Canal aberto com o endocrinologista
Menopausa
Chamo-me Eduardo Flores. Sou endocrinologista. Dra Leila, codinome “Menô”, me incumbiu de uma missão meio árdua, visto o tempo meio exíguo que disponho neste momento para escrever sobre um assunto tão interessante, extenso e importante como a relação de alguns hormônios e os sintomas que atormentam uma boa parte das mulheres que chegam à menopausa.
Desta forma, vou procurar resumidamente falar de alguns deles, os mais comuns e, caso vocês se interessem, enviem para mim suas questões através da dona Menô: www.clubedadonameno.com.
O primeiro deles, e o que eu acho o mais “falado”, são as constrangedoras ondas de calor conhecidas pelo nome de “fogachos” que sobem pelo colo, pelo pescoço e avermelham, “enrubescem a face”. São piores à noite, particularmente na madrugada. Ninguém suporta, nos momentos piores, sequer uma fina camisola de seda pura, fina e gélida sobre a pele. Parece que só a nudez completa conforta: “Que vergonha, meu DEUS! Eu nunca fui assim e agora, com essa idade, sinto essas coisas. Se alguém me olha agora o que vou dizer?”.
A resposta é simples. É por causa do FHS. Esta sigla poderia ser interpretada pelos menos desavisados como “FELIZ SEXO HOJE”, mas é o nome de um hormônio que se chama “HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE.
Enquanto os ovários funcionam normalmente (na fase reprodutiva), esse hormônio, é o responsável pelo desenvolvimento do óvulo dentro do ovário, até que ele cresça e esteja pronto para ser liberado e captado pela trompa. Também é co-responsável pela preparação do útero para receber um possível ovo, caso o óvulo tenha sido fecundado.
Todo este processo acontece com a participação do ESTROGÊNIO e da PROGESTERONA, que são hormônios produzidos pelos ovários, e que também trabalham juntos com o LH, no qual falarei adiante
Quando os ovários esgotam seus estoques de óvulos e param de produzir o ESTROGÊNIO - o principal hormônio sexual feminino -, por ocasião da menopausa, os hormônios LH e FSH (produzidos por uma outra glândula, chamada HIPÓFISE, passam a ser produzidos em quantidades exageradas. A hipófise se localiza dentro da cabeça, embaixo do cérebro, bem no meio.
O FSH é mais liberado quando os óvulos acabam. O LH (hormônio luteinizante) aumenta quando o ovário não produz mais o estrogênio e cuja sigla poderia ser interpretada, pelos menos esclarecidos, como “LEGAL vai ser HOJE!”.
Esse tal de FSH é produzido em ONDAS, assim como o LH, ondas essas que aumentam em intensidade após a menopausa e provocam uma grande dilatação dos vasos sanguíneos periféricos (sob a pele) e daí, a face vermelha, a onda de calor e a sudorese.
A mente
Bem, explicado este primeiro sintoma, vamos ao próximo: a memória fraca, muito esquecimento. Na verdade não ocorre esquecimento e sim, diminuição da atenção. As mulheres na menopausa ficam “um pouco mais aéreas - claro, como se isso fosse possível... Papo machista o meu agora, não é?
A parte anterior dos nossos cérebros, região chamada de córtex frontal, é responsável por nossa vida de relação - com as pessoas e com o meio que nos cerca. No lobo frontal das mulheres existem pequenos locais, como se fossem fechaduras, onde o ESTRADIOL, hormônio sexual feminino (este que deixa de ser produzido pelos ovários após a menopausa) atua como se fosse chaves que ativam essas fechaduras, também chamadas de receptores e que são os responsáveis exatamente pela atenção. A falta do ESTROGÊNIO leva à desatenção e, conseqüentemente, à sensação de perda da memória.
O sono
A terceira das “pragas” da menopausa, na minha experiência sobre as queixas femininas, é a insônia. Parte dela perfeitamente explicável pelos fogachos, que as acordam suando no meio de uma noite, mesmo que gélida, ou no ar condicionado no último ponto.
Também contribui para piora da qualidade do sono, a diminuição drástica da produção de PROGESTERONA, outro hormônio produzido predominantemente pelo ovário feminino e que também é parcialmente responsável pela organização do sono profundo. Algumas mulheres passam a apresentar “apnéia do sono” (uma alteração respiratória que compromete a estrutura do sono, particularmente o sono profundo). Param de respirar por períodos variáveis durante o sono e, com isso, não conseguem desfrutar adequadamente da fase mais relaxante do sono, apresentando muitos microdespertares durante a noite. Isso explica porque algumas mulheres se queixam de que passaram a apresentar roncos após a menopausa e de certo cansaço, fadiga e desânimo durante o dia.
A PROGESTERONA é um depressor do sistema nervoso central e é ela, em grande parte, a responsável pela famigerada TPM na fase reprodutiva (quando os ovários funcionam normalmente), mas esse é outro papo.
A PROGESTERONA também exerce um relaxamento sobre um tipo de musculatura chamada lisa e isso também facilita o sono.
A depressão
Algumas mulheres mostram-se depressivas no período chamado peri-menopausa principalmente, fase em que antecede a menopausa propriamente dita, onde as menstruações passam a ser irregulares, demoram meses a vir, até que desaparecem por completo.
Várias causas estão relacionadas a esta queixa, dentre elas a grande variação hormonal, o que promove também uma grande variabilidade do humor. Na relação da menopausa com a sensação de envelhecimento, muitas mulheres acham que só envelheceram quando se descobriram na menopausa, uma coisa súbita!
Também contribuem as modificações no corpo da mulher, que também falaremos mais adiante, e a chamada “SÍNDROME DO NINHO VAZIO”, já que a chegada da menopausa se dá próximo ao período em que os filhos deixam a casa materna para construirem suas próprias vidas e família.
A estética
A pele seca, unhas frágeis, cabelos finos e quebradiços, aparecimento de alguns pelinhos mais grossos e escuros sob o mento e sobre o lábio. Essas são manifestações inerentes à falta ou queda acentuada dos níveis de ESTROGÊNIOS. O “VIÇO” feminino, brilho, textura, elasticidade da pele, cabelo e unhas dependem em grande parte desse hormônio, que parou de ser produzido pelo ovário, na menopausa, que era a sua maior fonte e deixou de funcionar.
Ah! Eu ainda não falei do ganho de peso após a menopausa! Isso quase todas, senão todas as mulheres, reclamam, particularmente aquelas que fazem ou fizeram reposição hormonal que, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o ganho de peso. Se tivesse, todas as mulheres deveriam emagrecer após a menopausa, quando estes hormônios param de ser fabricados pelos ovários, mas não é o que acontece na maioria das vezes. Se ganha peso particularmente na barriga ao invés do quadril, como acontecia antes da menopausa. Alguém pode com isso? Ninguém merece!!!
Os ESTROGÊNIOS são os hormônios responsáveis pela “beleza feminina”, como também pelo torneado, pelo requebrado, pelo “cheiro” especial que as mulheres têm e também pelo padrão de gordura corporal, respeitadas aí as heranças genéticas e as “cicatrizes da vida de cada uma”.
O que mais pode acontecer quando os estrogênios diminuem?
O colesterol aumenta, particularmente o mau colesterol, aumenta o risco de doença cardíaca coronariana e ocorre um maior enrijecimento da parede das artérias, levando a hipertensão arterial;
Aumenta a perda e velocidade da perda de massa óssea (osteoporose);
Ocorrem o “afinamento” dos cabelos e aparente rarefação dos mesmos, enfraquecimento das unhas, ressecamento da pele, aparecimento de pintas escuras (sinais), particularmente do dorso das mãos;
Prisão de ventre;
Aumento do risco de Doença de ALZIHEIMER (relacionado a aqueles receptores cerebrais que falamos antes)
Maior incidência de câncer do intestino grosso e de diabetes;
Maior frequência de infecções urinárias de repetição e de dificuldade para controlar ou reter a urina. Algumas mulheres após a menopausa referem perda de gotas de urina quando fazem esforço, tossem ou espirram o que é decorrência da atrofia da uretra pela queda acentuada dos níveis de ESTRÓGENOS.
E a sexualidade na menopausa?
Conheço mulheres que referem uma espantosa melhora na sua sexualidade após a menopausa. Um dos fatores é o psicológico: não existe mais o fantasma de uma gestação indesejada e não há mais o pânico de engravidar.
O aumento ou a manutenção da libido, do desejo sexual, pode ser justificado por ação de hormônios, como a TESTOSTERONA (o principal hormônio sexual masculino e que também existe nas mulheres). É o principal hormônio responsável pela sexualidade e é sintetizado além do ovário, também em outra glândula, chamada ADRENAL (fica sobre os rins), e pelo tecido gorduroso periférico.
Associado a isto, também há a ação da ESTRONA, que é um tipo de estrogênio que demora mais a diminuir os seus níveis ou diminui menos após a menopausa, proporcionalmente à diminuição do ESTRADIOL.
Verifica-se, entretanto, que outras mulheres referem perda do interesse pelo sexo depois da menopausa (perda da libido). A causa também está na parada da função do ovário, que é a principal glândula produtora de TESTOSTERONA na mulher (depois vem a ADRENAL e depois o tecido gorduroso). Agrava-se a situação com a falta ou diminuição drástica dos ESTROGÊNIOS (que no fígado e no tecido gorduroso têm uma parcela transformada em TESTOSTERONA) e da PROGESTERONA (que por ter uma estrutura química parecida com a TESTOSTERONA, tem igualmente algumas de suas atividades, particularmente em relação à LIBIDO).
Outras mulheres evitam as relações sexuais após a menopausa por passarem a ter dor durante o ato sexual (chama-se dispareunia). As causas principais são o ressecamento ou falta de lubrificação vaginal durante o ato sexual. O estreitamento ou atrofia vaginal que são decorrentes de uma falta acentuada de ESTROGÊNIOS no organismo.
Existem outros hormônios que podem também contribuir, melhorando ou agravando os sintomas da menopausa. Dentre eles, podemos citar os hormônios da tireóide, uma glândula que fica no pescoço e é responsável por nosso metabolismo energético, por assim dizer; pelos hormônios das duas glândulas adrenais, dos quais já falamos um pouco; do hormônio do crescimento, também produzido pela hipófise e que tem esse nome por ser importante no crescimento durante a infância e a adolescência, mas que também exerce importantes funções metabólicas na idade adulta, principalmente em relação à massa muscular magra do indivíduo, seja ele do sexo masculino ou feminino; da MELATONINA, outro hormônio produzido também dentro de nosso crânio, por uma glândula chamada PINEAL e que tem uma importante função na regulação do sono e do estresse.
Como vocês podem imaginar, há assunto para muito papo. Responderei as perguntas que me chegarem!
Um abraço aos leitores e leitoras do Clube da Dona Menô.
Eduardo Flores
Endocrinologia
CRM: 5227724/8
Menopausa
Chamo-me Eduardo Flores. Sou endocrinologista. Dra Leila, codinome “Menô”, me incumbiu de uma missão meio árdua, visto o tempo meio exíguo que disponho neste momento para escrever sobre um assunto tão interessante, extenso e importante como a relação de alguns hormônios e os sintomas que atormentam uma boa parte das mulheres que chegam à menopausa.
Desta forma, vou procurar resumidamente falar de alguns deles, os mais comuns e, caso vocês se interessem, enviem para mim suas questões através da dona Menô: www.clubedadonameno.com.
O primeiro deles, e o que eu acho o mais “falado”, são as constrangedoras ondas de calor conhecidas pelo nome de “fogachos” que sobem pelo colo, pelo pescoço e avermelham, “enrubescem a face”. São piores à noite, particularmente na madrugada. Ninguém suporta, nos momentos piores, sequer uma fina camisola de seda pura, fina e gélida sobre a pele. Parece que só a nudez completa conforta: “Que vergonha, meu DEUS! Eu nunca fui assim e agora, com essa idade, sinto essas coisas. Se alguém me olha agora o que vou dizer?”.
A resposta é simples. É por causa do FHS. Esta sigla poderia ser interpretada pelos menos desavisados como “FELIZ SEXO HOJE”, mas é o nome de um hormônio que se chama “HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE.
Enquanto os ovários funcionam normalmente (na fase reprodutiva), esse hormônio, é o responsável pelo desenvolvimento do óvulo dentro do ovário, até que ele cresça e esteja pronto para ser liberado e captado pela trompa. Também é co-responsável pela preparação do útero para receber um possível ovo, caso o óvulo tenha sido fecundado.
Todo este processo acontece com a participação do ESTROGÊNIO e da PROGESTERONA, que são hormônios produzidos pelos ovários, e que também trabalham juntos com o LH, no qual falarei adiante
Quando os ovários esgotam seus estoques de óvulos e param de produzir o ESTROGÊNIO - o principal hormônio sexual feminino -, por ocasião da menopausa, os hormônios LH e FSH (produzidos por uma outra glândula, chamada HIPÓFISE, passam a ser produzidos em quantidades exageradas. A hipófise se localiza dentro da cabeça, embaixo do cérebro, bem no meio.
O FSH é mais liberado quando os óvulos acabam. O LH (hormônio luteinizante) aumenta quando o ovário não produz mais o estrogênio e cuja sigla poderia ser interpretada, pelos menos esclarecidos, como “LEGAL vai ser HOJE!”.
Esse tal de FSH é produzido em ONDAS, assim como o LH, ondas essas que aumentam em intensidade após a menopausa e provocam uma grande dilatação dos vasos sanguíneos periféricos (sob a pele) e daí, a face vermelha, a onda de calor e a sudorese.
A mente
Bem, explicado este primeiro sintoma, vamos ao próximo: a memória fraca, muito esquecimento. Na verdade não ocorre esquecimento e sim, diminuição da atenção. As mulheres na menopausa ficam “um pouco mais aéreas - claro, como se isso fosse possível... Papo machista o meu agora, não é?
A parte anterior dos nossos cérebros, região chamada de córtex frontal, é responsável por nossa vida de relação - com as pessoas e com o meio que nos cerca. No lobo frontal das mulheres existem pequenos locais, como se fossem fechaduras, onde o ESTRADIOL, hormônio sexual feminino (este que deixa de ser produzido pelos ovários após a menopausa) atua como se fosse chaves que ativam essas fechaduras, também chamadas de receptores e que são os responsáveis exatamente pela atenção. A falta do ESTROGÊNIO leva à desatenção e, conseqüentemente, à sensação de perda da memória.
O sono
A terceira das “pragas” da menopausa, na minha experiência sobre as queixas femininas, é a insônia. Parte dela perfeitamente explicável pelos fogachos, que as acordam suando no meio de uma noite, mesmo que gélida, ou no ar condicionado no último ponto.
Também contribui para piora da qualidade do sono, a diminuição drástica da produção de PROGESTERONA, outro hormônio produzido predominantemente pelo ovário feminino e que também é parcialmente responsável pela organização do sono profundo. Algumas mulheres passam a apresentar “apnéia do sono” (uma alteração respiratória que compromete a estrutura do sono, particularmente o sono profundo). Param de respirar por períodos variáveis durante o sono e, com isso, não conseguem desfrutar adequadamente da fase mais relaxante do sono, apresentando muitos microdespertares durante a noite. Isso explica porque algumas mulheres se queixam de que passaram a apresentar roncos após a menopausa e de certo cansaço, fadiga e desânimo durante o dia.
A PROGESTERONA é um depressor do sistema nervoso central e é ela, em grande parte, a responsável pela famigerada TPM na fase reprodutiva (quando os ovários funcionam normalmente), mas esse é outro papo.
A PROGESTERONA também exerce um relaxamento sobre um tipo de musculatura chamada lisa e isso também facilita o sono.
A depressão
Algumas mulheres mostram-se depressivas no período chamado peri-menopausa principalmente, fase em que antecede a menopausa propriamente dita, onde as menstruações passam a ser irregulares, demoram meses a vir, até que desaparecem por completo.
Várias causas estão relacionadas a esta queixa, dentre elas a grande variação hormonal, o que promove também uma grande variabilidade do humor. Na relação da menopausa com a sensação de envelhecimento, muitas mulheres acham que só envelheceram quando se descobriram na menopausa, uma coisa súbita!
Também contribuem as modificações no corpo da mulher, que também falaremos mais adiante, e a chamada “SÍNDROME DO NINHO VAZIO”, já que a chegada da menopausa se dá próximo ao período em que os filhos deixam a casa materna para construirem suas próprias vidas e família.
A estética
A pele seca, unhas frágeis, cabelos finos e quebradiços, aparecimento de alguns pelinhos mais grossos e escuros sob o mento e sobre o lábio. Essas são manifestações inerentes à falta ou queda acentuada dos níveis de ESTROGÊNIOS. O “VIÇO” feminino, brilho, textura, elasticidade da pele, cabelo e unhas dependem em grande parte desse hormônio, que parou de ser produzido pelo ovário, na menopausa, que era a sua maior fonte e deixou de funcionar.
Ah! Eu ainda não falei do ganho de peso após a menopausa! Isso quase todas, senão todas as mulheres, reclamam, particularmente aquelas que fazem ou fizeram reposição hormonal que, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o ganho de peso. Se tivesse, todas as mulheres deveriam emagrecer após a menopausa, quando estes hormônios param de ser fabricados pelos ovários, mas não é o que acontece na maioria das vezes. Se ganha peso particularmente na barriga ao invés do quadril, como acontecia antes da menopausa. Alguém pode com isso? Ninguém merece!!!
Os ESTROGÊNIOS são os hormônios responsáveis pela “beleza feminina”, como também pelo torneado, pelo requebrado, pelo “cheiro” especial que as mulheres têm e também pelo padrão de gordura corporal, respeitadas aí as heranças genéticas e as “cicatrizes da vida de cada uma”.
O que mais pode acontecer quando os estrogênios diminuem?
O colesterol aumenta, particularmente o mau colesterol, aumenta o risco de doença cardíaca coronariana e ocorre um maior enrijecimento da parede das artérias, levando a hipertensão arterial;
Aumenta a perda e velocidade da perda de massa óssea (osteoporose);
Ocorrem o “afinamento” dos cabelos e aparente rarefação dos mesmos, enfraquecimento das unhas, ressecamento da pele, aparecimento de pintas escuras (sinais), particularmente do dorso das mãos;
Prisão de ventre;
Aumento do risco de Doença de ALZIHEIMER (relacionado a aqueles receptores cerebrais que falamos antes)
Maior incidência de câncer do intestino grosso e de diabetes;
Maior frequência de infecções urinárias de repetição e de dificuldade para controlar ou reter a urina. Algumas mulheres após a menopausa referem perda de gotas de urina quando fazem esforço, tossem ou espirram o que é decorrência da atrofia da uretra pela queda acentuada dos níveis de ESTRÓGENOS.
E a sexualidade na menopausa?
Conheço mulheres que referem uma espantosa melhora na sua sexualidade após a menopausa. Um dos fatores é o psicológico: não existe mais o fantasma de uma gestação indesejada e não há mais o pânico de engravidar.
O aumento ou a manutenção da libido, do desejo sexual, pode ser justificado por ação de hormônios, como a TESTOSTERONA (o principal hormônio sexual masculino e que também existe nas mulheres). É o principal hormônio responsável pela sexualidade e é sintetizado além do ovário, também em outra glândula, chamada ADRENAL (fica sobre os rins), e pelo tecido gorduroso periférico.
Associado a isto, também há a ação da ESTRONA, que é um tipo de estrogênio que demora mais a diminuir os seus níveis ou diminui menos após a menopausa, proporcionalmente à diminuição do ESTRADIOL.
Verifica-se, entretanto, que outras mulheres referem perda do interesse pelo sexo depois da menopausa (perda da libido). A causa também está na parada da função do ovário, que é a principal glândula produtora de TESTOSTERONA na mulher (depois vem a ADRENAL e depois o tecido gorduroso). Agrava-se a situação com a falta ou diminuição drástica dos ESTROGÊNIOS (que no fígado e no tecido gorduroso têm uma parcela transformada em TESTOSTERONA) e da PROGESTERONA (que por ter uma estrutura química parecida com a TESTOSTERONA, tem igualmente algumas de suas atividades, particularmente em relação à LIBIDO).
Outras mulheres evitam as relações sexuais após a menopausa por passarem a ter dor durante o ato sexual (chama-se dispareunia). As causas principais são o ressecamento ou falta de lubrificação vaginal durante o ato sexual. O estreitamento ou atrofia vaginal que são decorrentes de uma falta acentuada de ESTROGÊNIOS no organismo.
Existem outros hormônios que podem também contribuir, melhorando ou agravando os sintomas da menopausa. Dentre eles, podemos citar os hormônios da tireóide, uma glândula que fica no pescoço e é responsável por nosso metabolismo energético, por assim dizer; pelos hormônios das duas glândulas adrenais, dos quais já falamos um pouco; do hormônio do crescimento, também produzido pela hipófise e que tem esse nome por ser importante no crescimento durante a infância e a adolescência, mas que também exerce importantes funções metabólicas na idade adulta, principalmente em relação à massa muscular magra do indivíduo, seja ele do sexo masculino ou feminino; da MELATONINA, outro hormônio produzido também dentro de nosso crânio, por uma glândula chamada PINEAL e que tem uma importante função na regulação do sono e do estresse.
Como vocês podem imaginar, há assunto para muito papo. Responderei as perguntas que me chegarem!
Um abraço aos leitores e leitoras do Clube da Dona Menô.
Eduardo Flores
Endocrinologia
CRM: 5227724/8