Ele vai te levar ao delírio!
(de Cachoeiro do Itapemirim – ES) Somente depois que alguém é roubado é que se pensa em trancar a porta e redobrar a segurança. Quando não conhecemos um produto ou serviço e este é lançado no mercado com promessas quase milagrosas, milhares de pessoas adotam-nos e passam a consumi-lo até começarem a descobrir as falhas e os vícios.
Aconteceu comigo quando o dispositivo de GPS começou a se popularizar; há dois ou três anos somente quem podia comprar um destes aparelhos que mostram ruas e localizam pessoas eram os afortunados; como tudo que é lançamento e novidade, chega ao mercado com preços absurdos e vão se popularizando a tal ponto que até o mais humilde dos franciscanos conseguem comprar; mas é bom ficar de olho em algumas dicas para não cair em armadilhas do tipo “ida sem volta”.
Meu primeiro GPS eu comprei fora do Brasil e paguei U$ 250,00, na época, cerca de R$ 500,00, enquanto que aqui no Brasil, um modelo similar estava custando em média R$ 1.200,00. No início foi um casamento perfeito, até que começaram as falhas, os erros de programação e os travamentos constantes; as cidades brasileiras que o aparelho informava que estavam mapeadas era logro e muitas das estradas tradicionais como as BRs 101 e 116, em pontos modificados os mapas por não estarem atualizados não traçavam as rotas corretas. Por fim, o GPS Navigation Navistation, modelo NAV5220, não consegue enxergar os sinais de satélites e encontra-se no fundo de uma gaveta.
Não me dei por vencido e resolvi gastar um pouco mais e comprar outro aparelho; por eu viajar muito o ano inteiro e por não conhecer bem muitas destas cidades grandes do Brasil, praticamente preciso deste recurso, principalmente quando vou à Brasília e pago verdadeiros micos nas famosas “tesourinhas” as margens do Eixo Monumental; achei finalmente o que parecia ser a solução dos meus problemas; adotei desta vez a tecnologia da HTC, travestido numa versão nacional adaptada pela Sight GPS modelo Smartphone Smartmaxx Gold; uma espécie de celular PDA e GPS livre de acesso via operadora telefônica.
Lembram do que eu escrevi sobre os problemas do primeiro GPS? Este foi igual com mais alguns problemas extras. O aparelho é simplesmente horrível, não funciona e a única coisa que prestou nesta história toda foi a boa vontade de uma única pessoa que trabalha no SAC da empresa que produz o aparelho, porque a empresa que vendeu, até hoje, sequer me deu uma resposta dos problemas.
Agora escolado e já capaz de discernir entre o que provavelmente presta e aquilo que é dinheiro jogado fora e como diz o ditado: depois de roubado e de quase entrar em outras roubadas, resolvi escrever sobre o tema; primeiro por desabafo e depois para orientar outras pessoas para que evitem entrar nas mesmas roubadas que eu; por último, caso tenha sido lesado, orientar de maneira correta, para que no mínimo haja o ressarcimento do valor empregado nestes besteiróis que levam o nome de GPS (Global Positioning System), que em língua portuguesa deveria ser SPB (sistema de posicionamento global).
Este tal Smartmaxx Gold promete detectar radares fixos e móveis da mesma forma que muitos que operam com este rótulo no Brasil; não confiem! Os radares fixos possuem programação que se adéqua ao mesmo sistema dos receptores de GPS, mas os móveis não. Eu testei exaustivamente com o radar móvel da Polícia Rodoviária Federal e nenhuma vez funcionou, portanto, esta promessa pode lhe levar inclusive a bancarrota.
Os mapas das cidades inseridas no GPS possuem cidades navegáveis e cidades inseridas; nas cidades navegáveis, que não passa de 300, ou +- 10% do quantitativo nacional, você pode se orientar pelas ruas normalmente, mas desde que a empresa que fabricou o GPS tenha atualizado os mapas destas cidades, caso contrário, você pode ser orientado a entrar na contramão e cometer infração grave; na hora da multa, culpar o GPS com o policial, ficará difícil.
Muitas estradas foram modificadas há anos e os mapas baratinhos adquiridos pelas empresas que fabricam os GPSs são de 20, 30 anos atrás, resultado: você não consegue se enxergar na estrada e muitas vezes você terá a impressão de que está no meio da selva. Traçar uma rota onde você está sem a localização no mapa do GPS para o seu destino é algo simplesmente IMPOSSÍVEL. É nesta hora que você descobre que pagou caro por um aparelho que não vale nada. Isso aconteceu com meu Smartmaxx Gold!
Na hora da compra, observe se a empresa possui mesmo assistência técnica em sua cidade ou próxima dela; estes aparelhos costumam dar defeito e pelas regras gerais de empresas espúrias é você quem paga pelo envio do equipamento e ainda tem que ficar mais de 30 dias sem ele. Neste caso a Sightgps, fabricante do Smartmaxx Gold honrou o frete, mas trocou um aparelho com defeito por outro igual, com os mesmos defeitos e o caso está na justiça.
Cada fabricante oferece mais vantagens para quem escolhe seu modelo; é claro que eles fazem isso para que você aufira os lucros pretendidos, mas observe bem tudo que há na propaganda e se possível teste-o imediatamente; na primeira visão clara de erro ou vício, notifique a empresa e solicite seu dinheiro de volta e jamais, jamais presenteie alguém com um GPS se você não o conhecer bem, caso contrário, você estará oferecendo um presente de grego.
Cuidado com as promessas de navegação grátis em celulares que possuem GPS; alguns fabricantes de aparelhos celulares oferecem esta modalidade, mas se não forem configurados ao final do mês a sua conta poderá chegar com mais de 3 dígitos no valor a ser pago. Guarde a propaganda enganosa e se verificado esta prática nefasta, busque seus direitos na justiça numa ação contra a operadora de celular e o fabricante do aparelho; é a única maneira de resolver um problema de uma única vez.
Tem um fabricante que está oferecendo um aparelho com as mais de 5.500 cidades brasileiras totalmente navegáveis; eu poderia dizer que é mentira, mas prefiro utilizar as palavras de um amigo especialista no tema que me disse: - Desconfie! Mapear uma cidade como Santa Rita do Abre Portas, que tem menos de 50 ruas, pode ser uma tarefa simples, mas difícil mesmo é convencer uma empresa de fazê-lo sabendo que menos de 0,0000001% dos usuários de GPS precisariam usá-lo nesta cidade.
Esta mesma empresa diz que seus aparelhos saem com mapas internacionais, mas se você observar as famosas letrinhas miúdas no final do anúncio verá que para utilizá-los você tem que pagar e neste caso, paga-se caro!
Agora estou utilizando a tecnologia Motorola, que me foi apresentado no aparelho Q-11 e que reúne celular e GPS; funciona bem, mas com a ressalva de ser lento para algumas questões, mas está funcionando; com um pouco de paciência consigo chegar ao destino e se alguém me pedir para dar uma nota, anotem: nota 7!
Eu tenho certeza absoluta que alguma empresa séria já disponibilizou um equipamento completo, com mapas mais atualizados e com serviço de atendimento ao cliente existente, mas também preciso confessar que ainda não conheci este tal aparelho; muito menos sei o nome desta empresa.
O consumidor usuário de GPS precisa estar ainda mais antenado do que o próprio aparelho; antes de comprar, leia bem o que diz a oferta quanto às cidades mapeadas e sobre o tipo de mapa que ele utiliza; veja se você consegue atualizar sozinho o sistema de mapa ou se precisa comprar depois a atualização; lembre-se que GPS não funciona dentro de estacionamentos cobertos, túneis e alguns não funcionam embaixo de pontes e viadutos; veja que tipo de antena o seu futuro aparelho utiliza e corra dos que oferecem antes auxiliares; observe se a empresa fabricante possui sede e CNPJ no Brasil, da mesma forma que a empresa que lhe vendeu; é muito importante ter uma assistência técnica próxima de sua casa e acima de tudo, teste até a exaustão seu aparelho.
Se algo der errado, principalmente com o que foi prometido, notifique imediatamente quem lhe vendeu e o fabricante; estipule um prazo máximo para a reparação dos vícios e/ou defeitos e após este prazo, dirija-se a um advogado ou ao atendimento do Juizado Especial Cível de sua cidade. Busque seus direitos e se você provar que trabalha com o auxílio do aparelho, com absoluta certeza, busque também o dano material sobre este fator.
Fuja léguas das ofertas de sites suspeitos como o Mercado Livre; ignore os preços baixos de aparelhos de origem duvidosa e lembre-se sempre que quando você compra um GPS o mapa que deve vir originalmente é o do Brasil, caso contrário, você navegará em mares lunáticos ao esmo e ao labéu dos espúrios enganadores.
Outra dica sobre o GPS que afirma detectar radares é: eles afirmam isso, mas não dão garantia nenhuma sobre o serviço e grande parte destas empresas ainda cobram taxas anuais de atualização que variam entre R$ 50,00 e R$ 100,00.
Depois destas dicas, vá até a sua loja de relacionamento ou site de e-commerce, escolha seu GPS e guarde as informações; lembre-se também que se a venda for via site você terá 30 dias para escolher entre ficar ou devolver sem ter que dar nenhuma explicação ao vendedor. Isso está garantido em Lei pelo Código de Defesa do Consumidor.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Meu site: www.irregular.com.br