THE TIMES ARTIGO SOBRE JORGE AMADO BY EGREGOR
THE TIMES- LONDRES- 06/06/1989
Moving on by staying put
Alan Franks
Shepherds of the Night and Tent of Miracles
By Jorge Amado
Brazilian novelist Jorge Amado has remained contentedly in the same place all the 77 years old of his life. This is not to say that he has remained artistically static, but simply that the evolution of his native Bahia has supplied more motion than is to be had from the most outlandish travelling.
This evolution, after his birth as before it, has been in turns headlong, rich, violent, comic, unfair, but above all colourfull, as the harbour town ( for which the brochure word is bustling but the reality is brawling) reels about in a sort of glorifying disbelief at its own identity.
Throughout most of his 21 novels, the first of which was written when he was only 19, Amado´s function has been, at one level, to play the partisan chronicler of that identity; in adopting that role, the most fundamental article of his faith has been to take miscegenation as an ennobling spring rather than as an impoverishing sump. In his vision the mixing of bloods is nothing less than an agent of egalitarianism, and it directly supplies the evenhandedness with which he apportions gifts to the characters whom he has created in the image of his compatriots, be they gringo, mulatto or mestizo.
Shepherds of the Night, published in 1964, is the earlier of the two novels by five years. It is an enormous, carefully sustained trip-tych about natural dignity, unnatural indignity, and the way in which the two enact their conflict within the lives of his own everymen, the Bahianas. Above and beneath the bayings of his familiar low-life chorus (this was no misspent youth, but pure investment), the plots inhale great gusts of the waterfront air until they burgeon into vast spiritual obsessions; there are the stories of Corporal Martim, one of Amado´s recurrent Nostromo figures, who weds and then discards a whore; of a fatherless child, Felicio, an innocent instrument of outrage in receiving a church christening; and of the culminating invasion of a private tract of land by an army of the homeless.
The backdrop of a struggle for land and the displacement of people is a theme familiar to the point of motif. Twenty years earlier Amado had written a novel that was subsequently to make his name beyond Brazil - The Violent Land, which described the pillage of Bahia´s forests. For all the imagination of his portrayals, he writes only of what he has seen; in the contemporary spectacle of the hatle for the Amazon rain forests and the martyrization of the rubber-tappers´ defender, Chico Mendes, Amado could be forgiven for thinking that this time the life of his country has been scripting itself from the pages of his books.
The second novel, Tent of Miracles, has a tighter focus, but is no less ambitious for that. A Nobel Laureate from the States, one James D. Levenson, comes to Bahia and puts his critical imprimatur on the freshly dead, immortally randy, cultish roué and bar-bard, Pedro Archanjo. In a scatter of literary satire, the town rushes to rescue the man from its own oblivion, and in so doing embarks on what might be called the archaeology of reputation. It also finds that the dig is unearthing as much matter about the community and its values as about this hero, whose life went by improperly celebrated in its midst. To that extent, the book shares with Shepherds of the Night a concern for revaluing the stuff of status, in a world where our instincts are often confounded by the arbiters of merit.
Amado is now read in some 60 countries, and with eight million copies in print, must count as an "international best-seller". Like the Brazilian composer Villa-Lobos, he travels well for the simple reason that although the smell of him is relentlessly regional, the themes are universal, even if in the author´s case the cadences are inevitably planed down by the act of translation. (Harriet de Onis and Barbara Shelby respectively have left just the right amount of unrenderables to sing for themselves.)
Amado is not as difficult as the more famous Latin Americans, but he is no pushover. The joy of reading him lies in the certainty that if, as he himself has done, we remain in the same place for long enough - and in our case that place is merely his book - then all the people who should pass by will do so in due course of time. But there is more to it than that, for the meeting point has a temporal as well as a spatial capacity; there is always the feeling that if we are patient enough, the dead ancestors will also show up to help us make sense of their legacies.
Moving on by staying put - MOVENDO-SE E PERMANECENDO.
Alan Franks- Tradução-FLASH
Pastores da Noite e Tenda dos Milagres
Por Jorge Amado
Romancista brasileiro Jorge Amado permaneceu contentemente no mesmo lugar todos o 77 anos de sua vida. Isto não quer dizer que ele permaneceu artisticamente estático, mas simplesmente que a evolução da sua Bahia nativa forneceu mais movimento do que seria tido do mais estranho viajante.
Esta evolução, depois do seu nascimento assim como antes dele, esteve em mudança constante, rica, violenta, cômica, injusta, mas acima de tudo, colorida, como a cidade portuária (para a qual a palavra de panfleto é animada mas a realidade é dura) oscila em um tipo de descrença glorificada em sua própria identidade.
Ao longo da maioria dos seus 21 romances, o primeiro foi escrito quando ele tinha só 19 anos, a função de Amado foi, a um nível, interpretar o cronista partidário daquela identidade; adotando aquele papel, o artigo mais fundamental de sua fé foi tomar a miscigenação como uma fonte nobre ao invés de uma fossa pobre. Na visão dele a mistura de sangues não é nada menos que um agente de igualitarismo, e ela diretamente fornece a imparcialidade com a qual ele reparte os dons para os personagens que ele cria na imagem dos seus compatriotas, seja eles o gringo, mulato ou mestiço.
Pastores da Noite, publicado em 1964, é o mais recente de dois romances de cinco anos. É um enorme tríptico cuidadosamente sustentado sobre dignidade natural, indignidade antinatural, e o modo no qual os dois representam seu conflito dentro das vidas dos homens comuns, as Bahianas. Sobre e em baixo dos triunfos de sua humilde vida familiar (esta não era nenhuma mocidade esbanjada, mas puro investimento), os enredos inalam grandes rajadas do ar à margem d'água até eles florescerem em obsessões espirituais vastas; existem as estórias de Corporal Martim, uma das figuras recorrentes de Amado que se casa e então descarta uma prostituta; de uma criança órfã, Felicio, um instrumento inocente do ultraje que recebe um batismo de igreja; e da invasão culminante de uma área privada de terra por um exército dos sem-teto.
O cenário de uma luta por terra e o deslocamento de pessoas é um tema familiar para o ponto de partida. Vinte anos mais cedo Amado tinha escrito um romance que era subseqüentemente para fazer o nome dele fora do Brasil - A Terra Violenta, que descreveu a pilhagem de florestas da Bahia. Por toda a imaginação de suas descrições, ele escreve somente do que ele vê; no espetáculo contemporâneo da batalha pelas florestas tropicais Amazônicas e a martirização do defensor dos seringueiros, Chico Mendes, Amado poderia ser perdoado por pensar que este tempo a vida do seu país foi escrita das páginas dos seus livros.
O segundo romance, Tenda dos Milagres, tem um foco mais restrito, mas não é menos ambicioso por isso. Um Nobel Laureado dos Estados, um James D. Levenson, vem para a Bahia e lança sua impressão crítica no recentemente morto, imortalmente vagabundo, libertino e poeta de bar, Pedro Archanjo. Em uma dispersão da sátira literária, a cidade apressa para salvar o homem de seu próprio esquecimento, e fazendo assim embarca no que poderia ser chamada a arqueologia da reputação. Também descobre que a indagação está revelando tantos assuntos sobre a comunidade e seus valores como sobre este herói por cuja vida foi impropriamente celebrada em seu meio. Até este ponto, o livro compartilha com Pastores da Noite uma preocupação por reavaliar o status, em um mundo onde nossos instintos são freqüentemente confundidos pelos árbitros de mérito.
Amado é agora lido em uns 60 países, e com oito milhões de cópias impressas, deve ser considerado como um "best-seller internacional." Como o compositor brasileiro Villa-Lobos, ele viaja pela simples razão que embora o seu aroma é implacavelmente regional, os temas são universais, mesmo que no caso do autor as cadencias são inevitavelmente mal planejadas pelo ato de tradução. (Harriet de Onis e Barbara Shelby respectivamente deixaram exatamente a quantia certa de “medalhões” para os próprios cantarem.)
Amado não é tão difícil quanto os Latinos Americanos mais famosos, mas ele não é moleza.O prazer de lê-lo fica na certeza que se, como ele fez, nós permanecermos no mesmo lugar por tempo suficiente - e em nosso caso este lugar é somente o livro dele - então todas as pessoas por que deveriam passar farão no seu devido tempo. Mas existe mais do que isto, para o ponto de encontro tem uma capacidade temporal como também uma capacidade espacial; sempre há o sentimento que se nós formos bastante pacientes, os antepassados mortos também aparecerão para nos ajudar a compreender seus legados.