ou neurológicos, o que dar um caráter muito mais agudo ao problema do envelhecimento no homem. Porque o homem se torna irritadiço, arredio, insociável, rabugento, sem iniciativa, e ainda provoca diminuição da libido, perda de memória e das capacidades laborativas, ou seja, é o desmoronamento total do universo masculino. Assim sendo, como já citado a cima, o conjunto alimentação, as características genéticas herdadas, atividade física, controle do estresse, a reprogramação celular e o reequilíbrio hormonal são hoje considerados os pilares que edificarão num futuro próximo uma vida mais longeva.
Nessa esteira de raciocínio, o segredo do bom envelhecimento passa também pela moderação. O excesso sempre vai cobrar a conta. O exercício físico excessivo, próximo às zonas do limite da resistência humana, também é um grande competente que proporciona o envelhecimento precoce. Porque a carga muito intensa de exercício físico provoca mais danos as estruturas celulares do que a sua capacidade de restauração. Os atletas de alto desempenho têm que ter um grande aparato científico e tecnológico a lhes assisti-los, para que possam ter longevidade dentro da elite do esporte que praticam. Vejam os maratonistas. É difícil encontrar um que não esteja envelhecido por demais, principalmente nas feições faciais, isso porque queimam um volume muito grande oxigênio, consequentemente, ficam mais expostos aos efeitos devastadores dos radicais livres. É preciso um programa científico de recuperação especifico para cada um deles, que determine com precisão quais as quantidades exatas de nutrientes e repouso que o atleta vai precisar para sua pronta recuperação. Caso contrário, teremos um catabolismo maior que anabolismo. O que vai levar a perda cada vez mais acentuada do seu rendimento esportivo.
Quanto à pergunta que mais amiúde lhe é feita, sobre a relação entre câncer e a reposição hormonal, o Dr. Ítalo Rachid é categórico em sua afirmação. Segundo Rachid, essa discussão não tem mais lugar no mundo científico acadêmico da medicina. Essa discussão fazia parte dos primórdios do desenvolvimento da técnica de reequilibro hormonal hoje já não mais. Principalmente, porque as informações chegam com muito mais rapidez e precisão advinda do feedback obtido dos centros de experimentação e dos consultórios. Ele próprio diz que a incidência de câncer nos 18 mil pacientes que vem assistindo ao longo dos últimos 18 anos é zero. Até porque hoje o reequilíbrio hormonal é ministrado com hormônios bioidênticos, que são copias idênticas dos hormônios naturalmente encontrados no corpo. E, conclui dizendo: “Olhe para o mundo real. Veja onde há maior incidência de câncer, em pessoas novas onde os níveis de hormônios são altos ou em pessoas velhas onde esses níveis são baixos. Claro que é muito difícil ver um jovem de 25 anos com câncer de próstata ou uma mulher jovem menstruando com câncer de mama. Na minha experiência pessoal. O que tenho visto é a grande maioria esmagadora de incidência de câncer de mama em mulheres ocorrendo após o período de pós menopausa, e, pasmem em nenhuma delas estavam fazendo reposição hormonal. Quanto mais normais se mantém os níveis hormonais no corpo mais ocorre a renovação celular. A célula se torna mais jovem, forte e mais sadia. O normal no mundo natural é ver o acometimento de câncer em pessoas com idades mais elevadas, onde as células se encontram envelhecidas e cansadas, suscetíveis a algum tipo de alteração genética que poderá levar ao aparecimento de câncer e outra doenças. Daí a importância de começar cedo a reposição hormonal, para não deixar que o enfraquecimento acentuado dos vários tecidos que compõe o organismo venham a ser acometido por esses grandes tipos de patologias associada à velhice”.
Bem... saber fazer as escolhas certas nesse mundo tão diversificado, não é tarefa fácil, porém as informações estão ai diante de nós. Agora o que vamos fazer com elas, isso é de responsabilidade de cada um de nós. Todavia, não devemos pecar por excesso. Moderação é sempre um caminho seguro e cheio de sinais que nos ajuda a seguir sempre no rumo certo. Acho que ninguém de sã consciência vai querer viver para sempre, porém, como na célebre frase de Vinícius de Moraes: “que o amor seja eterno enquanto dure”, assim também a vida - que seja boa enquanto dure.
(Omena)