Entre a vontade e o desejo...
Entre a vontade e o desejo...
Acredito sim que há uma sutil diferença entre ter vontade de algo, ou desejar que aquilo te pertença, em toda amplitude da palavra.
Ter vontade de alguma coisa é algo distante, podemos ter vontade de viajar, de visitar alguém, de trocarmos de carro, de comprarmos um objeto visto em algum lugar ou até mesmo de fazer alguma coisa que nos traga satisfação pessoal.
Já o desejo é latente, incomoda, perturba, nos faz sair em busca de algo que nos atrai, inevitavelmente, quando o desejo se manifesta em toda sua plenitude, dificilmente poderemos medir os atos, repensar os fatos, darmos ouvido à razão.
O desejo geralmente nos desperta para o novo, para conquistas inesperadas, às vezes desejamos algo de forma tão intensa que nos tornamos reféns desse desejo. Isso se aplica a diversas situações do nosso dia a dia, fazer algo com vontade é diferente de fazer com desejo.
Realizar uma tarefa com vontade é ir até um determinado limite de aplicação, à vontade nos move, é evidente, mas nos move até certa altura, não nos permite avançar sobre determinados paradigmas, não nos leva muito além do que já fomos ou nos propomos a chegar. Já o desejo tem algo a mais, nos faz ultrapassar os limites, quebrar tabus, nos faz ignorar o medo.
A vontade é algo mais contido, mais ligado a realizações pessoais, bens de consumo e coisas materiais. Enquanto o desejo está mais ligado à carne, aos impulsos pessoais, distinguindo atos do cotidiano como a diferença entre abraçar com vontade e abraçar com desejo, com paixão.
Por fim os sentimentos se relacionam entre si, mas com diferenças distintas, já que o amor combina mais com a vontade, enquanto a paixão está intimamente ligada ao desejo, pode haver amor sem desejo, mas jamais haverá desejo sem paixão.
Cabe a cada um de nós, conduzirmos esses sentimentos, ora mesclando, ora mantendo uma distancia saudável entre o que amamos e pelo que estamos apaixonados, entre o que poderemos fazer apenas por vontade e o que obrigatoriamente faremos por desejo, cada um deve estabelecer suas condutas, seus procedimentos, para que saiba distinguir cada uma dessas situações.
À vontade e o desejo andam lado a lado, por vezes até chegamos a confundi-los, mas há sim uma diferença entre ambas, basta que tenhamos o mínimo de discernimento para sabermos em que situação poderá usar cada um deles, nos permitindo assim dosar ou conter cada um desses sentimentos, diferentes entre si, mas que poucos conseguem perceber essa sutil diferença.
Adilson R. Peppes.