Difícil procura
Por longos anos ando-me procurando.
Ora me achando, ora me perdendo.
- Você não me viu por aí, não?
De tanto exercitar-me, vou aprendendo.
A vida é a eterna procura.
Às vezes acha-se o que não se perdeu, ou seja: somente acha-se aquilo do qual não se deu falta.
Quando se encontra um achado, qual não era o esperado, então não se conta como perdido.
Assim vou levando, me encontrando, me perdendo neste nefando mundo de modo gerúndio de dizer, abominando a língua de muitos eruditos.
Eu, pessoalmente gosto de me achar no gerúndio, no particípio que me faz lembrar do verbo participar, então participo de qualquer ato coloquial, ou erudito, tanto fez, como tanto faz, o importante mesmo, é me achar sem ser preterido.
A autoprocura começa nos livros religiosos, quantas e quantas vezes, me procurei nas Sagradas Escrituras, e nada, no Alcorão, e nada, no Jorge Amado, Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade, e nada. “andei também, coche pela vida, encontrando muitas pedras pelo meio do caminho”, e, não foi uma só, não em busca da tal felicidade que o homem abandonou no seu reino animal.