Quanto custa um Policial Militar? Quanto vale um Cidadão?
Não! Não espere que venhamos aqui desfiar um enorme rosário de razões para pagar um bom salário a um Soldado da Brigada Militar. Do mesmo modo, não vamos desfiar o batido rosário sobre os colossais salários pagos à classe política neste país, nem da discrepância entre eles o salário mínimo. Vamos falar de algo mais simples: QUANTO CUSTA O TRABALHO DE UM SOLDADO? (para o Soldado)
Faz tempo que o PM gaúcho vem sofrendo uma defasagem gigantesca em seus vencimentos. O próprio governo admite isto sem questionar. Mas também se defende atrás da barreira do que considera “sustentável”, e “possível de pagar” a uma categoria com uma quantidade tão grande de servidores, e que gera um impacto de milhões a cada real de aumento em seus vencimentos. Ocorre que dentro deste binômio, necessidade/possibilidade, está havendo um lapso imperdoável: Segurança Pública tem um preço incalculável.
E parece que a estratégia do Governo do RS tem sido utilizar o viés do liceu militar para estancar as os gemidos sobre as dores salariais de uma categoria judiada pela queda violenta de qualidade de vida. E não gostaríamos nada de acreditar que se trata de uma “esperta manobra” essa cencessão de gratificações e aumentos de salário às “classes gestoras” da corporação como “estímulo” para “controlar a tropa descontente”, que é hierarquicamente subordinada, pois certamente seria uma prática desumana e imoral. Mas nem de longe queremos imaginar uma coisa dessas, não é mesmo?
Podemos tomar como exemplo uma obra pública, onde a segurança estrutural de uma edificação envolve riscos à vida e integridade de pessoas. Precisa-se saber que ela tem um CUSTO MÍNIMO de operatividade, de qualidade de material e mão-de-obra. Não é por se ter limitação em caixa que se DESTINA VERBA INSUFUCIENTE, ou se compra material de baixa qualidade, tão pouco se contratam profissionais não qualificados para o planejamento e execução. HÁ UM LIMITE, e esse limite é conhecidamente respeitado.
... Pois bem, o limite já foi ultrapassado quando falamos de algo sensível como a SEGURANÇA DA SOCIEDADE, que está sendo “paleteada” nas ruas, pelos ombros já estreitos, mal alimentados e mal dormidos dos PMs, que há tempos vêm dobrando turnos em “empregos alternativos”, a fim de complementarem suas rendas e sustentarem seus filhos, que outrora, foi um direito de qualquer cidadão.
Mas não sejamos hipócritas: Não há serviço neste país com um grau mais elevado de risco do que o de um soldado Brigadiano. Risco de morte, risco de trauma permanente, risco de punições arbitrárias e de acusações infundadas por qualquer pessoa mal-intencionada, o que gera seu afastamento de funções e de boa parte de seus proventos, ainda que inocente. Mesmo quando é absolvido o PM, os custos de sua defesa (por ele pagos) não são restituídos por ninguém!
Esses riscos, senhores, são pagos por um salário mais baixo do que o de um motorista, cobrador de ônibus, ou vigilante.
Pois bem... É neste ponto que pode afirmar-se sem muito medo de errar: A “estrutura da obra” está comprometida sim; MAS O RISCO ESTÁ SENDO CORRIDO É PELA SOCIEDADE como um todo, que está sendo protegida por um policial desprotegido, com auto-estima profundamente abalada, e desprestigiado pela própria sociedade, por ter de vender sua dignidade por meia dúzia de reais, oferecendo segurança privada (atividade que lhe é vedada por lei!) ao comércio. Talvez também devesse ser vedado ao Policial Militar, e por lei, ter filhos que necessitem de roupas, escolas, brinquedos e comida.
Não se pode negar. A SOCIEDADE ESTÁ NA MÃO DESSES PMs, quer queiramos ou não, até que algo mais eficiente que eles, para garantir a segurança pública, seja inventado (e será?).
Portanto, cabe ao governo prever que se um servidor de confiança tem uma faixa salarial compatível com sua responsabilidade, bem como qualquer outro servidor público, é conclusivo e óbvio que a sociedade e o governo vêm contando com um Brigadiano que trabalha praticamente por nada, calcado na boa vontade e garra dessas mulheres e homens que atuam muito mais por amor à camiseta do que por qualquer outra razão.
Mas acreditem: A “Boa Vontade” está chegando ao fim. Cães, mesmo que fiéis, quando famintos, não são boas companhias para crianças indefesas. Do mesmo modo homens armados com a dignidade ferida, com sono, cansados física e moralmente, não são boa companhia para cidadãos à espera do que têm direito: Segurança.
Se o Estado não pode prever isso, ninguém mais pode. Podem pagar milhões aos “Deuses e Generais” da Brigada Militar para que calem todos os Soldados Brigadianos que recebem o pior salário do Brasil em troca de suas vidas e dedicação. Mas não poderão gerenciar os problemas gravíssimos que a sociedade virá a sofrer por esta prática imprudente de “Economizar na Segurança da comunidade gaúcha”.
Ao fim de tudo, não se deve esquecer: Eles todos, inclusive os Brigadianos, são eleitores também.
Porto Alegre, 15 de Agosto de 2009
.:|Ricardo Vieira|:.
Não! Não espere que venhamos aqui desfiar um enorme rosário de razões para pagar um bom salário a um Soldado da Brigada Militar. Do mesmo modo, não vamos desfiar o batido rosário sobre os colossais salários pagos à classe política neste país, nem da discrepância entre eles o salário mínimo. Vamos falar de algo mais simples: QUANTO CUSTA O TRABALHO DE UM SOLDADO? (para o Soldado)
Faz tempo que o PM gaúcho vem sofrendo uma defasagem gigantesca em seus vencimentos. O próprio governo admite isto sem questionar. Mas também se defende atrás da barreira do que considera “sustentável”, e “possível de pagar” a uma categoria com uma quantidade tão grande de servidores, e que gera um impacto de milhões a cada real de aumento em seus vencimentos. Ocorre que dentro deste binômio, necessidade/possibilidade, está havendo um lapso imperdoável: Segurança Pública tem um preço incalculável.
E parece que a estratégia do Governo do RS tem sido utilizar o viés do liceu militar para estancar as os gemidos sobre as dores salariais de uma categoria judiada pela queda violenta de qualidade de vida. E não gostaríamos nada de acreditar que se trata de uma “esperta manobra” essa cencessão de gratificações e aumentos de salário às “classes gestoras” da corporação como “estímulo” para “controlar a tropa descontente”, que é hierarquicamente subordinada, pois certamente seria uma prática desumana e imoral. Mas nem de longe queremos imaginar uma coisa dessas, não é mesmo?
Podemos tomar como exemplo uma obra pública, onde a segurança estrutural de uma edificação envolve riscos à vida e integridade de pessoas. Precisa-se saber que ela tem um CUSTO MÍNIMO de operatividade, de qualidade de material e mão-de-obra. Não é por se ter limitação em caixa que se DESTINA VERBA INSUFUCIENTE, ou se compra material de baixa qualidade, tão pouco se contratam profissionais não qualificados para o planejamento e execução. HÁ UM LIMITE, e esse limite é conhecidamente respeitado.
... Pois bem, o limite já foi ultrapassado quando falamos de algo sensível como a SEGURANÇA DA SOCIEDADE, que está sendo “paleteada” nas ruas, pelos ombros já estreitos, mal alimentados e mal dormidos dos PMs, que há tempos vêm dobrando turnos em “empregos alternativos”, a fim de complementarem suas rendas e sustentarem seus filhos, que outrora, foi um direito de qualquer cidadão.
Mas não sejamos hipócritas: Não há serviço neste país com um grau mais elevado de risco do que o de um soldado Brigadiano. Risco de morte, risco de trauma permanente, risco de punições arbitrárias e de acusações infundadas por qualquer pessoa mal-intencionada, o que gera seu afastamento de funções e de boa parte de seus proventos, ainda que inocente. Mesmo quando é absolvido o PM, os custos de sua defesa (por ele pagos) não são restituídos por ninguém!
Esses riscos, senhores, são pagos por um salário mais baixo do que o de um motorista, cobrador de ônibus, ou vigilante.
Pois bem... É neste ponto que pode afirmar-se sem muito medo de errar: A “estrutura da obra” está comprometida sim; MAS O RISCO ESTÁ SENDO CORRIDO É PELA SOCIEDADE como um todo, que está sendo protegida por um policial desprotegido, com auto-estima profundamente abalada, e desprestigiado pela própria sociedade, por ter de vender sua dignidade por meia dúzia de reais, oferecendo segurança privada (atividade que lhe é vedada por lei!) ao comércio. Talvez também devesse ser vedado ao Policial Militar, e por lei, ter filhos que necessitem de roupas, escolas, brinquedos e comida.
Não se pode negar. A SOCIEDADE ESTÁ NA MÃO DESSES PMs, quer queiramos ou não, até que algo mais eficiente que eles, para garantir a segurança pública, seja inventado (e será?).
Portanto, cabe ao governo prever que se um servidor de confiança tem uma faixa salarial compatível com sua responsabilidade, bem como qualquer outro servidor público, é conclusivo e óbvio que a sociedade e o governo vêm contando com um Brigadiano que trabalha praticamente por nada, calcado na boa vontade e garra dessas mulheres e homens que atuam muito mais por amor à camiseta do que por qualquer outra razão.
Mas acreditem: A “Boa Vontade” está chegando ao fim. Cães, mesmo que fiéis, quando famintos, não são boas companhias para crianças indefesas. Do mesmo modo homens armados com a dignidade ferida, com sono, cansados física e moralmente, não são boa companhia para cidadãos à espera do que têm direito: Segurança.
Se o Estado não pode prever isso, ninguém mais pode. Podem pagar milhões aos “Deuses e Generais” da Brigada Militar para que calem todos os Soldados Brigadianos que recebem o pior salário do Brasil em troca de suas vidas e dedicação. Mas não poderão gerenciar os problemas gravíssimos que a sociedade virá a sofrer por esta prática imprudente de “Economizar na Segurança da comunidade gaúcha”.
Ao fim de tudo, não se deve esquecer: Eles todos, inclusive os Brigadianos, são eleitores também.
Porto Alegre, 15 de Agosto de 2009
.:|Ricardo Vieira|:.