Honra e Raça - Semana da Consciência Negra
Honra e Raça
Para ser sincera sempre vivi entre pessoas cheias de discriminações diversas. As pessoas que me cercavam não costumavam respeitar a minoria. De minha parte já sofri discriminação por não ter cor definida, por ser mulher, por ser gorda, por ser evangélica e por aí vai.
Hoje não me importo muito com o que as pessoas pensam sobre mim. Isto, no entanto, não me exclui da responsabilidade de defender minhas idéias e convicções. E também não me impede de lutar pelas pessoas ditas diferentes pela maioria.
Vejo que a questão racial é muito mal resolvida. Muitos afrodescendentes se legitimam como descendentes de índios e se autodenominam morenos fugindo do estigma de mulato que atemoriza a Sociedade. E não estou falando de pessoas detentoras de uma situação favorável quanto ao aspecto financeiro. Estou falando de pobres, que é o que conheço, afinal também sou uma das desfavorecidas da Sociedade.
Alguns anos atrás passei a fazer parte de Projeto Social para afrodescendente, Indígenas e pobres, a EDUCAFRO, como colaboradora e depois como Educadora, minhas atividades foram até o meu acidente em 2007, quando parei de andar.
Como professora de Cidadania, minha maior dificuldade era a de convencer as pessoas de que somos iguais e que devemos ter direitos iguais. Isto até pode ser incoerente para alguém que trabalha em Instituições Sociais que defendem o sistema de cotas. No entanto, veja bem, as pessoas que detêm o poder financeiro tem facilidades mil de acesso a Educação de melhor qualidade e com isto conseguem estar preparadas para enfrentar o Vestibular e conseguir ingressar numa Universidade Federal, por exemplo, assim, pessoas que como eu, concluíram os estudos depois da idade elementar e em sistema de suplência, com certeza terão menores chances de continuar os estudos.
Então, embora eu acredite que somos todos iguais, vejo que as chance são sim diferentes para aqueles que nasceram com o bolso raso. Assim, defendo sim sistema de cotas para os mais pobres e para os negros e indígenas. Embora exija que haja um esforço maior da parte dos professores e políticos para que o estudo na periferia seja o melhor possível.
Esta na hora de nós trabalharmos em favor daqueles que virão depois de nós. Afinal, se as coisas tivessem mudado antes, hoje nossa situação seria diferente.
E claro que não somos minoria, como alegam os que são contra o sistema de cotas e outros programas sociais existentes no Brasil. Somos a maioria, mas nosso dinheiro é pouco e é o vil metal quem manda no mundo.
Infelizmente.
Depois do acidente acabei entrando em mais um índice de minoria – sou deficiente físico, uso muletas e tenho dificuldades até para entrar num ônibus hoje, mas tenho orgulho de quem sou e defendo meus ideais com honra e raça.
Não abro mão do que acredito. Sou contra a exploração humana, contra todo o tipo de violência e discriminação e onde puder, minhas atitudes gritarão contra as agressões do homem pelo homem.
Afinal, o Havaí é aqui...
Elisabeth