Há homens que foram eternizados, pelos seus atos contínuos, ou momentâneos. Homens, aparentemente, frágeis, porém, trazendo em si  fortaleza ímpar; quase sempre silenciosos, mas dotados de sabedoria, filha do silêncio, da observância e meditação.
Alguns confundem o silêncio com fraqueza desconhecendo o seu poder incontestável. O silêncio é arma poderosa, precisa, e avassaladora. O silente não é mudo, passivo, ou subjugado. É preciso,  verdadeiro, exímio estrategista.
           O falante, muitas vezes, perde-se na oratória  são  promessas e pouca ação,  aliás, falar não combina com agir.  A máxima do poder está na quietude do silente. " A ação de um ato é o clímax decorrente dos preâmbulos silentes."
Jesus Cristo – comedido nas palavras – foi sábio na mais breve delas. No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente ( Pv 10.19).
           A natureza, criação do Eterno, é exemplo, para o observador silente.  A luz tênue, e o ar silencioso penetram no profundo; a vida terrestre depende do silencioso e invisível oxigênio. Há poder no silêncio. Lembro-me dos silenciosos olhares dos meus pais, como falavam...  Qual de nós – seus filhos – atrever-se-ia  desobedecê-los? “O verdadeiro poder está na ação silenciosa de uma determinação”!
Deus, o Poder Supremo de incontestável existência, silente e invisível, silenciosamente, rege o mundo. Ele é o maior pacificador que a história registrou, por isso,  é O Príncipe da Paz!
          Pacificador não é ser passivo, submisso, inerte,  ou apático; pacificador é o que usa  armas de paz, através da força do silêncio, porém, quando ignorado, faz-se ouvir. O termo  paz”; “o que é determinado em promover a paz”. Sabe-se, porém, que a busca incessante, pela paz,  muitas vezes, origina guerras.
      Gandhi usou  armas do silêncio, não da indolência. Buscou no uso da oralidade, no momento oportuno, a paz desejada; fez-se sacrifício vivo – em forma de jejuns e orações – por muitas vezes sofreu prisões,  na boa labuta,  pelos direitos dos hindus; pregou a não violência como arma poderosa. Organizou uma greve, em 1922, pela queda dos impostos, causa nobre e meio justo, de reivindicar à legalidade dos direitos  de um povo. Mas, o povo se levantou em fúria, e depredou patrimônios públicos; Gandhi se confessou ‘culpado’ e foi preso.
Em 1930 viajou à Londres, Inglaterra, para negociar à independência da Índia, em vão. Após, dezessete anos, em 1947, a Índia se torna independente. O fanatismo dos hindus e mulçumanos  levou-os à batalha sangrenta, por consequência, milhares de cadáveres se espalharam pelas ruas. Os mulçumanos reivindicaram a independência do Estado, o Paquistão.
     Em busca pela paz, Gandhi aceitou a divisão da Índia, com o fim de evitar mais derramamento de sangue, entre hindus e mulçumanos, atraindo para si o ódio dos nacionalistas hindus. Dessa forma, conseguiu o que nenhum político conseguira. Porém, aos trinta dias do mês de janeiro do ano de 1948, aos 78 anos de idade, foi assassinado por um hindu.
A causa é pacífica – a injustiça social, em suas múltiplas formas, é oriunda da ganância e do abuso do poder, dos que teem como essência a fome pela guerra.
          Jesus Cristo foi o maior político da história, porque o seu compromisso maior foi com a vida do próximo e com a verdade, requisitos iminentes na formação do caráter de um verdadeiro líder.   (...) “Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade, que não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política." (Gandhi)
           “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9)
           “Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra”.(Mt5.4)
Mansos são os que lutam pela paz. De outra forma, nenhumas terras teriam por herdade, nenhum legado, nem mesmo a ‘liberdade’ – os maus, os roubadores, certamente, não abririam mão delas –,  o fazedor da paz, o pacificador, deve ser ativo, faz-se necessário.
            Não sejamos apenas pacifistas, mantenedores da paz, porém pacificadores, fazedores da paz. O pacificador tem por pátria o mundo. O amor é a sua máxima e o seu próximo, nem sempre é o mais próximo, porém, é todo aquele, do qual, tem-se conhecimento de sofrer  injustiças; sua causa é toda a que tripudia o amor, e o respeito, intencionando a promoção da paz.
      Todas as nações, todos os povos são de sua total responsabilidade. Assim, como o senhor de um lar, o é de fato, e a ninguém deve satisfação, quanto ao andamento desse lar – desde que não extrapole os direitos adquiridos sobre o respaldo da Lei vigente. Porém, havendo ação comprobatória  marginalizada, dele proveniente, mesmo dentro do espaço declarado legalmente seu, deve ser abordado.
      O ‘pacificador’ tem o dever  de denunciar todas as ações más dos homens maus, seja aonde for, com o intuito de fazer justiça e promover à paz.
 
(...) Lo más atroz de las cosas malas de la gente mala es el silencio de la gente buena.
(Gandhi)
 
 
 
Recife, 20/06/2015.
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 Escritora UBE. Mat.3963, Artigo: PAZ,BUSCA INCESSANTE, Recife,06/12/09.
EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 06/12/2009
Reeditado em 20/06/2015
Código do texto: T1962628
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