E AÍ? VAMOS CELEBRAR A IMPUNIDADE?

"A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral."

Marquês de Maricá

O abuso de poder neste país já não mais me surpreende, mas a deformidade gradual da consciência moral e a ética, isto sim! Sabe-se lá o que se passa na cabeça dos homens que se vangloriam da imunidade, e se julgam desta forma, os “intocáveis”?

Qual o exemplo de luta que vou deixar como veredicto ou herança para os meus filhos? Não permitirei sequer imaginar na frente deles a dizer: ___Papai errou, mais só um pouquinho, não carece de nenhuma preocupação, foi uma coisinha à toa. Apenas desviei uns "milhõezinhos" que não vão fazer falta a ninguém! Até porque fui solidário e os dividi proporcionalmente com minha "trupe", sabe como é manter os "situacionistas juramentados" e não dar motivos para a oposição? Afinal, "aos amigos tudo e aos inimigos os rigores da lei", eis a tônica.

Ora, sou radical, pois aquele que rouba o meu queijo e envenena o meu pão, não merece perdão! Que país é este? Onde a ambição desperta a loucura pelo “dinheiro fácil” e contamina a boa política transformando-a num "oásis" da subversão? Que nação deixa imperar esta ausência de compromisso e, principalmente, no que repreendo, a inexistência inequívoca de “amor próprio” e a fé em Deus?

Pense como é a vida num município pobre, com tantas mazelas, governado por um demagogo ou um arrogante político, ou as duas coisas. Onde a malversação do erário público e os atos de corrupção resultam numa triste e visível realidade e na revolta geral.

O personagem insano, por sua vez, tenta e, de qualquer maneira, impor uma figura fraterna através do falso discurso e, demagogicamente acha perfeitamente legal iludir o sofrido e pobre povo. Aproveita-se cinicamente da simplicidade de alguns, da humildade estampada nas frontes daqueles que sequer tem o que comer.

Estão desempregados, Excelência! Não tem para onde fugir. São milhares de sem-teto, descamisados, que também não tem acesso a lazer, nem políticas públicas e saúde de qualidade, sem falar nas obras de infra-estrutura, uma rua pavimentada, coleta domiciliar do lixo, esgotamento sanitário, água potável ou quem sabe um digno banheiro num apertado cômodo de um simples barraco. Estes mesmos que "de barriga vazia" perdem a esperança e se deixam levar inconscientemente por muitas promessas vãs, pelos tapinhas nas costas e aquele inquietante sorriso amarelo.

São habitantes diariamente acometidos do que considero como um “karma” tipicamente nacional, inclusive, à época da campanha pelo voto, nas reuniões e visitas em domicílios, principalmente, e não o seria de todo diferente, nos bairros periféricos, estes mais estrategicamente esquecidos.

O pior é saber que esta maldita corrupção prolifera como um câncer, comprometendo, escravizando, machucando e, sobretudo, sepultando valores pontuais e aquilo que se apresenta como valor maior: a dignidade. Tal condição corrói abruptamente o autêntico sentimento de "brasileiros e brasileiras", cidadãos e cidadãs, trabalhadores e trabalhadoras incansáveis e, que já estão se acostumando infelizmente com as mesmas dificuldades enfrentadas. São vítimas indefesas da hipocrisia, do descaso e do "populismo" intransigente neste "holocausto" velado, cujos campos de concentração se espalham através dos bolsões de miséria por todo o país.

E alguns poucos, quando o assunto é corrupção, estranhamente admitem: Tem dinheiro na parada e não vai dar em nada! Aliás, eleitor é prá isso mesmo, "nois usa e abusa e tá tudo certo!" Ledo engano! Outros, que mamam nas tetas do governo seja este federal, estadual ou municipal, desabafam: “Ó coitado!”, o “homi” foi injustiçado minha gente! Somente serviu como “boi de piranha”. É inocente até debaixo d'água (se ficar por alguns segundos, certamente se afoga). Um gestor inexperiente, sabendo-se que é a primeira vez que detém um cargo eletivo, achamos que ele se distraiu e, enganou feio. Estão propositalmente querendo acabar com a imagem do “todo-poderoso”, ele é um ser imaculado, portanto, inocente.

Mas, por outro lado, alguns idealistas, otimistas e audaciosos que não fogem à regra, alegam que já ouviram dizer nas esquinas da cidade que supostamente alguém realmente "pôs a mão na cumbuca!”. E não estou apto a dizer quem o fez, até porque só a justiça tem essa propriedade de investigação e se provado a posterior punibilidade judicial. Doa a quem doer!

Mas, o mais triste mesmo é ouvir aquele famoso e quão peculiar jargão do “rouba, mas faz!”. Isto me soa de forma repugnante, pejorativa, dado ao inexpressivo momento em que vivemos. Como se tudo que um administrador tenha por obrigação fazer, não seja nada mais que o sentido do próprio mandato outorgado legitimamente através do voto do eleitor, numa tão expressiva e tocante responsabilidade.

Agora muito mais difícil é quando se rouba e não se faz! Entende-se que o pecado é maior, a pena mais severa. Porque roubar, minha gente, não é correto! Contraria os Dez Mandamentos, bem como os nobres ensinamentos que nos foram transmitidos desde a tenra infância por nossos queridos pais e avós.

Há, contudo, uma transparente afirmação que simboliza algo filosoficamente interessante: a Verdade absoluta! Não é nem um pouco sensato deixar que a emoção suplante a razão, e que apaixonados sejam impelidos a abandonar o senso do que seja certo e errado, apenas por uns míseros reais a serem depositados num bolso sem fundos.

Faz-se, ideologicamente necessário entendermos que “políticos passam e nações sobrevivem” e, talvez os algozes do presente sejam os condenados num futuro bem próximo. Isto não soa apenas como uma afirmação, mas justamente o que se entende quando se rouba de maneira sórdida, sagaz e inescrupulosa um povo que somente quer sobreviver e fazer valer seu direito amplo e deveras constitucional.

Neste caso, em especial, o castigo é infalível, uma vez que a incoerência e a insensatez produzem a completa miséria alheia. Imprescindível salientar, entretanto, que se a proteção divina não "vira as costas" para àquele que é vigilante e temente a Deus, o mesmo não se aplica aos que segregam através de pactos “malditos” a permanência no poder e, ironicamente fustigam, humilham, desfazem dos menos favorecidos, e nas dependências de "terreiros" em rituais satânicos “acendem uma vela a Deus e duas ao diabo”.

Que seja convocado então o Capitão Nascimento, ele e sua tropa incorruptível, austera, intocada, respeitada e temida. Que estes "homens de preto" se comprometam no exorcismo do "espírito ruim" que silente e nefasto teima em nos assombrar. Que a justiça seja feita através dos brados insistentes do capitão nas intrigantes palavras de ordem: ___Pede prá sair!... Pede prá sair!

Pirapora/MG, 26 de novembro de 2009.