MERCADORES DE ILUSÕES
Vivemos um tempo de profundas contradições; uma verdadeira simbiose entre a loucura e lucidez. Verificamos, no presente, que de um lado prolifera o fanatismo religioso, o radicalismo teológico e consequetemente a infantilidade, reduzindo a experiência religiosa a uma espécie de cativeiro eclesiástico. Por outro lado, assistimos a multiplicação de movimentos religiosos que transformam o cenário da religiosidade brasileira em um verdadeiro palco, onde hábeis ilusionistas se apresentam, transformando a espiritualidade numa panacéia capaz de resolver todos os problemas, e a oração, numa cornucópia de onde jorra a realização de todos os desejos, desde os mais sinceros aos mais voluptuosos. Nesse cenário, a religião deixa de ser algo a busca pelo sagrado e em última instância o encontro com o outro que caminha ao nosso lado; ou ainda o desejo de desenvolver e aperfeiçoar as mais sublimes virtudes inerentes ao ser humano; ela se torna o meio mais fácil de realização de desejos incontidos, através de atitudes egoístas de pessoas que buscam apenas se locupletar utilizando para isso de forma infame e perversa, a miséria alheia.