Mistérios de Santa Catarina
Um dia alguém buzinou no ouvido do Imperador de Roma Justiniano I, o Grande, que em certo lugar aos pés do Monte Sinai no Egito, o arbusto sagrado em que conta a Bíblia que Deus se revelou para Moisés através de uma forte tocha flamejante e deu as tábuas das Leis e as coordenadas para a libertação do povo israelita das garras nefastas do Faraó do Egito. Segundo os emissários do apontamento inusitado, o arbusto original, o mesmo que tivera sido queimado pelo próprio Deus, sem ser danificado, ainda estava lá, no mesmo lugar de antes, 3.300 anos atrás ou cerca de 1.800 anos da época.
Justiniano I, religioso fervoroso e político hábil; ordenou à construção imediata de uma edificação a altura da responsabilidade sagrada, para preservar o arbusto mais sagrado da humanidade. A edificação em forma de fortaleza, que hoje conhecemos como Monastério de Santa Catarina, começou a ser erguida em 527 da Era Cristã, somente foi concluída 38 anos depois, ano da morte de Justiniano I, o homem que mais influenciou as Leis Romanas, que aliás, são seguidas quase ao pé da letra até hoje, inclusive por nós brasileiros.
Totalmente erguida sob influência da arte bizantina; possui hoje centenas de obras de arte de importância máxima não só para a arte, mas também para a história das religiões. É lá, no Monastério de Santa Catarina que está a segunda maior coleção de manuscritos sagrados do planeta, perdendo apenas para os manuscritos do Vaticano; segundo conta a igreja, está abrigada no monastério iluminuras com mais de 3500 volumes, que vão do Grego, passando pelo armênio, copta, árabe, hebraico e línguas eslavas. O tão procurado e estudado Codex, motivo de brigas centenárias e abluções religiosas, que hoje se encontra no Museu Britânico, foi encontrado lá em 1850.
Também conta a história que o profeta Maomé teria passado por lá e teve dispensada a melhor das deferências por parte dos monges ortodoxos; por gratidão, afirmou que protegeria eternamente o lugar e até hoje os árabes mulçumanos respeitam e protegem a fortaleza; o lugar também passou a ser a orientação para todo o povo mulçumano desde então!
O nome de Santa Catarina não veio por acaso; a moça egípcia foi mártir da causa cristã e viveu quase na mesma época da construção da fortaleza; é venerada não somente pelos católicos, mas também é considerada mais do que uma santa pelos ortodoxos. Foi morta a mando do Imperador Maximino de Roma, que também mandou matar sua esposa, guardas pessoais e sábios os quais Catarina havia convertido ao cristianismo. Catarina foi morta pela cama de lâminas, uma das mortes mais dolorosas da época!
Alguns historiadores acreditam que ela sequer existiu; segundo os mais profundos estudos, não há evidências claras das passagens pregadas pela igreja católica; de fato, já neste século, pouco a pouco a Santa Sé começou a declinar as honrarias a santa, chegando a abolir o 25 de novembro, dia destinado a ela, do calendário litúrgico católico; não se sabe se por evidências de fraude ou se por ciúme dos ortodoxos.
No Monastério de Santa Catarina já foram escondidos o Codex, os manuscritos siríacos mais importantes para as religiões modernas e até o Santo Sudário passou por lá, mas dizem livros e historiadores que o mais intrigante dos segredos, o Santo Graal, não se pode ser encontrado antes dos mistérios do monastério ser totalmente decifrados.
Manuscritos assinados por um Cavaleiro Templário que não revela o nome de família muito menos a data exata, afirma que ele próprio levou a “mais importante de todas as respostas”; a resposta que todos queriam ter e jamais conseguiram. Noutra parte do documento que virou livro, “O sangue Real”, Gibraan, o cavaleiro, afirma também que amostras do sangue de Cristo foram postas em vasos de alta valia e que estes foram depositados em segredo em um local do monastério, além de documentos e outras provas irrefutáveis de passagens lendárias da vida de Jesus Cristo.
Lenda ou verdade o Monastério de Santa Catarina sobreviveu a praticamente 1500 anos de intempéries como guerras, conflitos e a ação mais nefasta de todos, a do tempo, sem ter sofrido muitos arranhões com tudo isso; permanece como guardião do sopé do Sinai no Egito e é um lugar sensacional que atrai milhares de peregrinos e curiosos de todas as partes do mundo, inclusive do Brasil. É um dos lugares mais visitados do Egito, perdendo é claro, para as pirâmides milenares e para Luxor no Vale dos Reis.
Jamais ficou claro quem tivera dito a Justiniano I que o arbusto sagrado era aquele mesmo do local onde foi construído o monastério; há que se registrar que até hoje, em 2009, no local apontado ainda há um arbusto com as mesmas características do descrito no velho Testamento, mas quanto à autenticidade da história, isso é outra história que ninguém poderá provar. A pessoa que afirmou ser aquele o grande arbusto de Deus pode ter lido algo, pode ter sido avisado por sonho ou ainda pode ter delirado, mas o que todos os grandes historiadores acreditam é que esta pessoa era um grande interessado em ver uma grande edificação destinada a religião ortodoxa, que não é a mesma católica.
A Santa Sé já apresentava sinais fortes de domínio de todas as partes do mundo, principalmente na Europa e os ortodoxos necessitavam reanimar seu rebanho com algo forte e intrigante, daí a idéia de criação do mosteiro; que foi construído com longos muros altos e divisões arquitetônicas de dar inveja até aos mais estudiosos do assunto.
Seu interior é fortemente protegido, mas constantemente aberto a visitação pública, desde que haja comunicação prévia e guia especializado. Ninguém se ousa a explorar os mistérios do lugar; primeiro porque ninguém permite, depois porque não há razões sistêmicas fortes o suficiente para que haja este tipo de incursão científica. Cada canto e cada espaço que possa esconder algum segredo, cada sala ou cada pedra que possa esconder uma passagem oculta permanecem intocáveis resguardados pelos religiosos ou pelas mãos de Deus.
Lugar sagrado para Judeus, Cristãos e Mulçumanos, o Monte Sinai e o Monastério de Santa Catarina permanecerão lá, intocáveis e sagrados, causando a inveja de alguns, indignação de outros e acima de qualquer coisa, o regozijo máximo daqueles que podem visitá-los; uma das experiências mais agradáveis que alguém possa passar, não só pelos mistérios, mas pelo lugar único e por toda a história de milhares de anos que se passaram por aquelas redondezas.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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