Cogito – Ergo Sum (Afirmação Cartesiana)
Hoje pela manhã, em um salão de cabeleireiros, aonde fui fazer uma gazeta (figura de aula...) conversava com uma manicure sobre o mundo de representações em que experienciamos. Não sei se ela entendeu direito o que eu quis passar. No entanto, o mais importante foi trocar, com ela, idéias fundamentais para mim, e que passo, agora e sempre, com fervor de cristão-novo: sempre retornando ao tema de que tudo o que vemos a nossa volta é fruto direto de nossa mente, sendo os nossos sentidos o veículo que nos utilizamos para perceber o que a mente projeta. Uma casa, um móvel, qualquer coisa, só é existente em nossa mente. Fora dele, nada existe. É uma afirmativa terrível, no sentido lato da palavra, mas ao mesmo tempo, nos dá a consciência de que somos Centros de energia interagindo com todos os outros Centros que a nossa mente percebe.
O grande vilão é sempre o Ego, este malandro que se deixa iludir pelas aparências, confundindo o Ilusório com o Real. Esta explanação está muito bem definida no Baghavad Gitá (Canção do Senhor), quando Krishna exorta Arjuna a combater seus parentes no campo de batalha – em realidade uma incitação à guerra contra a Ilusão. Voltando ao salão e fechando a conversa com a manicure: mostrei para ela como nos sentimos quando compramos uma roupa nova, ou um carro novo... inflamo-nos, pensando que os objetos inanimados nos fazem maior do que o que pensamos ser. Gostar de coisas novas é ótimo; pensar que elas nos acrescentam algo é que é o problema - são só peças, boas para se usar e nada mais. Da mesma forma que unhas pintadas e cabelos bem cortados nada contam para a harmonização do interior de qualquer pessoa.
Escrito em uma noite suave, morna como poucas, enquanto este escrevinhador bissexto organiza mentalmente a correnteza de pensamentos que lhe chega aos solavancos.
Vale do Paraíba, Novembro de 2008
João Bosco