Copenhague: entendimento mundial é a opção
É realmente muito interessante como os assuntos importantes para o futuro da humanidade geram polemicas e posições conflitantes, principalmente quando estão envolvidos os usos e costumes que dão muitos lucros para alguns grupos.
É sabido que a atividade industrial humana, da forma bem sucedida como praticada no ocidente, hoje copiada por todas as nações, inclusive a China Popular, está baseada no polinômio carvão-siderurgia-petróleo-indústria automobilística-guerra-industria bélica-pesquisa universitária voltada para a industria bélica.
Pode-se afirmar que a economia dos paises ocidentais, principalmente dos EUA está baseada naquele polinômio, e a sociedade norte-americana está construída a partir de um enorme programa bolsa-guerra-petróleo incentivada pelo próprio governo norte-americano.
Eis a razão porque não era de surpreender que o governo W. Bush não aceitava qualquer negociação em torno das metas do protocolo de Kioto que se propunha a reduzir a emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Hoje, quando está em curso a reunião de Copenhagen sobre alterações climáticas, o presidente Obama recebe o Premio Nobel da Paz, a que ele mesmo julga paradoxal já que é o chefe de uma nação belicosa que mantém duas guerras regionais e já encomenda mais duas (Coréia do Norte e Irã). Declara ele que a guerra é feita em nome da paz, afirmação que aparece frequentemente ao longo da história nos países belicistas – a primeira guerra mundial foi festejada como “a guerra que iria acabar com todas as guerras”. Outra afirmação preocupante de Obama é a de que temos que reconhecer que “o Mal existe”, uma referencia direta a Al quaeda, mas que lembra o discurso da direita empedernida de Reagan e Bush, sobre a “existência de um eixo do mal”, a que se deve destruir.
Aparecem os discursos paradoxais. Alguns afirmam que não há efeito estufa algum. Outros, que a tendência é a de que a terra resfrie. E há ainda os que atribuem essa campanha do aquecimento global a uma conspiração para impedir o desenvolvimento dos países emergentes. O mais estranho é que os argumentos são padronizados e são apresentados seja em artigo no Recanto das Letras, seja na coluna das Sara Palin no Washington Post, seja em entrevista com um desconhecido meteorologista nas UOL.
Mas pouco importam os argumentos. Nesta altura dos debates a convicção é a de que já seja tarde demais para o planeta Terra, e mesmo que não exista o efeito estufa, é cada vez mais necessário que reuniões como Copenhagen 2009 sejam um sucesso, pois é do entendimento entre as nações que deverá emergir a verdadeira humanidade.
E, nos belicistas, petroleiros, siderurgistas, poluidores de um modo geral, o conselho: vamos sair do comodismo dos lucros fáceis e pesquisar novas formas de sobreviver neste cansado planeta.