O CAIM DE SARAMAGO
O CAIN DE SARAMAGO
Todos aqueles que conhecem a obra literária de José Saramago, são unânimes no reconhecimento à sua genialidade de grande ficcionista, e mirabolante forjador de histórias que ele é.
É sabido que Saramago é comunista convicto e, como todo comunista que se preze tem que dizer-se ateu. Saramago é um provocador contumaz, que gosta de mexer com a sensibilidade das pessoas, como outros autores quando exploram a crença e a religião, temas polêmicos dirigidos especialmente a pessoas de pouca cultura religiosa.
Conhecedor que sou de grande parte de sua obra pois, o admiro como escritor, independente de suas ideologias, estou propenso em acreditar que, Saramago é um descrente que crê, ainda que se diga um ateu. Saramago é um descrente que anda à procura da luz. A sua aparente revolta para com Deus a quem chama de ser cruel e, outras coisas que lhe vêm à cachimônia, nada mais são do que o pretexto de encontrar a verdade. De se encontrar com seu criador, e, consigo mesmo. O grande problema de Saramago é que ele como tantos outros ainda não conseguiram descobrir, ou querem aceitar o outro lado do mistério que se chama o livre arbítrio que, Deus nos concedeu e, culpam Deus pelas coisas erradas que nós outros praticamos.
Nós que acreditamos nos insondáveis mistérios de Deus, vez por outra também somos assaltados pela dúvida, é próprio do ser humano duvidar e procurar a verdade. Seria fácil, acreditar, se Deus se revelasse toda vez que disso precisássemos, mas aí a história humana perderia a graça, pois não haveria ao que chamamos a fé. Ante a incredulidade de Tomé que, naquele momento estava com os outros apóstolos após a ressurreição e aparição aos mesmos, o Senhor assim lhe fala: Agora tu acreditas-te Tomé, porque viste, mas bem-aventurados são aqueles que não viram e acreditaram.
Muitos se perguntam e outros se irritam com o prêmio Nobel de Literatura, por o mesmo fazer da religião o seu saco de pancadas. Saramago, assim como uns poucos autores usam velhas fórmulas de encher páginas com informações que, na realidade, não tem nenhuma base histórica, artística ou religiosa, como por exemplo, o “Código da Vinci” de Dan Braun cujo principal objetivo seria fazer desacreditar a igreja católica. Por isso penso que a melhor resposta a estes autores deva ser a nossa indiferença à sua exege acrómica, e epistemologia desfocada.
Aproveitando o ensejo desejo a todos um Feliz e Alegre Natal, e um Novo Ano com muita saúde e pleno de realizações.
Eduardo de Almeida Farias
e-mail: edumendo@gmail.com