FELICIDADE X ESCRAVIDÃO
FELICIDADE X ESCRAVIDÃO
Quer queira, quer não o atento leitor, a felicidade existe, e é para todos nós. Ouvi muitas vezes dizer que “o homem nasceu para ser feliz”. Correto. Todos os seres humanos nascem para se sentirem felizes, pois, só nesse estado de espírito, poderá progredir no trabalho, na educação da família e no relacionamento social. É que a felicidade é irmã gêmea do bom humor e, se este não existe, o relacionamento em qualquer segmento da vida torna-se muito difícil. O relacionamento homem/mulher, então, é impraticável, principalmente, como acontece na maioria dos casais, quando não existe um amor verdadeiro e sólido entre ambos, fruto de um casamento impensado ou de oportunidade.
A felicidade está escondida no mais recôndito núcleo pensante do indivíduo e somente ele poderá exteriorizá-la. Ela não é uma frutinha gostosa que se colhe em alguma árvore; nem está nas lojas de alto status, à venda, como muitos a querem e oportunizam, porquanto é um estado de espírito. Dado que todos nós queremos ser felizes, procuramos a felicidade em todos os lugares. Achamos que ela está no casamento. Logo descobrimos que só casar com uma pessoa bonita e de corpo bem estruturado, onde a natureza não pecou em nenhum detalhe e, dona de altas contas bancárias, é o suficiente para sermos felizes, pois geralmente existe submissão de um ou de outro e não me consta que os escravos sejam os mais felizes. Para os que foram presenteados com o empréstimo de altas somas e capitais de alto grau financeiro (falo em empréstimo, porquanto nada é verdadeiramente do indivíduo, uma vez que nada leva consigo ao morrer) mas, de posse desse manancial do poder econômico, descobre que as cobranças são tantas que não lhe deixam nem um segundo para ser feliz, de nada lhe serviu a riqueza. Para ocultar de si mesmo essas cobranças sociais, os detentores da opulência tornam-se escravos do seu próprio orgulho de serem ricos, a ponto de esquecerem-se de fazer da riqueza um trampolim para a felicidade verdadeira, e novamente aparece em cena o escravo. Quando pobre, o indivíduo queixa-se de não poder, por exemplo, mandar seus filhos estudar em escolas particulares como o fazem os ricos e de não poder presentear sua mulher com as jóias que as mulheres ricas usam. Este se transforma em escravo do ciúme, pois acha que Deus dá preferência a alguns, em detrimento de muitos outros que mal têm dinheiro para alimentar-se e à família. Outros, ainda, de pouco estudo ou analfabetos, tornam-se escravos dos queixumes e da auto-piedade, porque não conseguem um emprego que lhes renda maiores salários por não terem estudo. Resumindo, em nenhum desses seres humanos reside a verdadeira felicidade.
Mas todos sabemos que existe a felicidade; sentimo-la palpitar dentro de nós. Ela nos transmite arroubos momentâneos para sinalizar sua existência. Mas não descobrimos onde ela se esconde. Para a descobrirmos e pô-la em evidência, que tal procurarmos entre as pequeninas coisas do dia-a-dia? Se somos ricos, ver o que é possível fazer com o nosso dinheiro para ver outros seres humanos sorrirem, principalmente, idosos e crianças? Vão ver que está ali a sua felicidade! Se formos pobres e/ou ignorantes, conformemo-nos com o que a vida pode oferecer, depositando em Deus nossas esperanças de, no final, recebermos as recompensas que Ele nos prometeu na verdadeira vida, a futura. E, finalmente, se o nosso consorte não é “essas coisas” em beleza exterior, vasculhemos o seu interior para descobrir-lhe os cristais e os diamantes morais e intelectuais, que é o que realmente vale para uma vida feliz e que nos ajuda a vivê-la melhor.
Olhando a vida terrena sob este prisma, acabamos descobrindo que temos a capacidade no fundo da nossa alma de descobrir a verdadeira felicidade. Mas conformar-se não é sinônimo de parar de lutar. Lutar, trabalhar e prosseguir na busca de dias melhores, deve ser o lema de todos, porquanto no trabalho também se encontra a realização pessoal e, nela, a felicidade.