Visitando meu Sertão
Desta vez escolhi o período de novenas em louvor a Nossa Senhora da Conceição, cujo encerramento ocorre no dia 8 de dezembro, com missa e procissão, acompanhada do tradicional foguetório e vivas à Padroeira do lugar. A festa, além do sentido religioso, tem grande importância social, pois se transforma numa verdadeira confraternização entre parentes e amigos, muitos dos quais morando distante, que também escolhem o período festivo para o reencontro. O local da Capela já não é mais o mesmo, tendo em vista que o anterior foi inundado pelo lago de Itaparica, há mais de 20 anos, estando hoje a alguns metros de profundidade. Agora, com melhor estrutura, localizada numa agrovila a montante da barragem, a festa conta com maior animação, atraindo para ali alguns conjuntos musicais de maior potência, a exemplo do último que se apresentou, cujo nome já falava por si: “Tonelada do Forró”. Diferentemente do antigo lugar, ainda sem energia elétrica, a animação ficava por conta de pífanos e zabumbas ou, no máximo, sanfona, pandeiro e triângulo. Enquanto anteriormente as pessoas iam a pé ou a cavalo, agora a onda é moto ou carro, alguns dos quais não muito modestos. Por isso já escrevi algo sobre “Um Sertão Diferente”. Às margens do lago, algumas casas podem ser consideradas “mansões”, em relação aos nossos casebres de antigamente.
É bom voltar àquele gostoso sertão da Bahia, no município de Glória, e ver os nossos conterrâneos com o sorriso estampado no rosto, esbanjando a sua felicidade pelo progresso alcançado, graças à agricultura irrigada, que jamais seria possível a depender de São Pedro, onde a chuva é uma raridade. Produz-se, agora, não só uma agricultura de subsistência, como nos velhos tempos, mas em grande escala, para a exportação. Ao melhorar a economia, melhora também a educação de seu povo, contando com transporte para levar os alunos a melhores escolas. Os nossos irmãos sertanejos já contam também com este fantástico meio de comunicação, que é a internet. Portanto, fico contente em saber que o “besteirol” que escrevo pode ser lido por eles. "Meu sertão está mudado, publique isto pra ficar documentado."