O poder de um computador
Ultimamente, o que mais se vê em revistas, jornais e telejornais são reportagens enfatizando o estado decadente em que se encontra a educação brasileira. Falta de professores (que falta nas escolas e faltas às escolas), falta de material de apoio, falta de qualificação docente, falta de escolas, turmas com pouquíssimos alunos, outras, com excesso, enfim, tudo que de pior pode haver no alicerce de qualquer nação, o ensino. Estão exagerando? Não.
Chamou-me a atenção a edição do Jornal Nacional do dia 28 de maio de 2009. Tratava-se do uso dos computadores por alunos da educação básica. Nada de novo, pois escola e professor que não sabem lidar com teclas, web e links estão retrógrados. Contudo, uma informação divulgada vem de encontro a isso: em pesquisa acadêmica, constatou-se que os alunos que trabalham com computador em sala de aula e fora dela têm índices de aprendizado inferiores aos que nunca ligaram um micro. A resposta? Os pesquisadores não souberam explicitar. Mas eu, na minha condição de educadora, arrisco.
Alunos que são alfabetizados em frente a telas e que em vez de usar o movimento de pinça com os dedos (que nos diferencia dos outros mamíferos), usam-nos para “teclar”, acabam sofrendo de preguiça mental. Para que pensar em que livro acharei tal conteúdo, buscar dois, três ou mais exemplares, abri-los, lê-los e compará-los, se algumas palavras digitadas no “google” me colocam frente a teses, artigos, resumos inteiros que contêm o que preciso? Para que gastar lápis, borracha e neurônios para elaborar gráficos e cálculos que o excel me dão prontos? Estamos enfrentando uma geração que já é cibernética e que está mostrando os resultados na sala de aula.
Então, é preciso pensar um pouco nessa “utilidade” do computador na sala de aula. O mundo corre, a vida avança, e o mercado de trabalho é cruel, cobrando eficiência e competência, e isso, sinto muito, não está incluído no pacote de um curso de informática. Alunos precisam pensar, e não usar “control + c” para copiar dados num trabalho escolar. Alunos precisam escrever para ativar a motricidade fina, aliada à capacidade cognitiva de resolver problemas e à capacidade de adaptação ao meio, coisa que as teclas não fazem. É, parece que temos que analisar melhor algumas pretensões na informatização do ensino. Que tal?