CORDISBURGO: DESTINAÇÃO MINEIRA, terra de Guimarães Rosa

"Ele sabia – para isso qualquer um tinha chance – que

Cordisburgo era o lugar mais formoso, devido ao ar e

ao céu, e pelo arranjo que Deus caprichava em seus

morros e suas vargens; por isso mesmo, lá, de primeiro

se chamara Vista Alegre.

... O céu não tinha fim, e as serras se estiraram, sob e

esbaldo azul e enormes nuvens oceanosas."

Guimarães Rosa

Construir um imaginário de cidade turística pressupõe divulgar os fenômenos humanos, econômicos, políticos, sociais, culturais, ambientais e antropológicos presentes em cada destino. É neste momento, que o turismólogo articula, através de ações de planejamento turístico sustentável, toda uma gama de serviços ao visitante traduzidos na qualificação da informação turística, do receptivo, da hospedagem, dos serviços de atenção ao turista, das estruturas de transporte e circulação, segurança, saúde, dos setores de gastronomia, compras, articulando o público e o privado na realização do encontro com a comunidade local. O turismo é um produto totalmente baseado na produção e no consumo simultâneos. Na verdade, se os turistas não visitarem uma destinação, não existirá produto mensurável das atividades da indústria. Existe uma série de indústrias de serviços no mundo, mas geralmente não há necessidade do consumidor visitar o local de produção para consumir o produto. Exemplo deste tipo de serviço incluem os bancos, o serviços de seguros e financeiros, bem como a mídia e as comunicações. Entretanto, o turismo é um serviço pessoal, e como tal, só pode ser consumido com turista visando a destinação. A implicação disso para os habitantes da destinação é que eles entrarão em contato com uma população estranha durante o processo de produção. Este contato poderá ser benéfico ou prejudicial para a população anfitriã, dependendo da diferença de culturas ou da natureza do contato. Muito da literatura sobre os impactos sociais é parcial, no sentido de que concentra atenção nos impactos negativos do turismo sobre a população anfitriã. Da mesma forma, pouca atenção tem sido dada ao fato de que pode haver impactos socioculturais sobre a população de turistas, que também podem ser positivos ou negativos. Esses impactos tendem a conter uma mistura de características positivas e negativas e afetam tantos os anfitriões quanto os visitantes.

O turismo tem sido uma saída plausível para o desenvolvimento de muitos municípios potencialmente turísticos. Por ser uma atividade socioeconômica, proporciona desenvolvimento às diversas regiões que se propõem a investir neste setor, contribuindo assim para a expansão do mercado de trabalho, gerando empregos e propiciando uma distribuição de renda mais justa. Com isso, verifica-se que o turismo não é apenas uma atividade lazer sem maiores conseqüências.

III.1 CORDISBURGO: A PORTA ALEGRE DO SERTÃO

Como fonte geradora de empregos o turismo destaca-se principalmente pela variação diversificada de mão-de-obra que oscila desde a mais qualificada como gerentes de grandes redes de hotéis, até a menos qualificada como, por exemplo, vendedores de picolé. Nesse sentido, deve-se acreditar o turismo como um setor promissor, devendo ser bem planejado e apoiado pela comunidade, entendendo-se que o desenvolvimento turístico só existirá a partir do engajamento e participação de todos, inclusive e principalmente, com o apoio do setor público.É nesse contexto que se insere a cidade de Cordisburgo.

O turismo, enquanto atividade que ocorre em um determinado espaço, com características ambientais, sociais, culturais e econômicas singulares, determina um tipo de ocupação e de impactos que necessitam ser administrados de forma eficiente, sob o risco de ser altamente danoso ao ambiente em que se desenvolve.

Para Doris Rushman (2000), as conseqüências do turismo sobre a cultura das regiões visitadas têm sido alvo de muitos estudos realizados no exterior e suas conclusões demonstram que esses estudos se apresentam favoráveis para umas e desfavoráveis para outras. Os impactos desfavoráveis apresentam-se com maior intensidade nos locais onde o fluxo de turistas é muito grande (turismo de massa) e os estudiosos alertam para os riscos do comprometimento da autenticidade e da espontaneidade das manifestações culturais. Por outro lado, aqueles que reconhecem o turismo como um “revelador de cultura” responsabilizam a atividade pelo “sadio renascer” dos aspectos que estavam em extinção.

Ainda para Doris Rushman (2000), o turismo, considerado potencialmente uma excelente oportunidade para o encontro entre os povos, não tem sido aproveitado de forma ideal para esse fim. Em vez de promover a compreensão e os relacionamentos humanos, ele favorece as relações econômicas, que permitem apenas os contatos precários, favorecem o lucro e provocam a dependência excessiva da atividade por parte da população das destinações.

Os efeitos econômicos gerados pela atividade turística nas localidades receptoras foram estudados por inúmeros pesquisadores, que avaliaram os impactos, do nível local ao nacional e, geralmente, em detrimento daqueles relacionados com o meio ambiente físico e sociocultural.

O ambiente, a cultura, a história e a ecologia são, em grande medida, o fundamento da atividade turística não só porque constituem o principal fator de atração no caso em que se trata de espaços naturais atraentes, preservados e equilibrados, mas também porque quando o homem vive em ambientes adversos (grandes centros urbanos, locais poluídos) sente-se impulsionado a deslocar-se para reencontro com a natureza e a conservação ambiental. Como também a história e cultura de entorno, principalmente quando ele tem precedentes culturais e apresenta natureza rica e diversificada.

Quando se pensa na elaboração de políticas públicas no turismo, é viável dedicar na elaboração dos grupos de interesse, nos valores particulares em jogo e no poder de direcionamento do desenvolvimento da atividade, conforme as forças vão se relacionando ao longo do tempo.

Nesta contextualização destaca-se a implementação de empreendimentos de turismo sustentável, em Minas Gerais, Cordisburgo, integração dos pontos turísticos municipais, com destaque para Gruta do Maquiné e o Museu Casa Guimarães Rosa, entre outros.

Sendo assim, ao longo deste trabalho, apresenta-se a uma análise com vistas ao marketing cultural para a incrementação do turismo cordisburguense, como discussão comunitária de futuras ações estabelecidas para a influência turística local, a coordenação de ações e administração da demanda turística nos pontos escolhidos.

Os objetivos principais do trabalho são identificar os locais do entorno onde já ocorrem atividades econômicas com influência no desenvolvimento do turismo regional; incrementar uma média de atividades turísticas, visando a um equilíbrio em baixas e altas temporadas; identificar a infra-estrutura necessária para a implantação de serviços turísticos; sugerir atividades turísticas adequadas e possíveis de serem desenvolvidas nas destinações, e, finalmente, projetar e estruturar um plano de manejo para o empreendimento Gruta do Maquiné visando a sua auto-sustenbilidade e uma gestão adminstrativo-ambiental estratégica.

III.2 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE CORDISBURGO

Município emancipado em: 17/12/1938 de acordo com DEC.LEI 148

e desmembrado do município de Paraopeba

Área: 825,05 Km2

Denominações Anteriores

CORAÇÃO DE JESUS DA VISTA ALEGRE

CORDISBURGO DA VISTA ALEGRE

VISTA ALEGRE

Fonte: IGA em : 10/05/99

Distritos

Lagoa Bonita

Sede

• Relevo: Região cárstica. Serra do Maquiné (em destaque Gruta do Maquiné). Vê-se ao norte a serra do cipó.

• Clima: Subtropical (mesotérmico). Apresenta temperatura média de 05 a 36ºC, com uma média anual de 21ºC. Os verões são quentes e chuvosos e de maneira geral moderados; às vezes, abundantes; inverno seco.

• Vegetação- Cerrado- tipo de vegetação que cobre cerca de Quinta parte do território brasileiro. O cerrado é composto de poucas árvores, medindo de 3 a 6 m de altura, com troncos e galhos retorcidos apresentando copas irregulares, casca espessa, protegidas às vezes por camada de cortiça. Algumas apresentam folhas tão duras que chegam a chocalhar com o vento e são bastante grandes. O solo apresenta gramíneas, sendo a mais comum o capim-flecha e outros. As árvores mais comuns no nosso cerrado são: pau-terra, pequi, araticum, barbatimão, peroba do campo, ipê-amarelo e outros. Estas árvores são bastantes resistentes. O lençol freático no cerrado é bastante profundo e é por isso que suas raízes aprofundam muito solo adentro.

• FLORA

Espécies arbóreas típicas das áreas florestadas: a Paineira (Chorisia Speciosa), Aroeirinha ( Shinus Terebinthifolius) Cedro Rosa (Cedrela Fissilis) Açoita Cavalo (Luehea sp.), Ipê Amarelo (Tabebuia Cerrafilolia), Azeitona (Heisteria sp.), Sangra D’água (Croton sp.), Sucupira (Bowdichia Virgilioides), Pau D’óleo (Copaifera Langsdorffii),Cássia (Senna Multijuga), Jacarandá (Machaerium sp.), Jatobá (Hymenaea Stigonocarpa), Faveiro (Platipodium Elegance), Angico (Adenanthera sp.) Ingá (Inga sp.), Pereiro (Aspidosperma sp.), Gameleira (Ficus sp.). A presença de epífitas das famílias : Cactaceae, Bromeliaceae (Bilbergia Zebrina, Tillandsia.), Orchidaceae (Cattleya Walkeriana), entre outras. Predominam também as famílias : Acanthaceae (Ruellia Brevifolia, Justitia sp.), Cactaceae (Cereus sp. – Mandacaru), Piperaceae (Piper sp.- Jaborandi, Peperomia sp., Fothomorphe sp. – Capeba), Schizaeaceae (Anemia sp.), Polypodiaceae (Adiantum sp. – Avenca), Urticaceae (Piléia sp. –Brilhantina),Convolvulaceae (Ipomoea sp. – Corda de Viola), Mimosoideae (Mimosa sp. – Arranha Gato), Eupherbiaceae (Jatropha Urens – Cansanção), Liliaceae (Hippeastrum sp. – açucena), Melastomatacea (Miconia sp. – Leandra), entre outras.

Próximo à Gruta do Salitre encontra-se uma goiabeira nativa (Psidium Guajava), em estágio de supressão pela floresta local. Essa goiabeira deve estar contribuindo para a manutenção da fauna local, particularmente o macaco Guariba.

O Cerrado que ocupa esta área constitui-se principalmente das famílias: Pau Doce, Bate caixa, Cabeça de Negro, Pimenteira, Mandiocão, Cajuzinho, Maria Branca, Cipó Ouro, Murici, Velame do Campo, Corda de Viola, Carqueja, Macelinha, Cagaita, Gabiroba, entre outros.

Entre as pressões que as florestas remanescentes da região vêm sofrendo, figura a mineração das formações cársticas para suprir a indústria do cimento como das mais relevantes. A presença de muitos desses fragmentos florestais até a atualidade, deve-se em grande parte a sua localização em ambientes de difícil acesso para a retirada de madeira ou, devido à importância espeleológica. Os relíctos florestais, principalmente aqueles bem conservados, tais como o pertencente à Gruta do Maquiné, são de suma importância, como um banco de sementes e fonte de informações para futuros trabalhos de recuperação das áreas degradadas.

O bom estado de conservação da Mata que envolve a Gruta do Maquiné e salitre pode ser evidenciado por variáveis diversas, entre as quais pode-se citar: riqueza de espécies florestais e de porte considerável, sendo freqüente indivíduos com mais de 60 cm de DAP; presença de espécies florestais nobres tais como o Ipê Amarelo, Cedro Rosa, Sucupira, Jacarandá, Jatobá, Pereiro, demonstrando que a área não sofreu exploração seletiva drástica; presença de número razoável de espécies epífitas, particularmente a magnífica Cattleya Walkeriana; presença de um grupo de primatas do porte do Guariba, observações estas que atestam a boa qualidade do ambiente local.

A cobertura vegetal destas áreas é ainda importantíssima para a própria manutenção e continuidade da formação de espeleotemas das grutas. Pois, a vegetação contribui para esse evento, interceptando e regularizando o fluxo de água pluvial para o interior das grutas, o que provoca a dissolução da rocha para a gênese das estalagmites e estalactites.

• FAUNA

Foram levantadas através de observação de campo as seguintes espécies:

MAMÍFEROS: Macaco Guariba, Mico Estrela, Lobo Guará, Raposa, Lontra, Jaguatirica, Tatu Peba, Tatu Galinha, Gambá, Cuíca, tamanduá Bandeira, Tamanduá Mirim, Quati, Paca, Capivara, Lebre.

AVES: Jacu, Seriema, Pinhé, Caracará, Coruja, Perdiz, Trocal, Juriti, Inhambu, Fogo Apagou, Azulão, Saíra, Sanhaço, Tisiu, Tucano Açu, Tico-Tico, João-de- Barro, Bem-Te-Vi, Alma de Gato, Anu Branco, Anu Preto, Corruíra, Sabiá-Laranjeira, Pássaro Preto.

RÉPTEIS: Cascavel, Jaracussu, Jararaca, Coral, Jibóia, Teiu.

Menciona-se ainda a presença do Bagre Cego na Gruta do Salitre, cuja espécie provavelmente carece de estudos.

Evidenciam-se a Jaguatirica, Lobo Guará, Guariba, Tamanduá Bandeira e a Lontra fazem parte da lista de mamíferos brasileiros ameaçados de extinção.

• Hidrografia: Bacia do Rio das Velhas que passa dentro de Santana do Pirapama, Ribeirão do Onça, Ribeirão do Cuba (ao Norte da Gruta do Maquiné e desaparece num sumidouro a sudoeste, vindo a aparecer no final do maciço calcáreo desaguando no Ribeirão do Onça.

Principais distâncias:

• Belo Horizonte - 120 Km

• Brasília - 650 Km

• Rio de Janeiro - 554 Km

• São Paulo - 706 Km

• Vitória - 664 Km

• Montes Claros - 350 Km

• Diamantina – 206 Km

III.3 DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

A cidade foi fundada em 1833, quando o padre João de Santo Antônio chegou ao Arraial do Saco dos Cochos. Como ele era devoto do Sagrado Coração de Jesus, o padre construiu uma capela no lugar em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus. A obra acabou por influenciar o nome que o vilarejo receberia: Cordisbugo, cujo significado é cidade do coração.As principais atrações da cidade são a Gruta de Maquiné, e o museu casa Guimarães Rosa.

Uma das características de Cordisburgo é a tradição cultural. Além do folclore, entre os moradores da cidade há músicos, contadores de histórias e escritores. “Escrever bem é uma tradição da comunidade”, afirmou uma filha da terra. Assim, um dos destaques culturais é que a cidade tem a sua Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa.

Vários programas visam a estimular a produção literária do lugar. Um deles é o movimento “Poeta Jovem” para os estudantes do ensino fundamental. As crianças são estimuladas a escrever poemas e, uma vez por semana, a declamá-los para a classe. Os contadores de histórias representam outra tradição cultural que vem sendo preservada. Até crianças menores de dez anos já se iniciaram.

O mais importante grupo no segmento é “Contadores de Estórias Miguilim” que, como não poderia deixar de ser, é uma homenagem a Guimarães Rosa. Os componentes narram passagens tiradas de obras do escritor. O grupo foi criado em 1995 e é gerido pela Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa. Os membros fazem plantão no atendimento aos turistas no Museu Casa Guimarães Rosa, além de se apresentarem nos eventos culturais da cidade. Conforme a secretária, aqueles que vão a Cordisburgo, estudar a obra de Rosa, há nas ruas sua matéria-prima, gente simples que faz arte. “A maioria dos moradores gosta de pintar, bordar ou cozinhar. Queremos valorizar isso”, afirmou. (NO).

III.4 FESTAS TRADICIONAIS

• FESTA DA MORANGA HÍBRIDA DE CORDISBURGO

Nos idos anos de 1978, a produção da moranga já era bastante expressiva: atendia a 26% (vinte e seis por cento) da demanda do CEASA/BH-MG. Daí o grande desejo de divulgar Cordisburgo e incentivar os produtores, descortinando um mundo de expectativa e grande progresso para estes. Surgiu, então, a idéia de se criar a Festa da Abóbora com iniciativas do Sr. José Maria da Silva, na época, supervisor da EMATER local. Foram então programadas exposições de produto, premiações para os melhores produtores, desfile e escolha da rainha e princesas do evento.

Com a coordenação da EMATER, sob a supervisão do Dr. José Maria, em parceria com a Prefeitura, aconteceu a 1ª Festa no período de 22 a 24 de julho de 1978, na administração do Prefeito João da Mata. A festa ocorreu durante 15 anos na rua São José Hoje, a festa continua a girar em torno da produção da Moranga Híbrida. Atualmente, a Festa acontece no final do mês de Setembro. Reúne por dias, premiações aos produtores, shows, desfile de escolha da rainha e princesa, movimento de barracas, stands. Há também, a entrega da Comenda “Padre João de Santo Antônio” à personalidades mineira; desfile de carros alegóricos, concursos e exposições do produto e seus derivados.

• SEMANA ROSEANA

A Semana Roseana nasceu em 1989, com o propósito de promover um estudo profundo sobre Guimarães Rosa, além de homenageá-lo.

Durante sete dias acontecem oficinas literárias, baseadas nas obras do escritor, em vários pontos da cidade. Reúnem-se estudiosos e professores universitários de todo o Brasil. Normalmente escolhe-se um dos livros do Cordisburguense para tema da semana. A Academia de Letras João Guimarães Rosa é centro para ciclo de palestras e a Av. Padre João, palco para teatro e shows. A Semana Roseana é de cunho essencialmente cultural.

• FESTA DO CAVALO

Surgiu com o intuito de premiar os criadores de cavalos da região. Por causa dela foi construído o Parque de Exposições de Cordisburgo. A festa acontece geralmente em Agosto e, é coordenada pelo Clube do Cavalo de Cordisburgo. Há apresentações de concurso: marcha, reprodutores, provas de laço e tambores, rodeio. O parque recebe inúmeros visitantes e é adaptado com arena, barracas, stands, parque de diversões, além de shows de bom nível. A cavalgada é o ápice da Festa.

O Clube do Cavalo de Cordisburgo foi fundado em 26/01/96.

• FESTA DO CAVALO DAS LAJES

A festa que acontece no Povoado das Lajes; município de Cordisburgo, geralmente em Abril. É uma festa de caráter mais particular, entre os fazendeiros da região e o Clube do Cavalo de Cordisburgo. A festa inclui concurso de marcha, concurso de forró, show sertanejo e cavalgada.

• FESTA DO SÃO VICENTE DE PAULO

Festa típica da região.

• FESTA DA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

Festa típica da região Lagoa Bonita

III.5 ARTESANATO

• ESCULTURA EM CIMENTO: as peças são feitas de ferro, tela e cimento. O enchimento não condensa as peças, elas são ocas. A pintura é feita artesanalmente.

• ESCULTURA EM MADEIRA : as peças são talhadas à mão com enorme fidelidade;

• TAPETE ARRAIOLO: de tamanhos e cores variadas;

• CROCHÊ E TRICOT: peças feitas em linha, lã , algodão e cordão;

• BORDADOS: as peças feitas em ponto cheio , ponto cruz, rechilieu,;

• PANOS DE PRATO: alvejados, pintados à mão ou bordados;

• MÓVEIS: entalhes em madeira com arabescos e figuras;

• FRUTAS EM PARAFINA, VELAS ORNAMENTAIS COLORIDAS: todos os tipos de arranjos de frutas e velas de modelos variados;

• PINTURA: aquarelas e painéis diversos;

• PAPEL MARCHÊ: máscaras representativas: sol, lua, demônios e anjos.

III.6 GASTRONOMIA

• DE FRUTAS COLHIDAS NA REGIÃO (goiaba, figo, abóbora, mamão, limão, laranja, pequi, etc) – feitos à moda caseira, artesanalmente, no fogão à lenha ou industrial. Há também o feito em grande escala para comercialização;

• DOCE DE LEITE: caseiro e industrializado, feito em pasta ou tabletes;

• COCADAS, PÉ-DE-MOLEQUE, BOM BOCADO, GELÉIAS, BOMBONS: feitos sob encomenda totalmente artesanal;

• LICORES: (pequi, figo, laranja) curtidos por um longo tempo até chegar à fase final; feitos com cachaça da região; processo totalmente artesanal;

• QUITANDAS: (roscas, biscoitos, bolos, broas) feitos com farinha de trigo, polvilho doce e azedo, amido de milho, fubá de milho, etc; confeccionados à moda antiga assados em forno de tijolos com fermento de tigela ou royal, vendidos de porta em porta;

• COMIDAS TÍPICAS: feijão tropeiro (lingüiça, lombo de porco, torresmo, ovo cozido, farinha de mandioca, tempero mineiro) ; frango ao molho pardo (molho feito com o sangue do próprio frango); tutu à mineira (feijão cozido e batido no liquidificador ou moído na máquina, farinha de mandioca, cachaça, pimenta malagueta; torresmo, lombo de porco, ovo cozido, temperos);frango, quiabo e angu, orapronobis;

OBS: Esses pratos são feitos normalmente nas casas das famílias cordisburguenses e também servidos nos restaurantes da Gruta do Maquiné.

III.7 ATRAÇÕES CULTURAIS

Contadores de Estórias “MIGUILIM”

“Sou um conto contado por mim mesmo”(João Guimarães Rosa)

O escritor cordisburguense é hoje o responsável pela nova dimensão da palavra, que transporta o mundo inteiro para dentro do sertão, o sertão dele mesmo e de tantas pessoas que se transformaram em seus personagens. Esses personagens ganharam vida dentro de suas estórias e fora delas, quando são mimetizados através da oralidade para honra e glória da literatura brasileira. Nunca se teve notícia de que contadores de estórias se especializassem na obra de João Guimarães Rosa. Por isso, de sua terra é que deveria sair e ganhar espaço por todo o Brasil. O Grupo de Contadores de Estórias “Miguilim” é um marco nesse universo cordisburgo-roseano. Grandes artistas, pessoas comuns, retiradas da massa do povo, adolescentes, jovens e adultos, que resolveram abraçar a causa e que fizeram fama por todo o país. As fantasias e causos do povo que está dentro dos livros do artista são trabalhados de forma profissional para a contação de estórias. ROSA paira no ar quando cada causo começa a ser contado.

O Grupo é um projeto da Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa; tem espaço próprio para ensaios e reuniões. O grupo Contadores de Estórias “Miguilim” faz plantões de atendimento aos turistas no Museu Casa Guimarães Rosa, além de participar de todo e qualquer evento de natureza cultural ou não para os quais são contratados. Em Cordisburgo, esse grupo contribui para o sucesso do turismo científico, cultural e literário. Formado em 1995, conta hoje com 25 contadores.

GRUPO DE SERESTA “LUA, FLOR E SERTÃO”

Este grupo de cantores existe há pouco tempo, mas já é profissional. O repertório é variado.

Já se apresenta em todas as festividades locais e em várias cidades do Estado. O ponto culminante em 1999, foi a participação especial no Programa “Arrumação”, na época com outro nome e formação; onde o apresentador; Saulo Laranjeira; deu absoluto destaque a Cordisburgo e a João Guimarães Rosa.

III. 8 CORDISBURGO NA VISÃO DE GUIMARÃES ROSA

É Vista Alegre é um burgo boníssimo. Construíram-no numa bacia redonda, entre morros verdes, o coração de Jesus é o seu padroeiro; e sua matriz, de duas torres, que domina do semi-meio alto a região, foi levantada em piso de pedra, para navegar longe no futuro. Na rua de cima ou de São José, moram mais os fazendeiros, na de baixo reside o forte do comércio; e esta só tem um lado de casas, que contemplam, infra, a esplanada das estações, sombreada de cerdos e riscada pelos trilhos dos desvios. Mas como tudo se dispõe em muito larga ladeira, ainda há, inferior outra ruazinha essa sem nome nenhum, de gente pobre. Tira transversalmente – cortando a de cima a de baixo a linha férrea e a ruazinha anônima, e separando o corpo do arraial do morro da Igreja – há à rua de Todos os Santos, ou Avenida, ou de Açougue, ou do Justino Pereira, ou rua Nova segundo os fatos. Entre o fim dela, num Largo ou Praça incompleta e os fundos de ruazinha sem batismo se estende a Vargem, baixada-capinzal onde se isola uma ou outra casola e corguinho serpenteia. Esta é Vista Alegre, fora seus subúrbios. Deus a contenha.” (IEB ROSA João Guimarães)

“Para sermos exatos, devo dizer-lhe que nasci em Cordisburgo, uma cidadezinha não muito interessante, mas para mim sim, de muita importância. Além disso em Minas Gerais sou mineiro. E isto sim e o importante, pois quando escrevo, sempre me sinto transportado para esse mundo. Cordisburgo. Não acha que soa como algo muito distante” (João G. Rosa – G Lorents)

“Este pequeno mundo do sertão este mundo original e cheio de contrastes é para mim o símbolo, diria mesmo o modelo e ,eu universo. Assim, o Cordisburgo germânico, fundado por alemães, é o coração do meu império suave-latino. Creio que esta genealogia haverá de lhe agradar.” (João G. Rosa – G Lorents)

“Sem dúvida, comecei a escrever no tempo certo, mas demasiado tarde. Apesar de ser verdade, isso também é um paradoxo. Não me posso permitir uma morte prematura, pois ainda trago dentro de mim, muitas, muitíssimas estórias. Mas nasci em Cordisburgo, e lá às vezes as pessoas costumam a ficar muito velhas (...). Portanto, simplesmente tenho de ficar velho, pois este tempo talvez me baste para eu contar tudo que eu queria contar.” (João G. Rosa – G. Lorents)

“Cordisburgo era pequeníssima terra sertaneja, trás montanhas no meio de Minas Gerais. Só quase lugar mas tão de repente bonito: Lá se desencerra a Gruta de Maquiné, maravilha, a das Fadas e o próprio campo com vasqueiros coxos de sal ao gado entre gentis morros ou sobre o demais de estrelas falava-se antes os pastos de Vista-Alegre”.

“[...]que Cordisburgo erro o lugar mais formoso devido ao ar e céu, e pelo arranjo que Deus caprichara em seus morros e em suas várzeas: por isso mesmo, lá, primeiro, se chamava Vista Alegre”.

(Grande Sertão Veredas, João Guimarães Rosa)

III. 9 RECEPTIVO TURÍSTICO “SERTÃO VEREDAS”

O Receptivo Turístico “Sertão Veredas” é um espaço planejado na entrada de Cordisburgo para receber amostras de produtos com possibilidades turísticas, sendo que todos serão produzidos por membros da comunidade interessados.

O Receptivo recebeu esse nome em homenagem a João Guimarães Rosa, a fim de relevar a importância da obra “Grande Sertão: Veredas”, considerada a maior produção literária de todos os tempos, onde o autor revela traços do povo sertanejo bem como levanta questões universais do ser humano.

Cordisburgo abre as portas do seu sertão e mostra a cultura que aqui chama a atenção por suas peculiaridades através da simplicidade e das belezas naturais, além de valorizar o seu povo.

O Receptivo tem por função proporcionar receptividade ao turista e levá-lo a conhecer o município e seus atrativos. É também, posto de informações turísticas que serão dadas pelos Condutores dos Atrativos Locais, formados pelo Conselho Municipal de Turismo, contando com todo material de propaganda necessário para o bom atendimento ao turista: comércio, transporte, atrativos locais, naturais, culturais, folclóricos, gastronômicos e artesanato, prestação de serviços em geral, assistência ao turista e visitante.

III. 10 ATRATIVOS NATURAIS: LAGOS, CACHOEIRAS

• CÓRREGO DO TAMBORIU (Kiosque Tamboriu)

Localização: Fazenda do Tamboril, no Povoado do Onça, que pertence ao distrito de Cordisburgo.

Acesso: Estradas das fazendas Serandi e Guanabara, a 8 Km do município. Não é pavimentada e não há transporte coletivo.

Caracterização: O córrego tem 4 m de largura, 1.000 m de extensão. As suas águas são claras e turvas nos períodos chuvosos. Serviço de bar: Quiosque com mesas, alimentação por conta dos visitantes. Fazenda simples, com condições informais de hospedagem.

• CACHOEIRA DO MAQUINÉ

Localização: Fazenda Maquiné, a 15 Km de Cordisburgo.

Acesso: Estrada interna para Curvelo, não pavimentada, entrada a 4 km à esquerda.

Caracterização: Existem 03 poços e 05 quedas. 700 m de comprimento. As águas extremamente claras recobrem pedras enormes. Vegetação circundante é o cerrado.

• LOGOA DO JAIME DINIZ

Localização: Fazenda Boa Esperança

Acesso: Fica a 18 Km de Cordisburgo, estrada não pavimentada de acesso a Curvelo, Km 26.

Caracterização: A lagoa possui águas claras, com cerca de 1000 m de comprimento por 400 de largura.

Obs: Visitas só com permissão do proprietário.

• LOGOA DOS CURRAIS

Localização: Fazenda Lagoa dos Currais.

Acesso: Estrada Municipal 1, via São José das Lajes, a 12 Km do município.

Caracterização: A lagoa possui 200 m de largura por 500 m de comprimento. Suas águas são limpas e mansas.

• POÇO AZUL

Localização: Fazenda Jatobá, distrito de Maquiné.(Tali)

Acesso: Rodovia MG 421, Km 18, entrada à esquerda por mais 6 Km da Estrada Municipal 1.

Caracterização: O Poço Azul possui 15 m de largura por 20 m de comprimento (formato oval), nascente permanente. As suas águas são claras, azuis e, aparentemente, mansas.

III. 11 CENTRO DE ARTESANATO ‘GERALDO BERALDO DE

CARVALHO (BIGORNA) SHOW ROON – OFICINA DE PRODUÇÃO

O Centro de Artesanato é um espaço destinado a produção, exposição e comercialização da grande demanda artesanal de Cordisburgo. O projeto do Centro de Artesanato surgiu a partir da organização dos artesãos de Cordisburgo que culminou na Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Cordisburgo numa parceria com a Central Mãos de Minas/ Instituto CENTRO CAPE e a Prefeitura Municipal. O Centro de Artesanato ganhou o nome ‘Geraldo Beraldo de Carvalho’ (Bigorna) em homenagem póstuma a esse ilustre Cordisburguense, também artesão.

A organização dos artesãos de Cordisburgo era um desejo antigo que gradativamente toma-se forma ampla. A produção artesanal, gastronômica e de coisas da roça é muito grande e de excelente qualidade. O espaço cedido destina-se a promoção e divulgação dos artesãos e seus produtos, estando, hoje coordenado pela Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Cordisburgo. Logo, a Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Cordisburgo, pretende agregar em suas ações de promoção do artesanato local, projetos sociais e educacionais, com o objetivo de desenvolver a cidadania, trabalho, ocupação, lazer e renda para os artesãos e comunidade.

III. 12 À GUISA DE CONCLUSÃO

Com base nos dados acima, acredita-se, portanto, que como exemplo para outras regiões serranas do nosso país, que atraem visitantes do mundo inteiro, Cordisburgo poderá também proporcionar um destino turístico inesquecível a inúmeros adeptos não só do turismo ecológico, como também do turismo histórico-cultural e de eventos. O turismo de grutas já é um processo natural, pelas diversas grutas encontradas na região.

Em Cordisburgo, a “mineiridade” está por todos os lados. Pessoas hospitaleiras e amáveis combinam passado com o presente em que vivem, rodeadas de montanhas e cachoeiras. Um conjunto arquitetônico singular envolve casarios coloniais, chafarizes, museus e igrejas do séc. XVII. Artesão, turistas e universitários se encontram entre as obras de Aleijadinho e Ataíde, tocados pelas histórias, contos e causos, que compõem a atmosfera da cidade.

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 12/12/2009
Código do texto: T1974960
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